quarta-feira, abril 27, 2005

Novo afastamento

Amanhã e depois, estou aqui. Visto que a minha inclusão no programa foi tardia, a minha comunicação não surge referida no programa nem no site das Jornadas. No big deal, não é coisa que me chateie por aí além. Suprimo essa lacuna aqui mesmo. Assim, na tarde dia 28, na Coudelaria de Alter, a seguir à intervenção do Dr. Costa Ferreira (Director da Coudelaria), terei oportunidade de aborrecer mortalmente a audiência com uma comunicação com o título "Intérpretes da Paisagem - O Cavalo do Sorraia e a Arte Rupestre Paleolítica Portuguesa". Esta comunicação resulta de um artigo com o mesmo título, realizado no âmbito do mestrado. Depois digo quantos aguentaram até ao fim!

Há quem não seja propriamente fã do título. Até certo ponto, nem eu. Mas os talentos (Cof! Cof!) literários não conseguem ultrapassar certas fórmulas da escrita mais "técnica".

terça-feira, abril 26, 2005

It's official...

...este gajo anda a galar-me!

Shame on you, mr. Ch'Efe!;-)

So, what else is new?

segunda-feira, abril 25, 2005

Liberdade

Hoje tenho a liberdade de não me apetecer ser cortês, simpático, bem-falante. De não me apetecer tomar banho, fazer a barba, conversar de forma polida e elevada nos argumentos. De ser simples, simplista e simplório, se me apetecer. De não fazer nada por este cabelo despenteado com que me levantei e com o qual me passeei de comboio durante mais de uma hora. De não escrever um post onírico, esperançado e revolucionário sobre o dia de hoje.

Queria ter a liberdade de hoje, só hoje, não ser sentimental. Essa foi a única que o 25 de Abril não me conseguiu dar. Por todas as outras, o melhor agradecimento que posso dar é viver todos os dias com elas bem presentes no espírito. E não me deixar enganar, ter muito cuidado com as imitações...

Preparação prévia

Cuando tengas dinero regálame un anillo,
cunado no tengas nada dame uma esquina de tu boca,
cuando no sepas que hacer vente conmigo
- pero luego no digas que no sabes lo que haces.

Haces haces de leña en las mañanas
y se te vuelven flores en los brazos.
Yo te sostengo asida pelos pétalos,
como te muevas te arrancaré el aroma.

Pero ya te lo dije:
cuando quieras marcharte ésta es la puerta:

se llama Ángel y conduce al llanto.

Ángel González - Siempre que lo quieras

domingo, abril 17, 2005

Motorway to Damascus

Esta semana as aulas levam-me para a capital do império (Cof! Cof!). Muito provavelmente, só lá para dia(s) de liberdade voltarei a ter acesso a um computador que me permita postar impressões, pensamentos, ideias. Ou até mesmo que me permita aceder a e-mail, visitar blogs, enfim, tudo aquilo que normalmente faço diariamente. Aqueles que precisarem realmente de contactar comigo, sabem como fazê-lo. Há por aí quem tenha o meu contacto pessoal, também. ;-)

Deixo-vos com boa música (e de boa memória) na coluna da esquerda e um abraço do tamanho do mundo. Para alguns, até algo mais, que bem merecem. Vocês sabem quem são... :-)

quinta-feira, abril 14, 2005

Aleluia!

Para matar o vício

Há assuntos que não se recusam, ainda para mais quando são sugeridos por pessoas que consideramos. Por isso, cá vai a minha resposta possível a um questionário gentilmente proposto pela Polliejean.

1- Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?
"A caminho de Fátima", do Mário Castrim. Eu sei, é uma escolha estranha. Este livro foi-me dado pelo meu pai tinha eu uns 13 ou 14 anos. Escolho-o sobretudo por uma frase na contracapa que nunca mais esqueci, "nós não brincamos com coisas sérias, dizemos coisas sérias a brincar".

2- Já alguma vez ficaste apanhadinh@ por uma personagem de ficção?
Pergunta difícil, pá... Apanhadinho em que sentido? Apanhadinho-apanhadinho? Hummmmm... Pedro Orce, do "Jangada de Pedra".

