segunda-feira, maio 30, 2005

Aquilo que ainda restava de desconhecido

Cobria-te a almofada a cara, os lençóis o corpo. Por algumas horas, só o teu braço a mexer-se de vez em quando para espantar uma impressão me dizia que estavas ali, viva, em repouso antes de dias de turbilhões inesperados. Só o movimento compassado do teu peito me dava sinal da tua presença junto a mim, naquele quarto que não era meu. Nem teu. Que acabaria por ser nosso. À nossa maneira.

Pensei passar o braço à tua volta, aconchegar-te sonhos cujo teor desconhecia. Pousar a mão na tua cintura, como sei que gostas. Fazer com o calor da minha mão as vezes daquela roupa de cama que caprichosamente tinhas espalhado, deixando-te semi-descoberta. Chegar o meu corpo mais junto ao teu, para ser a primeira coisa que visses ao acordar. Ou então tentar evitar ao máximo que acordasses, deixar que toque e carinho servissem apenas como veículo ao teu sono, sujeitos às interpretações que o teu subconsciente lhes quisesse dar, no seu juízo impenetrável. Já seria feliz com uma reacção adormecida, irracional, fora da lógica dos teus sentimentos e vontade. Pensei em não fazer nada disto, recuei ao pensar que seria talvez aquele o gesto que despoletaria raivas, frustrações, desgostos que tão frescos estavam ainda. E que tão difíceis tinham sido de abonançar. Parei a mão num meio-gesto e fiquei imóvel durante alguns instantes, ponderando o que fazer.

Era aí, entre o sim e o não, que estava quando acordaste repentinamente. Foi nessa indecisão que me surpreendeste. E acreditavas se dissesse que vi nos teus olhos a resposta para quase todas as minhas dúvidas?


Abacaxi da semana

Alguém faz a menor ideia de como é que se faz uma actividade sobre a História do lixo para crianças até aos 10 anos, simultaneamente pedagógica e lúdica, num espaço ao ar livre?

Pois, eu também não!

domingo, maio 29, 2005

Novos planos para o Verão

Eu nem andava muito atento a concertos e festivais para este Verão. Até porque pensava não estar em Portugal nos próximos meses. Mas, pelos vistos, essa é uma possibilidade que não deve vir a acontecer, pelo menos tão proximamente.

Por isso... Change of plans!!!

E acham que perdia um festival com Kaiser Chiefs, Pixies, Hot Hot Heat, Death From Above 1979, The Arcade Fire e, top of the tops, Nick Cave And The Bad Seeds?! Nem pensem!!! É a minha falência, seguramente, mas em Agosto lá estou! Onde? Onde poderia ser senão aqui
?

sábado, maio 28, 2005

Running around in my head

...and if the snow buries my,
my neighbourhood.
And if my parents are crying
then I'll dig a tunnel
from my window to yours,
yeah a tunnel from my window to yours.

You climb out the chimney and meet me in the middle,
the middle of the town.
And since there's no one else around,
we let our hair grow long
and forget all we used to know,
then our skin gets thicker
from living out in the snow.

You change all the lead
sleepin' in my head,
as the day grows dim I hear you sing a golden hymn.
Then we tried to name our babies,
but we forgot all the names that,
the names we used to know.

But sometimes, we remember our bedrooms,
and our parent's bedrooms,
and the bedrooms of our friends.

Then we think of our parents,
well what ever happened to them?!
You change all the lead
sleepin' in my head to gold,
as the day grows dim,
I hear you sing a golden hymn,
the song I've been trying to say.

Purify the colours,
purify my mind.
Purify the colours,
purify my mind,
and spread the ashes of the colours over this heart of mine!

The Arcade Fire - Neighbourhood #1 (Tunnels)

Highly addictive...

Elogios dissimulados

Já te disseram que o teu deve dar um esqueleto bem giro?

Or something like that...

sexta-feira, maio 27, 2005

Soundbytes do meu dia

- Epá, tu tens uma grande paciência para aturar aquelas galinhas todas!

- Porque é que achas que passei a usar esta crista?...

Momentos raros

É raríssimo eu fazer comentários aos discos que vão sendo a Ladainha do Momento. Não que não me apeteça, mas tornou-se habitual, que algumas coisas novas fossem surgindo por ali. Não sei para quantos de vocês esta será uma total novidade, mas o álbum que agora ocupa aquele lugarzinho ali à esquerda não é um álbum qualquer. É provavelmente a mais deliciosamente estranha surpresa musical que tive este ano. Foi editado há 3 meses e chama-se I am a Bird now, de Antony And The Johnsons. Fantástico, mesmo! E ouvir a voz de Antony é de facto uma experiência muito particular. Quem puder, tem 3 oportunidades em Portugal nos próximos dias: dia 29 na Casa da Música, dia 30 na Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão (!) e dia 31 na Aula Magna. é aproveitar, minha gente, que a experiência deve ser única e eu não vou poder, infelizmente...

