Os melhores ao vivo em Portugal
Ontem, tive a oportunidade de, pela quarta vez, assistir a um concerto dos Blasted Mechanism. Não é música dita erudita; não é música romântica; não é música particularmente melodiosa. Mas é impossível ficar quieto a assistir a um concerto destes! E é um espectáculo para se VER. Primeiro que tudo, pelos fatos utilizados. Desde 1997 que os Blasted se afirmaram como uma banda de marcado cariz visual, com fatos, de início, de inspiração étnica, numa versão mais cuidada dos "modernos primitivos" de que falava um documentário da SIC há uns anos (um amigo chama-lhes "os fatos de gafanhotos", eu cá prefiro achar que eram lulas aquilo que eles tinham na cabeça), mais tarde evoluindo a sua própria imagem ao ritmo da evolução sonora por que passaram. A seguir aos fatos de imagem bio-mecânica (afinal, nada mais que uma espécie de evolução para umas lulas biónicas, cibernéticas, futuristas), os Blasted Mechanism evoluíram para a imagem actual, onde surgem como personagens de outro planeta. Para além da complexidade intrínseca dos próprios fatos, permitindo que o desnudar dos artistas ao longo do espectáculo nunca mostre mais do que, afinal, um outro fato que subjaz ao removido, também o simbolismo destes ganhou nova dimensão. Mesmo os 2 elementos que tocam ao vivo com os Blasted Mechanism apresentam imagens que tanto nos transportam para o Metropolis de Fritz Lang, como para o imaginário de Bosch.
Paralelamente, a criação de uma cosmogonia completa, baseada na ideia da "expansão do universo", apesar de não ser nova, é algo muito interessante de ver explorado. Até ao nível da criação de um dialecto próprio.
Apesar da média de idades ser muito, mas mesmo muito baixa, o concerto esteve animado desde o primeiro momento. O público estava, de facto, à espera, já sabíamos o que ia ali acontecer. E não saímos defraudados. Karkov conseguiu comandar as hostes como sempre, pondo-nos a pular e a acompanhá-lo nos movimentos de braços, nos gritos de Nadabrovitchka! Valdjiu estava imparável, sempre a saltar pelo palco fora, com movimentos muito bem ritmados, a puxar pelo público com o seu bamboleco. Ficou-lhe muito bem ter levado pela mão aquela menina de 2 anos que alguém pôs em cima do palco, para ela ir conhecer Karkov, que estava em pleno palco a preparar-se para tomar de assalto novamente a multidão. Foi bonito de ver, o ar surpreendido de Karkov. E a ternura com que olhou para a miúda, que olhava para ele espantada com tão inusitada figura.
Ary estava particularmente divertido, a provocar a assistência em frente a si.
Gritou-se muito. Saltou-se ainda mais. Acho que o suor que dispendi enchia meio Castelo de Bode! Mas o público estava com os Blasted Mechanism. Foi deles para fazerem o que quisessem. E o toque final foi a vinda de Karkov para o meio do público, onde foi imediatamente envolvido, perdendo-se de vista. Ao reaparecer, suportado pela multidão, já a sua máscara lhe tinha sido arrancada e Karkov assumia-se, pelo primeira vez num concerto a que eu tenha assistido, sem qualquer tipo de máscara perante o público, segurando aquela que tinha sido durante mais de uma hora a sua cara!
Mostraram, definitivamente, que são, neste momento, a melhor banda portuguesa ao vivo!
E depois...
Bom, depois do encore, o concerto acabou mesmo. Com o público ainda a pedir mais. Mas a única coisa que surgiu em palco foi aquela espécie de mestre de cerimónias com entoação típica de locutor de carrinhos-de-choque, a dizer para "termos uma boa noite, mandarmos uma queca e não fumarmos droga"!
Como ia com um amigo e visto não nutrirmos um pelo outro sentimentos libidinosos, achámos que, se não seguíamos um conselho, também não seguiríamos o outro!
Paralelamente, a criação de uma cosmogonia completa, baseada na ideia da "expansão do universo", apesar de não ser nova, é algo muito interessante de ver explorado. Até ao nível da criação de um dialecto próprio.
Apesar da média de idades ser muito, mas mesmo muito baixa, o concerto esteve animado desde o primeiro momento. O público estava, de facto, à espera, já sabíamos o que ia ali acontecer. E não saímos defraudados. Karkov conseguiu comandar as hostes como sempre, pondo-nos a pular e a acompanhá-lo nos movimentos de braços, nos gritos de Nadabrovitchka! Valdjiu estava imparável, sempre a saltar pelo palco fora, com movimentos muito bem ritmados, a puxar pelo público com o seu bamboleco. Ficou-lhe muito bem ter levado pela mão aquela menina de 2 anos que alguém pôs em cima do palco, para ela ir conhecer Karkov, que estava em pleno palco a preparar-se para tomar de assalto novamente a multidão. Foi bonito de ver, o ar surpreendido de Karkov. E a ternura com que olhou para a miúda, que olhava para ele espantada com tão inusitada figura.
Ary estava particularmente divertido, a provocar a assistência em frente a si.
Gritou-se muito. Saltou-se ainda mais. Acho que o suor que dispendi enchia meio Castelo de Bode! Mas o público estava com os Blasted Mechanism. Foi deles para fazerem o que quisessem. E o toque final foi a vinda de Karkov para o meio do público, onde foi imediatamente envolvido, perdendo-se de vista. Ao reaparecer, suportado pela multidão, já a sua máscara lhe tinha sido arrancada e Karkov assumia-se, pelo primeira vez num concerto a que eu tenha assistido, sem qualquer tipo de máscara perante o público, segurando aquela que tinha sido durante mais de uma hora a sua cara!
Mostraram, definitivamente, que são, neste momento, a melhor banda portuguesa ao vivo!
E depois...
Bom, depois do encore, o concerto acabou mesmo. Com o público ainda a pedir mais. Mas a única coisa que surgiu em palco foi aquela espécie de mestre de cerimónias com entoação típica de locutor de carrinhos-de-choque, a dizer para "termos uma boa noite, mandarmos uma queca e não fumarmos droga"!
Como ia com um amigo e visto não nutrirmos um pelo outro sentimentos libidinosos, achámos que, se não seguíamos um conselho, também não seguiríamos o outro!