Motivos mais que evidentes para não condenar Louçã
Ando longe, bem sei. Mas não ando distraído, não pensem! Anda meia-blogosfera envolvida num vórtice estranho. Uma voragem transversal que consegue unir a direita portuguesa a homossexuais em defesa de... Paulo Portas?! Tudo por conta da frase de Francisco Louçã no debate na Sic-Notícias. Será?
Sinceramente, é para mim claro que o que empolou esta questão não foi a frase em si. Tal como o João tão bem argumenta aqui (subscrevo inteiramente, João, não fossem os esqueletos no armário e nada disto seria interpretado desta forma). Mas torna-se ainda mais evidente uma outra questão. Anda a esquerda adormecida, enleada em redes de modernismo, tolerância e politicamente correcto. Uma xaropada, portanto.
Habituou-se tanta gente a ver em Louçã o político-académico, o mestre da argumentação, o único político português actual com um discurso com verdadeiro substrato, onde até a forma é de superior qualidade. Habituaram-se todos a vê-lo assim e mais: como o político que nunca chegaria a lado nenhum, mais um eterno-candidato, à imagem dos Garcias Pereiras que ainda vamos tendo nos sobreviventes dos partidos de esquerda do pós-25 de Abril. Mas agora é diferente, não é? Louçã surge cada vez mais como um líder político bem visto junto da população. E não é possível dizer que o projecto do Bloco de Esquerda não tenha sido, até agora, um absoluto sucesso.
Tudo isto para dizer que se esqueceu muita gente que Louçã é, antes de mais, um ser humano. Um ser humano que, sendo afrontado por um adversário que se julga (talvez algum dia alguém me explique em que se baseia essa presunção...) superior moralmente a todos os outros, assim uma espécie de modelo de virtudes a seguir pelos bons e cumpridores cidadãos portugueses, sendo, como dizia, afrontado de forma violenta, demagógica e aviltante numa das principais convicções que o seu partido defende (ou anda tudo surdo e não ouviram o Paulo Portas a tecer a considerações em que aborto e assassinato se misturavam, sinónimos de ocasião ao serviço de um discurso moralista e atentatório das liberdades cívicas portuguesas?!), simplesmente reagiu - e de forma serena, como sempre fala. Louçã mostrou nesses segundos porque é o político mais interessante da esquerda que temos - porque foi o único a verdadeiramente perceberqual a forma de fugir à teia da direita no nosso tempo; mantendo um nível elevado de discurso na generalidade do tempo, não ter medo de mostrar, quando preciso, que se sabe responder da mesma forma violenta e rasteira que eles próprios têm vindo a utilizar. E ser igualmente (ou mais) certeiro que eles próprios. Manter os adversários permanentemente em sentido, pois sabem que não têm pela frente mais um rapazinho simpático idealista.
Sinceramente, é para mim claro que o que empolou esta questão não foi a frase em si. Tal como o João tão bem argumenta aqui (subscrevo inteiramente, João, não fossem os esqueletos no armário e nada disto seria interpretado desta forma). Mas torna-se ainda mais evidente uma outra questão. Anda a esquerda adormecida, enleada em redes de modernismo, tolerância e politicamente correcto. Uma xaropada, portanto.
Habituou-se tanta gente a ver em Louçã o político-académico, o mestre da argumentação, o único político português actual com um discurso com verdadeiro substrato, onde até a forma é de superior qualidade. Habituaram-se todos a vê-lo assim e mais: como o político que nunca chegaria a lado nenhum, mais um eterno-candidato, à imagem dos Garcias Pereiras que ainda vamos tendo nos sobreviventes dos partidos de esquerda do pós-25 de Abril. Mas agora é diferente, não é? Louçã surge cada vez mais como um líder político bem visto junto da população. E não é possível dizer que o projecto do Bloco de Esquerda não tenha sido, até agora, um absoluto sucesso.
Tudo isto para dizer que se esqueceu muita gente que Louçã é, antes de mais, um ser humano. Um ser humano que, sendo afrontado por um adversário que se julga (talvez algum dia alguém me explique em que se baseia essa presunção...) superior moralmente a todos os outros, assim uma espécie de modelo de virtudes a seguir pelos bons e cumpridores cidadãos portugueses, sendo, como dizia, afrontado de forma violenta, demagógica e aviltante numa das principais convicções que o seu partido defende (ou anda tudo surdo e não ouviram o Paulo Portas a tecer a considerações em que aborto e assassinato se misturavam, sinónimos de ocasião ao serviço de um discurso moralista e atentatório das liberdades cívicas portuguesas?!), simplesmente reagiu - e de forma serena, como sempre fala. Louçã mostrou nesses segundos porque é o político mais interessante da esquerda que temos - porque foi o único a verdadeiramente perceberqual a forma de fugir à teia da direita no nosso tempo; mantendo um nível elevado de discurso na generalidade do tempo, não ter medo de mostrar, quando preciso, que se sabe responder da mesma forma violenta e rasteira que eles próprios têm vindo a utilizar. E ser igualmente (ou mais) certeiro que eles próprios. Manter os adversários permanentemente em sentido, pois sabem que não têm pela frente mais um rapazinho simpático idealista.