Para aguçar o apetite, algumas informações extra encontradas no Y de hoje:
Antony começou por cantar, ainda criança, em coros de igreja em Inglaterra; nos anos 90 movimentava-se no teatro experimental de Nova Iorque, sendo mais tarde apadrinhado por Lou Reed; neste álbum conta com uma pequena participação do próprio Lou Reed e canta um dueto com Boy George; recentemente actuou na Ópera de Sidney, interpretando obras de Leonard Cohen.

quarta-feira, maio 25, 2005

Alhos e bugalhos

Primeiro que tudo, quero agradecer a todos aqueles que tiveram paciência para ler os posts intermináveis que escrevi sobre os motivos pelos quais não me orgulho de Portugal. Mais ainda aos que tiveram a gentileza (coragem, diria mesmo) de escrever algo sobre isso mesmo. É que, caso alguém ainda não tenha percebido, um dos objectivos era precisamente esse, tomar o pulso às opiniões, obter reacções.

No entanto, creio que, algures along the way, se perdeu o fio à meada. E que, na verdade, ninguém respondeu às provocações que lancei, aos desafios que propus. A ver se nos entendemos, então. Eu não disse que é impossível gostar de Portugal. Nem excluí a hipótese de ser possível ter orgulho no país. E, ao contrário do que alguns possam pensar, eu não sou nem um menino-bem acomodado, à espera de benesses que caiam do céu nem um pessimista crónico, daqueles que só sabem dizer mal mas nunca fazem nada. Para informação de quem não saiba ainda, durante muito tempo fui um daqueles que acreditava que podia trabalhar em prol da comunidade. Acreditei que a investigação científica poderia ajudar Portugal a evoluir. Por outro lado, há 10 anos que pertenço ao que se pode chamar "movimento associativo", na área do património cultural. As minhas férias são passadas a fazer aquilo que é também a minha profissão. Porque gosto. Porque quero. Porque acho que o meu trabalho pode valer alguma coisa, mesmo que não seja remunerado. Porque o meu gozo não é meramente financeiro, é também da descoberta e da divulgação de Portugal. O que é mais do que muitos podem dizer, seguramente. Querem falar de História? Por mim, óptimo, adoro História de Portugal! Querem falar de património? É o assunto que mais facilmente me transforma num activista! Não, não me limito a queixar-me, dizer mal e não fazer nada para mudar e melhorar. Tenho consciência das minhas limitações, mas dentro do que me é possível, tento fazê-lo. Por isso, não tentem colocar-me na prateleira dos "eternos descontentes inertes", porque, definitivamente, essa é uma categoria a que não pertenço!

Aquilo que aqueles posts referem são apenas motivos pelos quais não sinto orgulho em Portugal (e acho que qualquer pessoa inteligente pensará que, de facto, temos muitos motivos para não nos orgulharmos). Mais de uma vez lancei o apelo/desafio a que me indicassem, pelo contrário, motivos para nos orgulharmos de Portugal. Constato que, até agora, ninguém o fez. Quem analisou aqueles posts "limitou-se" a tecer considerações acerca do "ser português", ou sobre hipóteses de descodificação/classificação dos meus motivos. Outros limitaram-se a dar-me respostas que se baseiam numa não-argumentação. A lógica do "todos amamos portugal" e do "temos de ter orgulho" não pega comigo. Vale tanto quanto a palavra do Pedro Santana Lopes.

É só por isto, por achar que se fugiu à questão inicial, que se misturaram alhos com bugalhos que pergunto uma vez mais (e prometo que é a última):
alguém me apresenta motivos para me orgulhar de Portugal?

Para desanuviar

Um pouco atrasadas, aqui seguem as minhas escolhas. Faltam algumas, mas não quis estar a repetir muito. É que parece que eu e algumas pessoas temos gostos em comum...









E por agora fico por aqui... ;-)

terça-feira, maio 24, 2005

Bater no ceguinho ou "Vamos todos ter muito orgulho..." - parte II

...Ou da importância que é dada em Portugal à Educação, como se vê pelo constante ataque feito ao sistema educativo público, até mesmo na forma irresponsável (será?) como tem sido conduzida a colocação de professores nos últimos 2 anos? Pelo facto de os imigrantes de Leste serem aceites sem grandes entraves, ao passo que comunidades imigrantes mais antigas são continuamente tratadas abaixo de cão? Do tráfico de mulheres e droga ser comum por estas paragens, com Portugal a representar uma porta escancarada para o mercado europeu? Das atitudes do caudilho madeirense? Do facto de o anterior Primeiro-Ministro se chamar Pedro Santana Lopes? Do facto de, até em termos turísticos (a nossa suposta jóia da coroa) Espanha nos dar um bailinho que é mais da Andaluzia que da Madeira? Da hipocrisia latente no alargamento da licença de maternidade em mais um mês à custa do pagamento de 80% do salário? Do facto de a maioria das mulheres com o mesmo nível de formação receber menos que os homens em posição equivalente? Da atitude sobranceira que temos perante outros portugueses quando os encontramos no estrangeiro? De, para evitar a nomeação de Pedro Santana Lopes, se terem manifestado meia-dúzia de pessoas, mas para seguir a selecção nacional de Alcochete até Lisboa se terem reunido milhares de pessoas? Da população preferir ir para a praia em vez de votar num referendo de despenalização da IVG? Do facto de, em vez de empresários, continuarmos a ter maioritariamente patrões que, com a 4ª classe, se voltam para os gestores e engenheiros jovens que contratam e dizerem-lhes "você não percebe nada disto, eu é que sei"? Do corporativismo/xenofobia latentes no facto de, com falta de médicos, se continuarem a ouvir vozes contrárias à contratação de médicos estrangeiros? Do facto de existirem 6 vezes mais casas disponíveis em Portugal que aquelas que seriam necessárias para albergar toda a população portuguesa e ainda assim existirem sem-abrigo (e com a construção a continuar a ser fortemente impulsionada)? De Portugal ser o país com maior taxa de penetração de telemóveis (apesar de ser um país onde pessoas passam fome)? Da taxa de desemprego? Dos 70% de analfabetos funcionais? Da taxa de insucesso escolar? Da violência doméstica?

