terça-feira, agosto 17, 2004

Portugal é um país de humoristas

Nos últimos meses (já largos), a imprensa escrita portuguesa tem-se tornado indistinta. Indistinta no sentido em que o chavascal já não choca, seja em que jornal for. O sensacionalismo é hoje uma ferramenta normalíssima para a maioria dos jornais, não existindo, verdadeiramente, um jornal de referência, que não seja, por exemplo, reaccionário ou conservador nos seus critérios editoriais (e, mantendo essas características, trabalha o sensacionalismo nesse sentido). Todos eles, sem excepção, têm necessidade periódica de chafurdar na lama. É por isso que perco gradualmente alguns critérios que vinha mantendo. Esclareço:

Durante uns tempos fui leitor do Diário de Notícias. Por nenhuma razão em especial, gostava do grafismo "sério", adorava a selecção de BD que tinham e era uma leitura óptima para o comboio que apanhava todos os dias pela manhã e ao fim da tarde. Durou pouco tempo, esta fase, mudei definitivamente para o Público, em cuja linha editorial me revia muito mais que no caso do DN. De há uns tempos para cá, limito-me a ir acompanhando alguns jornais online e, eventualmente, a comprar um jornal. Por motivos pavlovianos, recaio normalmente no Público. Ou isso, ou por ser sexta-feira.

Mas tudo isto para explicar porque hoje em dia não me chateia nada ler jornais que são, tradicionalmente, classificados de sensacionalistas. Nesses, o rei e senhor será sempre o Correio da Manhã. Quem não se lembra das fantásticas colunas com títulos como "Reformado de 79 anos mata vizinho à machadada" ou "Ciúme mata com cutelo em Casal da Burra" (muitas saudades tenho eu dessas páginas...)? Mas, mesmo estando mais calmo, o Correio da Manhã presenteia-nos regularmente com momentos puros de humor. Neste caso, nem é preciso esforço por parte dos jornalistas, pois a realidade é, em si mesma, mais risível que a mais pura ficção. Senão, vejam estes dois artigos da edição de hoje:

"O Tribunal de Sintra condenou dois cabos da GNR de Mem Martins pelo crime de corrupção e um agente da PSP da Reboleira por favorecimento pessoal, num processo em que se provou que os agentes da autoridade recebiam ‘luvas’ em troca de informações sobre acções de fiscalização a máquinas de jogo ilegal exploradas por um empresário do Cacém. Passavam ainda informação sobre locais onde poderiam vir a ser colocadas máquinas de jogo.

O único dos arguidos que ficou preso foi o empresário, condenado a quatro anos e meio de cadeia. O tribunal suspendeu a pena aos três agentes de autoridade por considerar que os arguidos “estão socialmente integrados”. Entendeu ainda que a culpa dos agentes “é diminuída” pela “necessidade financeira que esteve subjacente à prática dos factos”.(...)"

Ora aí está um bom exemplo das forças de autoridade e dos Tribunais...

“Agora parece que toda a gente quer protagonismo à minha custa”, palavras de Humberto Gama, quando confrontado com as acusações de uma jornalista da empresa Intermeios/Minho que trabalha para o jornal ‘Comércio do Porto’, que afirma ter sido ameaçada de morte, na sequência de uma notícia onde o exorcista é acusado de violação e abuso sexual por duas mulheres, do Porto e de Lisboa.
(...)
Regra geral, o primeiro sítio onde o espírito se aloja para fugir às mãos do sacerdote é (se for mulher) junto aos seios (dizem com arrogância: Estas mamas são minhas, tira daqui as mãos), descendo posteriormente para a zona da vagina, onde, sem mais espaço de fuga, o sacerdote o apanha. Encurralado, decide-se a falar e na maior parte das vezes roga para que não o excomunguem. Durante o tempo que dura o exorcismo as mãos do sacerdote percorrem todo o corpo da pessoa possessa, que, quando regressa à normalidade, nunca se lembra de nada, sendo os familiares que lhe contam todos os actos."

Esta, então, é fantástica, quanto a mim. Mas não deixa de me surpreender a "pontaria" dos "demónios". Raisosparta, que são sabidos!