sexta-feira, julho 16, 2004

Designação corporativista

Entre os 80 (!) novos cursos no Ensino Superior para o próximo ano lectivo, o Ministério da Ciência e do Ensino Superior autorizou a abertura do curso de bacharelato em "Enfermagem Veterinária", no Instituto Politécnico de Viseu.

Sinceramente, acho estranho que, em plena implantação dos pressupostos de Bolonha, onde, como é sabido, o nível de bacharelato é suprimido, ainda existam instituições de ensino superior em Portugal que se propõem abrir cursos de bacharelato e, mais ainda, que o Ministério responsável autorize a abertura dos mesmos.

Mas não é disso que queria falar. O facto é que a abertura deste curso desagradou a Augusta Sousa, bastonária da Ordem dos Enfermeiros. "A enfermagem baseia-se numa relação interpessoal, entre um enfermeiro e uma pessoa. Entendemos a necessidade de formação de técnicos na área da veterinária para darem apoio, mas chamar-lhe enfermagem é adulterar o que entende da profissão", diz a senhora. Pessoalmente, acho que enfermagem é, acima de tudo uma actividade entre um profissional formado para a prestação de cuidados a doentes. Doentes, não propriamente pessoas. Assim sendo, porque é que alguém que faz serviço de enfermagem a animais não pode ser chamado de enfermeiro? É de saudar é a existêcia de formações específicas na área, não criticar a designação. Ou a senhora bastonária acha que é indigno ser colega de profissão de pessoas cujos serviços desempenhados são iguais aos dos profissionais por si representados, mas com a diferença de serem aplicados a animais?