sexta-feira, fevereiro 04, 2005

Aquela triste e leda madrugada

Falas-me de cartas inexistentes, inacabadas, rasgadas. De ansiedades, expectativas e solidão. De como seria se... Das pequenas coisas quotidianas que ganham para nós um valor tão especial, fruto do acaso e de uma conjuntura que nos escapa ao controlo, nos traz numa constante alegria triste, numa impotência que tenta constantemente desfazer aquilo que, apressadamente, construímos para lhe resistir.

Falas-me de ti, mas também falas de mim. Presumo que o calcules já, mas tudo aquilo que me dizes de ti, dos teus dias, das tuas tristezas, das tuas pequenas e febris alegrias, é aquilo por que passo. São minhas também essas angústias, esse sentimento de ausência constante, essa impressão constante de uma vida de maré vaza.

Aos poucos, vamos aprendendo a lidar com isso. Por sabermos o transitório que é este destino. Como todos. No meu caso, por saber que o contrário implicaria perdas demasiado grandes, cortes demasiado profundos e dores que dificilmente esqueceria. Por saber que te amo. E não troco isso pelo conforto de uma saída fácil.