Até agora é só motivos de orgulho, não haja dúvida...

Vamos todos ter muito orgulho e ser muito felizes porque somos portugueses [NOT!]

Nada me irrita mais do que o patriotismo bacoco, o patriotismo "porque sim". Aquele sentimentozinho que nos leva a repetir ad infinitum "o que é nacional é bom", vampirizando slogans publicitários para a linguagem de uso corrente, mesmo quando, na verdade, o que é nacional não é bom. Está na moda de há algum tempo para cá combater a atitude tipicamente crítica portuguesa. É o "Portugal positivo", o "Portugal em acção" (tudo iniciativas neo-liberais, já repararam?), o "vá lá, nem tudo é mau, vais ver que, no fundo, isto até é bom, nós é que temos a mania de dizer mal". E, como todas as mentiras, se repetidas muitas vezes, esta pode vir a tornar-se verdade. Esta ideia, associada ao paternalismo latente que leva muita gente a, quando Portugal é atacado por um português, dizer que "fala com sangue quente" ou "sem pensar". Porque não é bem assim, é o que querem dizer.

Desde ontem que estou à espera que, para lá destes comentários, me digam quais são, então, esses grandes motivos de orgulho em ser português. Pelos vistos, para lá do "temos de ter orgulho" e "tu não pensas bem isso assim", não há nada a apresentar.

É o défice de 6,83% que nos deve orgulhar? A corrupção tentacular, espalhada por todos os sectores da sociedade (de que o caso da BT do Algarve é um óptimo exemplo)? Uma das molduras legais mais atrasadas da zona Euro, em termos de direitos humanos (aborto, igualdade de género, direitos homossexuais...)? Uma profunda ingerência da Igreja Católica na vida pública, privada, política e legislativa do país? O tráfico de influências que, mais uma vez, veio ao de cima após estas últimas eleições? O previsível pagamento de mais impostos e de portagens nas SCUT's? A convivência terceiro-mundista entre a futura Alta de Lisboa e os bairros de lata em Camarate? O efeito-sorvedouro que Lisboa tem sobre o resto do país? A percepção de que são sempre as mesmas famílias que mandam no país, saltitando alegremente do Estado para os grandes grupos económicos, consoante o ciclo eleitoral? A fantástica A1 que temos onde, apesar das obras em troços de mais de 20 km, se continuam a pagar as portagens na íntegra? É o baixo nível cultural médio da população portuguesa? As dificuldades que os jovens portugueses têm em sair de casa? Os ataques histéricos à Educação Sexual nas escolas, apesar do número de mães adolescentes e da propagação de DST's? O valor ridículo que se investe em cultura e ciência? O clima de "multidão ululante" que existe sempre que o tema é futebol? As manchas de fuel-óleo que se desviam da costa portuguesa por obra e graça da Nossa Senhora de Fátima? A forma como os governantes se estão positivamente a cagar para aquilo que é a opinião geral do povo e continuam a distribuir tachos e tachinhos consoante as conveniências? São os subsídios de reintegração chorudos pagos aos deputados que abandonam funções ao fim de uma legislatura? São os movimentos emergentes de extrema-direita? A pedofilia que parece cada vez mais ser prática corrente por todo o país? São as Vanessas e as Joanas? É o facto de dois portugueses andarem à pancada porque "o teu clube ganhou o campeonato e o meu não e agora não te deixo ir festejar para esta rua"? É o facto de ser da responsabilidade dos agentes policiais o pagamento da sua própria farda em caso de a danificarem no cumprimento do dever? É o facto de, não existindo Bombeiros Voluntários, este país não ter quase corpo de bombeiros? (I could go on and on...)

Todo este apelo ao "orgulho em Portugal" lembra-me a atitude mesquinha, pacóvia, idiota, de apoiar Durão Barroso ou D. José Policarpo "porque é português". De abrir um telejornal com uma notícia sobre um tsunami que vitima 300 mil pessoas com um ar de alívio porque "ainda não se conhecem vítimas portuguesas". E isto, sim, é ser português. É viver alegremente a caminho da miséria (material e mental), convencidos que estamos de que o nosso desenrascanço nos vai safar mais uma vez e que tansos são os outros, que se preocupam. Porque, afinal, há que ter orgulho em ser português. E amar este país. Muito. Por mais que ele nos odeie.