3- Qual foi o último livro que compraste?
Não posso dizer qual o último, porque foi comprado para oferecer e ainda não foi oferecido... Mas digo o penúltimo. "O fenómeno", do António e do Cid (sim, aquele só com cartoons dedicados ao Sacana Lopes).

4- Qual foi o último livro que leste?
"Vieira da Silva", da Taschen.

5- Que livros estás a ler?
O plural é bem visto, sim senhor... Bom, vamos lá a ver se não me esqueço de nada...
"Cadernos de Lanzarote - Vol. IV", José Saramago; "Isto tudo que nos rodeia - cartas de amor", Mécia e Jorge de Sena (pois, eu também sofro desse mal da lamechice); "Les Premiers représentants du genre Homo en Afrique", Sandrine Prat et al (masturbação mental? eu digo-te o que é masturbação mental...).

6- Cinco livros que levarias para uma ilha deserta
Antologia da Poesia Erótica e Satírica, Natália Correia - porque eu sou um debochado-libertino-desavergonhado.
Corão - que a Bíblia já chateia, assim um gajo sempre aprende umas coisas novas e tem leitura garantida para muitas horas. Além disso, eu sempre quis tirar a limpo essa história das 70 mil virgens e do rio de tinto...
Uma antologia completa de Calvin e Hobbes - para rir, rir, rir...
Obras completas de José Mattoso - porque dá gosto ler quem sabe a falar do que sabe mais.
Obra Completa de José Saramago - porque eu também não sobrevivo sem esse gajo, pá!

7 – Três pessoas a quem vais passar este testemunho e porquê?
Ora, vamos lá a escolher as vítimas...
Truta Vermelha, que é a "máior" especialista em livros cá do bairro.
Oliveirinha, porque me dá gosto ver-te a espremer aí umas ideias, que afinal este questionário é mais complicado do que parecia...
Pedro, que é para não se ficar a rir da Vermelha!

Pequeno-almoço na aldeia global é

...uma maçã chilena, iogurte líquido francês e uma torrada em pão espanhol barrado com manteiga portuguesa.

quarta-feira, abril 13, 2005

Em países a sério...

...fazem-se publicidades destas.

terça-feira, abril 12, 2005

Da obsessão pela ordem alemã

Um puto de colo a berrar no eléctrico só se acalma a brincar com um metro articulado.

Vai um gajo descansadinho pela rua...

...e é atropelado por isto!


E ainda dizem que os alemães não têm sentido de humor!

Berlim, Abril de 2005

Aqui o Je também foi para outras bandas espairecer, ó Vermelha.


Cada cidade, sua droga...

quinta-feira, abril 07, 2005

Já que falas nisso, ó Oliveirinha...

You wear guilt
Like shackles on your feet
Like a halo in reverse
I can feel
The discomfort in your seat
And in your head it's worse
There's a pain
A famine in your heart
An aching to be free
Can't you see

All love's luxuries
Are here for you and me
And when our worlds
They fall apart
When the walls come tumbling in
Though we may deserve it
It will be worth it

But your chains
Your lips of tragedy
And fall into my arms
And when our worlds
They fall apart
When the walls come tumbling in
Though we may deserve it
It will be worth it

Depeche Mode - Halo

Ponto da situação

Ainda não os vi fazer nada disto...

terça-feira, abril 05, 2005

Razões para uma decisão antecipada

Já tinha decidido fazer isto anteriormente. Mas tinha também pensado fazê-lo só daqui por alguns dias. No entanto, visto que se verificou uma tendência para o aumento deste tipo de situações, decidi que esta medida passa a ter efeito a partir deste momento.

Nunca escondi de ninguém que considero um blog um projecto pessoal, sujeito a humores e vontades do autor. Tal como às regras por ele impostas. Para aquele(s) que têm aparecido de novo por aqui, podem procurar nos arquivos, existem vários posts em que refiro essa mesma opinião. Assim sendo, as regras de funcionamento de um blog são passíveis de alteração quando o autor assim o entender. Aliás, tal como a sua própria existência.

