terça-feira, março 01, 2005

"Mataaaaar!"

O meu corpo tem o terrível hábito de não começar a funcionar todo por igual, ou seja, à mesma velocidade em todos os seus componentes. Normalmente, as pernas demoram um bocado mais a arrancar de manhã (ou pelo menos é a melhor desculpa que consigo arranjar para um andar um bocado arrastado quando saio da cama) e a cabeça é, inevitavelmente, a última parte a arrancar. É como um computador cujo disco rígido arrancasse mais tarde que o resto dos componentes.

Fruto deste arranque lento, há determinadas coisas que preciso fazer maquinalmente até começar a raciocinar devidamente. São os meus procedimentos de segurança, que me vão surgindo como pensamentos únicos até que eu os cumpra. Um pouco à moda dos zombies cuja mente vazia só consegue abarcar um único conceito - "Mataaaaar!" (dito de forma sibilina e arrastada dá um óptimo efeito...). Eu também só consigo pensar numa coisa de cada vez, nesses momentos. Felizmente, sou um pouco mais avançado que um zombie, o que leva a que consiga pensar ciclicamente em conceitos diferentes: "Lavar a caaaaara!"; "Comeeeeer!"; "Cafééééé!"; "Cigaaaaarro!". Passados estes procedimentos de rotina, creio que o meu cérebro torna-se apto a funcionar convenientemente para o resto do dia (dentro do que é possível com o processador que trago instalado...). Antes, nem por isso!

Mas quando, ainda antes do café e cigarro, chego ao trabalho e dou de caras com alguém que, às 9 da manhã, ouve alegremente o "Filhos da Nação" com ar de quem está feliz por estar vivo e a trabalhar, há uma rotina de segurança que faz override a todas a outras: "Mataaaaar!"...