Então, qual é o tal motivo de orgulho? Porquê gostar de Portugal? Porque é bonito? Bonito deve ser o Mali. Ou o Burkina Faso. Pelo Sol? Ouvi dizer que o Sahara Ocidental tem um Sol fantástico, não querem ir lá espreitar e amar esse país, também? Pela simplicidade das gentes? No Egipto as crianças são tão "simples" que basta um ocidental andar com esferográficas para distribuir por elas que tem logo um monte de amigos/guias/guarda-costas. Pela nossa história? Ouvi dizer que a Colômbia tem uma história riquíssima. Pelos nossos monumentos? O Irão tem uns belos templos.

Pode ser que haja no futuro um motivo de orgulho. Eu neste momento não o vejo, sinceramente. Até lá, nós por cá continuamos, alegremente patridióticos, a dizer continuamente que "esses gajos [os europeus civilizados] vivem melhor, mas são uns tansos, nós cá divertimo-nos mais" e a acreditar que, se nos convencermos disso, seremos mesmo mais felizes.

Nota: Este post não exclui que existam coisas boas em Portugal. Existem, sim. Somos, por exemplo, óptimos na indústria de moldes. E existem micro-empresas portuguesas a desenvolver software crítico (o tal que não pode MESMO falhar) para as missões da NASA. Sim, somos bons em algumas coisas. Mas isso não chega para levar atrás o resto do país, nem para me tapar os olhos e levar a dizer que adoro Portugal. Nem que seja "porque sim".

segunda-feira, maio 23, 2005

Portugal 5 - 0 Civilização

No rescaldo de mais uma época futeboleira, algumas notas:

1) Este campeonato foi uma merda. Nenhum dos grandes jogou o suficiente para poder ser considerado um incontestado vencedor. A haver um justo vencedor esse seria o Braga que, não fazendo uma época melhor que a anterior, sempre foi uma equipa mais equilibrada. Não, não foi o Braga que fez uma boa época; os grandes é que fizeram uma época miserável.

2) A Avenida dos Aliados não é terreno dos adeptos do FCP. Os adeptos benfiquistas moradores na cidade do Porto têm todo o direito a festejar na artéria principal da sua cidade o triunfo da sua equipa. Tal como o FCP teria todo o direito a desfilar em autocarro aberto pelas ruas de Lisboa caso se sagrasse campeão nessa cidade. Ou acham que os portistas de Lisboa não têm direito a festejar com os seus jogadores, porque vivem noutra cidade? Pretenderiam as criaturas nojentas que compõem esse bando criminoso chamado Super Dragões que todos os benfiquistas fossem expulsos da cidade do Porto, impedidos de aí viverem? Ou consideram os portistas que vivem em Lisboa como portistas de segunda?

3) O ambiente incendiário que se vive em Portugal sempre que o assunto é futebol mete-me nojo. Manifestações como as de ontem à noite, com cachecóis do Benfica a serem queimados em praça pública, cachecóis do FCP em que se lia "Filhos da puta" em vez de uma qualquer saudação à sua própria equipa e um tom intimidatório que durou toda a semana caso a comitiva benfiquista ousasse passear pela cidade do Porto demonstra que vivemos, de facto, num sistema de caudilhos, sem a mínima noção do respeito pela diferença, sem a menor ideia do que quer dizer democracia.

4) Já há alguns dias me tinha chamado a atenção que, 2 minutos após o apuramento do Sporting para a final da Taça UEFA, a única coisa que o bando de adeptos que emolduravam a reportagem da TVI conseguisse gritar fosse "Benfica é merda!" (também gostei muito do adepto sportinguista que, alegremente, fazia a saudação nazi para a câmara). Depois de na última semana ter ouvido da boca de vários sportinguistas que apoiavam o Boavista e que adoravam que o Benfica perdesse o campeonato na última jornada* (conheço até quem prometesse pôr um poster do Martelinho no quarto, caso tal acontecesse), percebo que, mais que um gosto pelos clubes, se desenvolveu em Portugal um sentimento "anti-qualquer-coisa". Sinceramente, já há algum tempo que defendo o fim do futebol profissional. Este é apenas mais um dos motivos. Este "espectáculo desportivo" tornou-se no lamaçal corrupto mais nojento de que há memória. E só não vê quem não quer. Quem ainda anda demasiado iludido com a ideia de que "o sistema prejudica sempre os mesmos" e de que "vocês sabem do que é que eu estou a falar" é que ainda não percebeu que a corrupção no futebol se joga em todos os sentidos. Todos. Sem excepção.

