Deambulações arqueológicas
Uma das coisas de que raramente falo é da minha relação com aquilo que considero o meu verdadeiro trabalho. É a minha formação. É aquilo que sou. E foi aquilo que me formou muito como pessoa. O meu trabalho voluntário começou quase por acaso, arrastado por amigos de infância que já tinham sido "apanhados". Durante anos, as minhas tardes de Sábado, fins-de-tarde após as aulas, manhãs livres, férias inteiras, eram dedicados a inventariação, catalogação, prospecção, escavação, arqueologia experimental, apoio a congressos... No primeiro ano, tinha eu 15, estas actividades coabitaram com o último de 4 anos e meio de teatro, com a escola a sofrer, inevitavelmente, as consequências. Quando foi preciso escolher, a descoberta de vidas passadas pareceu mais apelativa que a de vidas fictícias.
Os estudos, na área económica, faziam-me perceber melhor o mundo que me rodeava, bem como que não estava talhado para prosseguir esses mesmos estudos. E surgia-me a escolha natural, óbvia; tornar aquilo que, até então, tinha servido como actividade voluntária e forma de ganhar o dinheiro suficiente num mês para sair à noite uma ou duas vezes por semana, bem como os conhecimentos que essa actividade me tinha dado, num futuro profissional. Só algum tempo mais tarde viria a perceber totalmente as consequências de escolher uma actividade científica.
Mais tarde, a realidade do trabalho viria a afastar-me daquilo que foi a minha formação inicial, a mais pura, pela informalidade: o trabalho de campo. Não conseguiria, no entanto, fazer o mesmo em relação ao trabalho voluntário e ao entusiasmo que ele pressupõe. Tenho e terei dificuldades em separar o trabalho voluntário da minha actividade profissional, com tudo o que isso traz de bom e de mau. A progressão natural em nível de estudos facilita-me um pouco essa questão, actualmente, por permitir que canalize o meu lado voluntário para algo que é, simultaneamente, produtivo em termos profissionais.
Mas aquilo que o associativismo me ensinou como pessoa foi bem mais importante. A verticalidade, o método e a seriedade no trabalho, a crença no projecto como um objectivo comum. O gosto abrangente pelo património, num ponto de vista mais afastado de alguns preconceitos académicos. Só isso permite que me sinta feliz por me ter levantado de manhã para ir trabalhar para o campo num feriado.
Os estudos, na área económica, faziam-me perceber melhor o mundo que me rodeava, bem como que não estava talhado para prosseguir esses mesmos estudos. E surgia-me a escolha natural, óbvia; tornar aquilo que, até então, tinha servido como actividade voluntária e forma de ganhar o dinheiro suficiente num mês para sair à noite uma ou duas vezes por semana, bem como os conhecimentos que essa actividade me tinha dado, num futuro profissional. Só algum tempo mais tarde viria a perceber totalmente as consequências de escolher uma actividade científica.
Mais tarde, a realidade do trabalho viria a afastar-me daquilo que foi a minha formação inicial, a mais pura, pela informalidade: o trabalho de campo. Não conseguiria, no entanto, fazer o mesmo em relação ao trabalho voluntário e ao entusiasmo que ele pressupõe. Tenho e terei dificuldades em separar o trabalho voluntário da minha actividade profissional, com tudo o que isso traz de bom e de mau. A progressão natural em nível de estudos facilita-me um pouco essa questão, actualmente, por permitir que canalize o meu lado voluntário para algo que é, simultaneamente, produtivo em termos profissionais.
Mas aquilo que o associativismo me ensinou como pessoa foi bem mais importante. A verticalidade, o método e a seriedade no trabalho, a crença no projecto como um objectivo comum. O gosto abrangente pelo património, num ponto de vista mais afastado de alguns preconceitos académicos. Só isso permite que me sinta feliz por me ter levantado de manhã para ir trabalhar para o campo num feriado.