Não é segredo para ninguém que me conheça que não gosto de comentários anónimos no Litanias. Por uma questão de educação. Gentileza. Para com quem vos recebe num espaço próprio, se expõe e deixa aberta sempre a possibilidade de contacto directo. Considero o comentário "anónimo", que não permite reciprocidade senão a poluição do nosso próprio blog, uma atitude infantil. Faz-me lembrar o "bate e foge". Para aqueles que me aconselham aulas de etiqueta, aconselho eu que pensem antes de abrir a boca e ponderem as suas próprias atitudes. Verão que talvez tenha razão (mas se não entenderem assim, também é para o lado que durmo melhor).

É por isso que, doravante, o Litanias passa a ter uma regra, de que informo desde já todos os visitantes:
qualquer comentário realizado (sobretudo por comentadores que não sejam habituais no blog) sem que seja deixado contacto (e-mail e/ou homepage) será apagado mal seja detectado. Nunca apaguei comentários em 18 meses de Litanias. Pelos vistos, há mesmo sempre uma primeira vez.

Só me dou ao trabalho de escrever esta nota por respeito para com aqueles que são os que eu considero "amigos da casa". Não é para me justificar perante um ou mais indivíduos que achem que são muito engraçados e que eu é que sou o mal-educado. Aliás, quanto a uma certa falta de "politeness" de que sou acusado por uma certa "Madame da Fonte Azul" (que provavelmente se chama também "roberto", agente secreto", "vanessa carina" enfim, cada qual pode chamar-se aquilo que muito bem entender), apenas tenho a dizer o seguinte: o blog é meu; as regras são as minhas; eu não preciso de 300 mil comentários, não é por isso que ando por cá. Assim, quem não gostar da forma como as coisas funcionam por aqui ou da forma como me dirijo às pessoas, é convidado a não voltar. Eu não preciso das vossas visitas para nada. Não sou nenhum adolescente em busca de conhecer "bué de ppl" nem de subidas vertiginosas em quaisquer rankings, não me vou sentir triste e abandonado por não poder contar com as vossas "visitinhas". Pelo contrário, até agradeço, por uma questão de higiene.

Aos que não são contemplados com esta informação, desculpem o tom ríspido. Mas a paciência tem limites. Sobretudo a minha, o que não será novidade para os que me conhecem. A qualquer novo visitante que não se enquadre naquela descrição, as minhas boas-vindas!

Preconceituoso?

Não, eu só trabalho com mulheres que jogam ao "Verdade ou Consequência" em horário de trabalho.

E ainda falam da minha mania de encestar bolas de fotocópias estragadas de um lado ao outro da sala...

segunda-feira, abril 04, 2005

As simple as that

This is the floor, these are the rules, these are the moves
This is the room in which we dance
Close the door, say you will dance

Ilustres barquinhenses - Gambé

Há já algum tempo que tinha a ideia de começar uma nova série aqui no Litanias. Uma série em que desse a conhecer ao mundo figuras incontornáveis da sociedade barquinhense. Figuras que, tenho a certeza, dificilmente de outra forma se tornariam conhecidas do mundo. Ora isso é um acto de serviço público, dar a conhecer ao mundo tais sumidades!

Para começar esta série, ninguém melhor que o Gambé!
O Gambé é, provavelmente, um potencial case-study ao nível dos distúrbios de personalidade relacionados com a percepção da realidade. É quase impossível, no discurso do Gambé, distinguir realidade de ficção e realidades ouvidas a outrém que ele refere como suas. Do alto dos seus 50 e alguns anos, que mais parecem 40, o Isaac (parte do nome verdadeiro, que Gambé é alcunha) consegue enovelar o raciocínio a qualquer um. Não só pela linha de pensamento errática que segue, mas pela forma onomatopeica que utiliza para se expressar. Além de expressões importadas directamente de Angola, como o "candengue", existem outras que cabem apenas no "imaginário-Gambé", como "blu", "dzedéun" ou uma entoação muito própria para dizer "maraaado!"... Conversar com o Gambé é uma aventura, posso-vos garantir.

