Nuvem
Uma estranha nuvem passou sobre esta última página do Litanias. Os últimos tempos têm sido particulares, mesmo por aqui. Muito se passa e nem sempre a vontade permite que se fale pelo menos de parte disso.
No meio de tudo isto, há situações contra a corrente. Quando tudo se retrai, desabrochas um pouco mais. E marcas cada vez mais uma posição. Há território que é teu, agora, merecidamente teu. No dia em que o reclamares, veremos como cuidas dele. Entretanto, mantém-se a felicidade da possessão.
Semelhante à imóvel
transparência
à inesgotável face
à pedra larga onde o olhar repousa
Água sombra e a figura
azul quase um jardim por sob a sombra a iminência viva aérea
de uma palavra suspensa
na folhagem
Semelhante ao disperso ao ínfimo chama-se agora aqui o sono da erva a ligeireza livre
a nuvem sobre a página.
António Ramos Rosa - A nuvem sobre a página
No meio de tudo isto, há situações contra a corrente. Quando tudo se retrai, desabrochas um pouco mais. E marcas cada vez mais uma posição. Há território que é teu, agora, merecidamente teu. No dia em que o reclamares, veremos como cuidas dele. Entretanto, mantém-se a felicidade da possessão.
Semelhante à imóvel
transparência
à inesgotável face
à pedra larga onde o olhar repousa
Água sombra e a figura
azul quase um jardim por sob a sombra a iminência viva aérea
de uma palavra suspensa
na folhagem
Semelhante ao disperso ao ínfimo chama-se agora aqui o sono da erva a ligeireza livre
a nuvem sobre a página.
António Ramos Rosa - A nuvem sobre a página