segunda-feira, setembro 13, 2004

Procura

Sonhei contigo. Estavas quase tão bonita como sempre. Porque nenhum sonho conseguiria fazer-te justiça. Porque nenhuma memória que tenha de ti consegue reproduzir o teu sorriso. O ar eternamente enternecido que tens. Como se o mundo nascesse de novo a cada olhar teu. E nasce, ao fim e ao cabo. Nasce, em cada gargalhada que soltas. Floresce, a cada sorriso teu.

E este dia-a-dia a que parece permanentemente faltar algo é apenas o melhor que consigo fazer da tua ausência. Sei-o agora, nunca mais serei o mesmo. Estranho é que vejamos o futuro que não temos de forma tão desprendida. Mas torna tudo mais simples, essa atitude. Mesmo que saibamos perfeitamente das mudanças que causámos um no outro.

Percebo agora, distanciado, esse teu olhar. E a sua própria evolução. Era um espelho da nossa própria evolução. A mera Luxúria inicial deu lugar ao Amor. Não, não te aconteceu só a ti. Confessei-to várias vezes, sabe-lo bem. E sabes também que não é um caminho comum, para mim. Pelo menos, não o tem sido.

Não consigo reprimir um sorriso quando me lembro daquela noite de Segunda-feira. Como te arrependeste, ainda antes do pecado cometido, já depois da tua anuência. "O meu coração diz uma coisa, mas a minha cabeça diz outra...", sussurravas-me. E como te percebia. Por mais que não acreditasses, mas percebia. Acabaste por ouvir o teu coração. E por te congratulares por o teres feito. Tal como eu.

E foi nesse momento que percebi que tudo aquilo que tínhamos acabado de fazer tinha, afinal, um outro significado. Que aquilo que encarámos de uma determinada forma, de início, tinha mudado completamente, em apenas duas horas. E que nos tínhamos transportado simultaneamente, para esse sonho onde agora inutilmente tento encontrar-te.