5) Há muito tempo que estou farto de Portugal. Depois da noite passada, após a euforia inicial (e que se manterá, no plano meramente desportivo, por mais algum tempo), ainda menos motivos tenho para gostar deste país medíocre, onde a lei da bala parece prevalecer cada vez mais. Estou farto, sim, muito farto deste esterco a que convencionamos chamar Portugal. O país em que os telejornais abrem com 20 minutos de festa benfiquista nas ruas, para logo de seguida ser apresentada a notícia de que o défice nas contas públicas corresponde a 6,83%, sem que, seguramente, grande parte dos portugueses se importe com isso. Uns por estarem ainda inebriados pela vitória recente. Outros por estarem demasiado embrenhados em congeminações, frustrações e demonstrações de raiva anti-desportiva. Alguém por aí me arranja um bilhete só de ida para o século XXI?

* Acham que, a partir do momento em que o Benfica deixe de poder ganhar uma qualquer competição, me interessa qual é a equipa que a vence? Ganhem juízo!

"A Pfeiffer é vencedora (porque falta a deusa italiana)"

Era o faltavas!...

Homens que me tiram do sério (após inspiração trutesca)

domingo, maio 22, 2005

Benfiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiica!!!

Com licença, mas vou ali vestir a camisola vermelha e já volto! :-)

Sometimes it can be funny... ;)

Eu às vezes tenho destas ideias ao Domingo...

Não vos apetecia uma underground-perverted-blogger-meeting como a de Janeiro?...

quinta-feira, maio 19, 2005

À velocidade da Luz

Ao que parece, após a exibição de ontem, vieram hoje a lume informações que indiciam a transferência do guarda-redes Ricardo para o Inter... Marché, vender frangos!

Que me perdoem os amigos sportinguistas, mas depois das piadas com a derrota do Benfica frente ao Penafiel ("Dói, N'Doye?"), não resisti! ;-)

Momento consumista

De volta a casa

Devido ao cansaço mortal que me entorpece as ideias e me entaramela os dedos (pois não são eles o veículo discursivo deste meio?), este é um post duplo.

Pela primeira vez desde há algum tempo, sinto hoje o amargo travo do fracasso. Orgulho-me de ser mais dotado que a generalidade dos utilizadores da informática em alguns programas relacionados com a imagem e o design gráfico. Por pura carolice, gosto pessoal ou vocação escondida e nunca convenientemente desenvolvida ("A soberba é um pecado mortal, Tiago!" - "Quero lá saber disso, ó meu ganda palonço!"), o facto é que há muito tempo que me habituei a fazer as mais variadas coisas (mesmo aquilo que outros fazem em programas mais simples) em programas relacionados com a imagem. Normalmente, pela simples razão de ficar mais bonito. E pelo controlo absoluto que essas aplicações informáticas permitem. Há anos que a minha graphic-suite fetiche é o Corel (Já sei, já sei, os puristas e profissionais da área acabaram de torcer o nariz. Mas sempre defendi que o Corel tem uma vantagem muito grande sobre outras aplicações mais potentes - o facto de cada utilizador poder retirar dele o máximo de acordo com os seus própriso conhecimentos. Um profissional consegue efeitos deslumbrantes, um principiante obtém resultados muito satisfatórios sem grande dificuldade. Eu não sou nem uma coisa nem outra, limito-me a tirar o máximo que consigo do Corel. E isso para mim é o exemplo perfeito de um aplicativo versátil, que é o que acho que um software relacionado com a imagem deve ser.). Hoje, quando uma turma inteira dependia de mim para a produção do trabalho final de 3 dias de aulas, falhei. Cansaço, stress, distração, falta de empenho de alguns dos restantes elementos. Tudo junto, deu origem num falhanço monumental. E mesmo que a responsabilidade seja repartida, é sobre mim que sinto o peso do fracasso. Fui eu quem não conseguiu, num software que só eu dominava por ali, obter os resultados necessários em tempo útil. E volto hoje a casa com a sensação de ter sido cilindrado pelos acontecimentos, ultrapassado pela voracidade do tempo que não pára. Felizmente que o professor compreendeu que, além dos erros cometidos, o equipamento também não ajudou, tendo atrasado irremediavelmente o projecto realizado. Daqui a pouco caio na cama e esqueço (espero!) o dia infernal que agora acaba, em que estive à beira de me tornar mal-educado com algumas pessoas. Coisa que, se não aconteceu, se deve sobretudo à presença e disponibilidade constantes de uma colega (querida Tânia!) que esteve ao meu lado das 14:30 às 21:30, tentando por todos os meios manter-me calmo, evitando que a minha natureza tornasse o ambiente (ainda mais) tenso.