O Gambé trabalha na construção civil. Arma ferro e rezam as crónicas que é um mestre do metier. De tal forma que, a dada altura, foi ter com um conhecido meu, funcionário de uma tipografia, para que ele lhe fizesse cartões de visita. Quando lhe pediram os dados, ele disse, simplesmente: "-------- Isaac, Engenheiro do Ferro"!

Melómano incurável, tudo aquilo que se pareça com música lhe chega para "curtir, yá, maluuuuco, dzedéun! Candengue!". Seria, provavelmente, o maior candidato a vencer o Campeonato de Guitarra Imaginária; não há melhor nessa difícil arte de tocar uma guitarra inexistente! Mas o seu amor pela música viria a ficar indelevelmente demonstrado há alguns anos quando, numa jam-session num bar com músicos locais (alguns deles serão abordados nesta coluna futuramente), inesperadamente o Gambé se apodera do microfone. Perante uma plateia que ultrapassaria seguramente as 200 pessoas e a banda a tocar, o Gambé não aguentou mais. E cantou. Ou melhor, deu um show de scat, porque metade do que ele disse não se percebeu. Mas, ainda assim, deu para perceber que ali fora cantado um improviso dedicado à amizade e a todos nós que ali assistíamos, extasiados, aquele momento mágico. Jamais esquecerei o refrão desse hino pungente a todos nós que ali estávamos: "E os amigos dos amigos/I wanna see, I wanna get, yeah!"... Ah, belos tempos...

No campo político também tem sido um elemento activo. Tal como naquelas comemorações do 25 de Abril em que, bombeiros e sumidades locais perfiladas frente aos paços do concelho, o Gambé mostrou mais uma vez que é um one-man(and no instrument)-show invejável, tocando 5 instrumentos imaginários simultaneamente, atrás da formatura dos bombeiros.

Ópio do povo

Não sei se alguma vez mencionei o facto de trabalhar (quase) exclusivamente com mulheres. Só neste momento, estão aqui (pelos corredores, gabinetes, salas e afins deste edifício) 9. Nove! Até há quem ache piada a isso. Até eu consigo. A sério. Apesar de achar que é bem menos cansativo trabalhar com homens. E bem menos barulhento. Mas não me chateia nada trabalhar com mulheres, até tenho um dia-a-dia bem calmo, bem vistas as coisas.

Este fim-de-semana a religião do Consumo ergueu um novo templo, bem perto de mim. Finalmente, começou o ataque a uma área que, até agora, era livre de grandes centros comerciais. Enfim, "grande" é um eufemismo. Falamos do "basic-shopping-center-kit", 70 lojas, 3 cinemas, área de restauração, bowling (ah, que seria de nós aqui na "terra" sem um bowling...?), supermercado e afins. O básico, como vêem. Nada de novo, os cinemas são Castello Lopes, o edifício tem um geral mau-gosto (exterior, pelo menos) que faria com que, num país civilizado, os seus construtores fossem processados por atentado ao mau-gosto e poluição visual. Nada de novo...

O que me irrita no facto de trabalhar só com mulheres? É o facto de, Segunda-feira de manhã, dois dias após a inauguração desse monte de esterco comercial, quase todas já lá terem ido (algumas mais que uma vez), dizerem-me que não compreendem o porquê da minha opinião sobre o espaço e ainda me responderem, em defesa dos tão magnânimos promotores do negócio que "finalmente, um cheirinho a civilização!"... É no que dá trabalhar com mulheres. Ou melhor, com estas mulheres, que, por mais modernas que se tentem mostrar, não conseguem fugir à solução simples, formatada e pronta a comer. Que, à mínima ideia de fuga ao triângulo "casamento-filhos-consumo fácil é bom", se persignam mentalmente, com horror à mera ideia de sair dos parâmetros considerados normais (e normalizados) por esta sociedade podre em que nos fazem viver.

E custa-me ver que, ainda assim, mais facilmente será este o caminho pelo qual os portugueses (homens e mulheres) vão seguir.