terça-feira, junho 28, 2005

Da utilidade das belugas - anexo bibliográfico

"O contexto social e cultural em que vivemos é, por excelência, uma realidade nostálgica, rememorativa e recuperadora de elementos do passado. Trata-se de uma tendência transversal entre a cultura popular e a cultura dita erudita, demonstrada nos mais diversos campos. Do ressuscitar de uma imagética associada a roupas de inspiração retro à cultura da reciclagem musical – campo em que temos assistido, particularmente nos últimos anos, a fenómenos de colagem ao passado e recuperação de sonoridades e fórmulas claramente identificadas com épocas específicas (veja-se, a título de exemplo, recentes aproximações à estética dos anos 80) – ou numa maior importância mediática dada ao património histórico e cultural, associada também ao fenómeno de proliferação de núcleos museológicos e museus, vários são os indicadores que permitem afirmar que o Passado está na moda. Algures entre a necessidade humana de uma base de sustentação social suportada pela memória e a associação de realidades diversas num mesmo contexto (fruto da transitoriedade de uma realidade pós-moderna), a sociedade actual parece estruturar-se num referencial amplo, que possibilita e aceita a junção de elementos e realidades aparentemente díspares, na criação de um discurso conceptual ordenado.

É na criação e gestão destes novos discursos culturais (e/ou científicos) que a Museografia desempenha um papel cada vez mais importante, visto estabelecer parâmetros, linhas de trabalho que permitem dar coerência interna às mensagens, estímulos e provocações que se pretendem transmitir aos mais variados públicos (ou a determinados públicos específicos). São, portanto, os critérios museográficos aqueles que geram a coesão necessária a esse discurso para o tornar inteligível ao verdadeiro alvo das actividades de musealização: o(s) público(s). (...)"


Quando acabei, julgava que tinha escrito o post mais longo da minha vida.