Por outro lado, ainda não reuni a disponibilidade mental para pôr a escrita em dia após o meu regresso a casa depois deste fim-de-semana. Aos que se preocupam comigo, digo apenas de momento que não há qualquer motivo para isso (o que não quer dizer que não fique para sempre registada no meu coração a forma como me mostraram o vosso carinho e afecto). Muito pelo contrário. Com uma evolução improvável, este fim-de-semana teve o condão de me fazer sentir feliz, muito feliz. E nem os dias de stress e frustração conseguem abalar isso. Há coisas (e lugares e pessoas) que devem ser (e são) intocáveis. Posso apenas deixar desde já algumas notas para uma possível futura reflexão mais cuidada:

1) Madrid, como todas as capitais que conheço, é diferente do resto do país, sobretudo na atitude das pessoas (com tudo o que de bom e de mau - muito - isso tem);

2) O amor é como a vida - nasce nos lugares mais improváveis (lembrei-me desta frase esta manhã, quando reparei numa papoila que despontou em frente a minha casa, entre o asfalto da rua e o lancil do passeio):

3) Nada é certo na vida - sentimentos, reacções, relações, pessoas. Há apenas que fazer o melhor possível, manter uma postura digna de cada nova situação com que nos deparamos e deixar que o próprio evoluir dos acontecimentos nos indique qual o caminho a tomar de acordo com isso;

4) O Metro de Lisboa é mais bonito que o Metro de Madrid;

5) Em Madrid não sabem servir cerveja;

6) A noite é um momento de repouso - se não para o corpo, para o espírito;

7) Há, realmente, coisas bonitas demais para que se deixe que a frustração tome conta delas (tinhas razão).

Fico-me por aqui. Estou cansado e já cheguei ao ponto número 7 - além da lista já ir longa, é o meu número preferido (seguido de perto pelo 3), o que faz com que me sinta bem em parar por aqui.

Pensava agora que, no estado em que estou, devo ser mesmo idiota para ainda ter vindo aqui escrever isto. Perdoem qualquer exagero injustificado, o sono já não deixa muito discernimento. Mas talvez a minha necessidade de aqui vir regularmente devesse ser alvo de maior atenção da minha parte. De qualquer forma, boa noite e até amanhã...

terça-feira, maio 17, 2005

Como me sinto

Simplificar

All this time I’m distracted from the world
The world outside of your arms
All I need is here

Try and find, a way to say the things

The things I feel when you smile
They take away my words

You know, that people come and go

It’s here for me
When things in life run me down
All I need is you

You wanted a love song

You asked for a love song
You wanted a love song from me
You asked for a love song from me
Now there’s a love song for you

Yeah, I know, I don’t hear you, I don’t see you, I can’t feel you

You know, it’s always my fault, communication is such a let down
I ain’t proud of my behaviour
I thank the lord, you’re still here

Yeah I know that I push you

Yeah I know that I push you
Yeah I know, yeah I know, yeah I know that I push you

I know that I push you

Try and find, a way to say the things

The things I feel when you smile
They take away my words
You know, that people come and go
You wanted a love song from me
You asked for a love song from me
Now there’s a love song for you

Archive - Love Song


sexta-feira, maio 13, 2005

Amor eterno

Antes de uma fuga, antes de um momento decisivo, antes de um fim-de-semana emotivo, deixo-vos com uma imagem que, na arqueologia portuguesa, brilha como imagem fiel do amor. Intemporal, registado para que milhares de anos mais tarde o possamos ver e pensar nas vezes em que fazemos o que não queremos, por estúpido orgulho e engulhos vários que trazemos connosco. E nas vezes em que um só gesto nos traz mais felizes do que poderíamos alguma vez imaginar.



Pormenor da Rocha 1 da Ribeira de Piscos - Vale do Côa

"Sempre me causou alguma estranheza o fascínio que a Sigourney exerce sobre as pessoas"...

...diz-se por aqui.

Pois. Eu cá também não estou bem a ver...

quinta-feira, maio 12, 2005

And now...

...for all you cat lovers out there!

São lindos ou quê? :-)

quarta-feira, maio 11, 2005

No seguimento de uma conversa amiga - e mais necessária do que eu imaginava

For so long
I've been hoping
Your love's not gone
Houses are sliding
In the mud
Rivers are raging
In your blood

Where would I be
Without your love
Where would I be
Without your arms around me

You want to be
The only one
If I knew you
I would not run
You have been cloudy
Distant but dark
I'm thinking of Noah
And the Ark

Where would I be
Without your love
Where would I be
Without your arms around me
Where would I be
Without your love
Where would I be
Without your arms around me

Cake - Where would I be

I love this song

Belle and Sebastian, para sair do "rock decadente"... ;-)

E o video sempre ajuda a pôr um gajo bem disposto.

Para distrair das lembranças que não deixam espaço a mais nada

QUE FAZES NESTE MOMENTO?
Além de estar aqui a responder a esta amável (hummm...) oferta da Vermelha? Aprendo a fazer moldes e trabalho. Demasiado para o que recebo, a propósito!

QUE PLANOS TENS PARA ESTE FIM DE SEMANA?
Há perguntas que não se fazem... Ir a uma cidade que conheço mal, na companhia de duas pessoas que pertencem a um núcleo restrito de pessoas very-very-important (para mim). Tentar o (não sei se quase) impossível. Aquilo que planeio realmente é sair deste fim-de-semana com uma réstia de sanidade mental, na verdade.

