Convictamente
Não partilho de alguns estados de mente que vários bloggers parecem atravessar. Nunca tive, pessoalmente, dúvidas de qual o quadrado em que farei a minha cruz no dia 20 de Fevereiro. Tal como não sofri com os rebates de consciência tendentes ao "voto útil", também não tive momentos de indecisão, nem sequer dentro "das esquerdas". Nunca votei CDU e dificilmente o faria, por diversos motivos. Primeiro, uma questão de "tradição" familiar (quem julga que isso não tem influência, anda muito iludido na vida), não tenho grandes antecedentes comunistas que me pudessem, eventualmente, influenciar nesse sentido. Segundo, por considerar que a CDU continua, de facto, colada à imagem da "esquerda-operária". O que não é, por si só, mau, antes pelo contrário! Provavelmente, o PC é o único partido português que pode ainda dizer que representa aquilo que sempre disse e quis representar. Infelizmente, creio que neste momento só representa mesmo isso, alcantilado que está em determinadas faixas eleitorais. Mas, realmente, operário é coisa que nunca fui, bem como grande parte da minha família. Terceiro, por, quase em simultâneo com a minha chegada à maioridade, surgir a alternativa de esquerda que o Bloco representa. Quarto, por me recusar a votar num partido que apresenta como Secretário-Geral um gajo com o nome do meu cágado!
Foi, realmente, uma feliz coincidência o facto do Bloco surgir quase ao mesmo tempo que eu começava a votar. Deu-me a possibilidade de votar onde queria, à esquerda do "Centrão", desse centro que dá guarida a elementos como José Lello, Jorge Coelho, José Lamego, Carlos Candal, Narciso Miranda, Santana Lopes, Morais Sarmento, José Luís Arnaut, Alberto João Jardim, João de Deus Pinheiro... I could go on forever. Mas creio que já perceberam a ideia.* Deu-me essa possibilidade sem ter de votar na CDU ou de cair num dos grupúsculos que continuam a subsistir à custa da militância empedernida de uns quantos crentes fervorosos na possibilidade de um regresso da "Mãe-Rússia do Komintern" ou da "Revolução Cultural do Grande Timoneiro". Ou seja, PCTP-MRPP, POUS e afins...
Além disso, o Bloco deu-me a possibilidade de votar num partido cujo programa me mostra abertura aos movimentos socio-culturais de vanguarda, espírito libertário e coragem para pegar nas bandeiras que todos os outros atiraram para o lixo (ou nunca chegaram a ter) ou que mostram envergonhadamente, quando a isso são obrigados. Um partido com coragem para propôr a ruptura como via de desenvolvimento. Ao contrário de alguns, eu não considero o voto no Bloco ou no PC como irresponsável ou desligado. Antes pelo contrário, considero essa uma posição arrogante. Não, eu não quero viver num país à moda americana, onde só existem dois partidos realmente importantes. Não, eu não quero ser sistematicamente forçado a escolher o "mal menor". Até porque eu tenho uma visão do desenvolvimento que não parte das políticas económicas. São importantes, claro que sim. Mas não creio que sejam elas o motor do desenvolvimento. Creio, antes, que é a evolução socio-cultural de um povo que o torna capaz de lidar com o tal "mercado global" e com as exigências de competitividade, competência e produtividade que exige. Não é um povo pisado, afastado das possibilidades de enriquecimento económico e cultural, com um sentimento generalizado de que a justiça, a saúde e a educação são "para os ricos", formigas incansáveis no seu dia-a-dia para alimentar uma soberana macrocéfala e, em última análise, parasitária, que vai ser capaz de levar este país a algum lado que não a bancarrota.
Além disso, é-me muito mais aliciante pensar quão grande seria a vitória se conseguíssemos eleger um deputado pelo meu círculo eleitoral!**
* Não incluí José Sócrates. Não que o tenha em grande conta, mas por achar que não pertence propriamente à mesma categoria dos referidos.
** É, sobretudo, aliciante a ideia de poder dizer daqui por uns meses que aquela deputada loira, giraça e inteligente que vos mete inveja, a todas aquelas carcaças podres, horrorosas que se arrastam pelos corredores do hemiciclo, que aquela deputada, como dizia, é "NOSSA"! ;-)
Foi, realmente, uma feliz coincidência o facto do Bloco surgir quase ao mesmo tempo que eu começava a votar. Deu-me a possibilidade de votar onde queria, à esquerda do "Centrão", desse centro que dá guarida a elementos como José Lello, Jorge Coelho, José Lamego, Carlos Candal, Narciso Miranda, Santana Lopes, Morais Sarmento, José Luís Arnaut, Alberto João Jardim, João de Deus Pinheiro... I could go on forever. Mas creio que já perceberam a ideia.* Deu-me essa possibilidade sem ter de votar na CDU ou de cair num dos grupúsculos que continuam a subsistir à custa da militância empedernida de uns quantos crentes fervorosos na possibilidade de um regresso da "Mãe-Rússia do Komintern" ou da "Revolução Cultural do Grande Timoneiro". Ou seja, PCTP-MRPP, POUS e afins...
Além disso, o Bloco deu-me a possibilidade de votar num partido cujo programa me mostra abertura aos movimentos socio-culturais de vanguarda, espírito libertário e coragem para pegar nas bandeiras que todos os outros atiraram para o lixo (ou nunca chegaram a ter) ou que mostram envergonhadamente, quando a isso são obrigados. Um partido com coragem para propôr a ruptura como via de desenvolvimento. Ao contrário de alguns, eu não considero o voto no Bloco ou no PC como irresponsável ou desligado. Antes pelo contrário, considero essa uma posição arrogante. Não, eu não quero viver num país à moda americana, onde só existem dois partidos realmente importantes. Não, eu não quero ser sistematicamente forçado a escolher o "mal menor". Até porque eu tenho uma visão do desenvolvimento que não parte das políticas económicas. São importantes, claro que sim. Mas não creio que sejam elas o motor do desenvolvimento. Creio, antes, que é a evolução socio-cultural de um povo que o torna capaz de lidar com o tal "mercado global" e com as exigências de competitividade, competência e produtividade que exige. Não é um povo pisado, afastado das possibilidades de enriquecimento económico e cultural, com um sentimento generalizado de que a justiça, a saúde e a educação são "para os ricos", formigas incansáveis no seu dia-a-dia para alimentar uma soberana macrocéfala e, em última análise, parasitária, que vai ser capaz de levar este país a algum lado que não a bancarrota.
Além disso, é-me muito mais aliciante pensar quão grande seria a vitória se conseguíssemos eleger um deputado pelo meu círculo eleitoral!**
* Não incluí José Sócrates. Não que o tenha em grande conta, mas por achar que não pertence propriamente à mesma categoria dos referidos.
** É, sobretudo, aliciante a ideia de poder dizer daqui por uns meses que aquela deputada loira, giraça e inteligente que vos mete inveja, a todas aquelas carcaças podres, horrorosas que se arrastam pelos corredores do hemiciclo, que aquela deputada, como dizia, é "NOSSA"! ;-)