quinta-feira, junho 24, 2004

Supersticioso

"No dia em que eu disse
"Vou levar-te a passear"
"Não posso" - disseste -
"O meu pai não vai deixar!"

O teu pai não vai deixar
Nunca, nunca vai deixar
Nunca te há-de libertar
Já estou farto de o aturar

Eu cá não sou supersticioso
Mas o pai dela dá-me azar!
Na sala não, pode ser perigoso!
Vamos para o carro conversar."



Diziam os Heróis do Mar, na primeira metade dos anos 80. E tinham razão, afinal, Portugal era, à época, um país recém-libertado de uma ditadura de quase 50 anos, onde os padrões educacionais continuavam a ser quase exclusivamente os de uma sociedade patriarcal, onde a figura do pai-tirano que impedia a convivência normal entre a sua família e o namorado da filha, por exemplo.
Onde a vida em sociedade era regida por normas rígidas de comportamento que, aos nossos olhos actuais, serão ridículas, ou insuportáveis.

Quando algum paspalho me voltar a dizer que "Portugal precisa é de um Salazar em cada esquina", mando-o ouvir isto, que nem sequer é do tempo dele, é só alguns anos mais tarde...

Adenda: corrigido após atento aviso da Vermelha. Obrigadinho, pá!