QUE COISAS TE CAUSAM STRESS NESTE MOMENTO?
O próximo fim-de-semana. O último fim-de-semana. Os dias de permeio. O trabalho, um mestrado que, loucamente, optei por começar este ano. Um futuro próximo que não deixa grande margem para sorrisos, em vários aspectos. A doença do meu pai.

QUE FIZESTE DESDE O ACORDAR ATÉ AGORA?
Preparei a visita de um grupo de 20 estrangeiros, entre arqueólogos, arquitectos e gestores de património cultural ao meu local de trabalho; fiz de cicerone aos mesmos até depois de almoço. Arranquei atrasado para as aulas de conservação, restauro e moldagem de materiais arqueológicos que me fizeram regressar a uma casa que já foi “minha”. Passei 4 horas a preparar gesso, silicone, caixas de reforço... Enfim, a fazer o molde de uma gravura, que espero amanhã conseguir acabar. Voltei para casa e jantei. E acabo de regressar de um passeio à chuva pelas ruas desertas desta vila. Para que as gotas se misturem e confundam umas com as outras. E as ideias se clarifiquem e coloquem no seu lugar devido. Para pensar naquilo que quero e compará-lo com aquilo que (não sei se) posso vir a ter e chegar à conclusão que o débito é demasiado pesado. Antes de entrar em casa conversei um pouco com um dos gatos vadios das redondezas que me veio cumprimentar à chegada à porta.

A QUEM IRÁS PASSAR ESTE TESTE FANTÁSTICO?
Prefiro não o passar a ninguém em particular. Boa parte das pessoas a quem o passaria já responderam. Convido todos aqueles que acabaram de ler isto e que queiram ainda assim responder a fazê-lo.

domingo, maio 08, 2005

Lembro-me

Estava há pouco a pensar naquele dia em que me olhaste nos olhos e me disseste "amo-te". Foi a primeira e das poucas vezes que o ouvi da tua boca. E sempre que me lembro desse instante, lembro-me de como me senti na altura. De como tudo pareceu fazer muito mais sentido desde então. A impressão de "atestado de certificação", afinal era verdade, estava tudo certo, eu amava-te e tu amavas-me. E a minha vida podia voltar a ter uma realidade, para lá destes meios entre os quais me movo diariamente, realidades paralelas, inconstantes. Deste-me naquele momento uma realidade palpável, estável. Um chão a que me agarrar e de onde partir para enfrentar tudo o resto com novo ânimo.

Não sou perfeito. Mas contigo posso ser mais transparente, mais verdadeiro, menos defensivo. De ti não me vem mal algum. E todas as nuvens que passam não são maiores que a luz daquilo que se sente no ar quando estamos juntos. Há-de chegar o dia em que não há mais máscaras, panos de muralha, couraças que me protejam. Nesse dia, espero que ao meu lado estejas tu.


sexta-feira, maio 06, 2005

Pedimos desculpa pelo incómodo

Como já devem ter reparado, o Litanias encontra-se com um aspecto diferente do habitual. Não sei porquê, mas o template deu hoje o último suspiro. Aquilo que um amigo meu chamaria "o peido-mestre"! Infelizmente, as tentativas de reanimação falharam e, portanto, resta-me apenas reconstruir o template com as configurações que tinha anteriormente. Ou o mais aproximado possível.

Renascimento... Aniversário... Tens alguma coisa a ver com isto?

Um cientista também tem inquietações com o sobrenatural

Terminou há pouco o dia que, ao longo do ano me coloca mais dúvidas acerca da superioridade que, no meu raciocínio, persiste no conhecimento científico. Não quero com isto dizer que coloco o conhecimento científico (no sentido académico) acima de todos os outros. Mas, cientista como gosto de me considerar, acredito que determinado tipo de fenómeno tem obrigatoriamente de conter uma explicação científica. Não é o 5 de Maio que me provoca tais calafrios, mas sim a Quinta-feira da Ascensão. O Dia da Espiga, estão lembrados? Foi hoje/ontem.

Lembro-me bem destes dias na minha infância. Na altura, quando saía das aulas ia sempre para casa da minha avó, que fica no mesmo largo do local de trabalho do meu pai. Às 5 e meia, quando ele saía, trazia-me para casa. E nestes dias já sabia que, chegado a casa da minha avó, tinha de ir com ela, apanhar "a espiga". Outro pormenor tradicionalmente cumprido era o do "pão do ano". Um pão que, guardado desde a Quinta-feira da Ascensão do ano anterior, se mantinha, estranhamente, sem se estragar, até ao ano seguinte, ficando apenas mais duro, como se fosse tostado. E que devia ser consumido nesse dia, provavelmente como forma de garantir boa sorte.

E aqui residiu sempre a minha intriga! Ainda hoje, certo como após dia 5 vir dia 6, lá estava ele, o famigerado "pão do ano" à minha espera, impávido na sua estaladiça dureza. E mais uma vez o meu paladar comprovou aquilo que a ciência não me explicou nunca e a gerência doméstica continuada da minha mãe formulou novamente ao jantar: "o que eu sei é que qualquer pão que fique uma semana guardado ganha bolor, que estou sempre a deitá-lo fora e o que se guarda neste dia aguenta sempre um ano!". Mesmo não compreendendo o fenómeno, confirmo-o, com tudo o que isso abala a minha crença na ciência.

