terça-feira, setembro 07, 2004

Contar pela manhã as feridas de amor como se de guerra se tratassem

Dizia eu aqui há uns dias que não cabe à realidade realizar os nossos desejos. Pois. Pois não. E ainda bem, por vezes! Porque se a realidade me tivesse realizado os últimos desejos não te teria encontrado. Ou tu não serias tu. Eras exactamente o contrário daquilo que eu queria. Daquilo que gostaria de ter. Mas isso só te deu um maior encanto.

Ensinaste-me muita coisa. Sobretudo a desconfiar das aparências. E humildade. Muita. Porque percebi que muito daquilo que tinha como certezas não eram mais que ilusões. Fantasias de um miúdo que se achava muito adulto. Mas também me mostraste com a tua juventude que é-me possível ser feliz de forma infantil. Que nem tudo está perdido, para essa criança que é suposto andar algures aqui dentro.

Desde o início que sabíamos que seria curto. Pelo menos, até à próxima vez que nos cruzássemos. Que, pelos vistos, pode até nem vir a ser daqui a tanto tempo assim, não é? Falta-me o teu sorriso, o dos teus lábios e o dos teus olhos. Falta-me alguém a saltitar à minha volta, a querer estar sempre do lado direito, com justificações com tanto de históricas como de contos de fadas. Faltam-me as tuas unhas cravadas nas minhas costas. As tuas dentadas nos meus ombros. O teu prazer que parece dor. Contar pela manhã as feridas de amor como se de guerra se tratassem. E falta-me o teu ar de bebé rabugento na manhã seguinte. Falta-me a tua luz, unindo dois pontos tão distantes, duas margens, dois lados de uma mesma história. Não há futuro para nós. Apenas aquele que o Futuro nos queira trazer. Até à próxima!