Enfim... É altura de deixar interrogações metafísicas e olhar em frente. O Dia da Espiga já lá vai e novos dias despontam por aí. Novos e melhores, felizes por felicidades alheias a que, contudo, não posso ficar alheio. E que se tornam também minhas. Por osmose. Sentimental.

quinta-feira, maio 05, 2005

À espera da próxima

Ainda com um caso mal resolvido na consciência mediática portuguesa e já novo caso nos tenta roubar as atenções. Infelizmente para os meios de comunicação social, o assassínio da Vanessa tem contornos bem menos rocambolescos que o da Joana. Não temos direito a todo aquele aparato, as buscas, o regresso à casa, o ambiente CSI bem emoldurado pelos populares que, propositadamente, se deslocaram ao Algarve para verem o local do crime, para poderem dizer aos amigos, mais tarde "eu estive lá e os gajos não percebiam nada daquilo! cá p'ra mim, a miúda foi atirada a animais para ser comida!". Felizmente, desta vez parece que vamos ser poupados a esse triste espectáculo.

Quem não foi poupada foi a Vanessa, alegadamente assassinada pela avó e pelo pai (designações que têm de começar a ser repensadas numa sociedade onde se começa a tornar comum pais, mães, avós maltratarem e assassinarem com requintes de brutalidade filhos/netos de tenra idade)! Mas aquilo que mais choca nestas histórias nem é a morte ou as circunstâncias da mesma. Aquilo que mais choca é o autismo das instituições que supostamente deveriam estar encarregues da protecção de crianças! Senão, vejamos o caso da Vanessa:

Vanessa foi criada com a madrinha, Maria Rosa, que a queria tanto como a uma filha. Mas a menina, o ano passado, foi-lhe retirada pela avó, Lola.

No dia 1 de Dezembro de 2004, a Vanessa foi levada para o Bairro do Aleixo, sem que a madrinha e o marido o pudesem impedir, e contra a vontade da menina, que nunca conhecera outro lar. Segundo Maria Rosa, a pequena "chorou muito quando foi levada" em plena festa que tinha sido preparada para ela.

A avó, que só a ia ver uma vez por ano, exigiu ficar com a criança, alegando que era "uma decisão do tribunal". Segundo o CM apurou, o Tribunal de Matosinhos terá dado a custódia à avó em 2002. Mas só no final do ano passado e sob risco de perder o abono por não ter a criança a seu cargo é que a foi buscar.

Maria Rosa explicou ainda que a insistência da família em retirar a menina dos seus cuidados surgiu depois de a ter inscrito na pré-primária da Lomba, em Guifões. “Ela veio aqui dizer que eu não tinha direito de inscrever a menina sem a sua autorização, mas só estava preocupada com o dinheiro. Eu nunca quis dinheiro algum”, explicou.

Antes de retirada da família que a acolheu – de que fazem parte as duas filhas e um filho de Maria Rosa, elas de 22 e 24 e ele de 16 anos – Vanessa passou dois fins-de-semana no Bairro do Aleixo, mas “ia sempre contrariada”. “Cada vez que vinha de lá regressava faminta e suja, mas sem marcas de maus tratos", recorda a madrinha, Maria Rosa. “O fatinho que vestia quando foi encontrada morta fui eu que o comprei.”


Perante isto, pergunto-me, não porque é que o tribunal deu a guarda da criança à avó mas sim como é que, tendo esta sido dada em 2002, não foi verificado a posteriori o cumprimento ou não dessa indicação. Ou seja, como é que alguém "luta" em tribunal para obter a guarda de uma neta em 2002, não se preocupa em ir buscá-la para junto de si até 2004 e não há uma fiscalização, ninguém estranha esta situação?! Bom, para isso também parece haver resposta:

o presidente do Centro Distrital de Segurança Social, Rui Pedroto, nota que os técnicos não sabiam sequer da existência de Vanessa. É verdade que a avó da criança é titular do Rendimento Social de Inserção desde 1998 – chamava-se Rendimento Mínimo Garantido –, mas este foi atribuído em função de um agregado composto por três filhos solteiros, dois dos quais menores.

E quanto à entidade responsável, a Comissão de Protecção a Crianças e Jovens? Aquilo que ficamos a saber da boca da presidente da Comissão Nacional é que Saber que uma criança é vítima de maus tratos ou negligência e calar-se é “inadmissível” e que Dulce Rocha apela à comunidade para que mantenha os olhos abertos aos sinais de sofrimento das crianças e não hesite em denunciá-los às autoridades.

Ou seja, aquilo que nos está a ser dito é "façam o nosso trabalho, porque nós somos um bando de incompetentes, a ver se conseguimos evitar uma próxima situação deste género"!

quarta-feira, maio 04, 2005

Vamos a votos!

Depois da generosa oferta que me fizeram ontem por e-mail (e visto que eu sou um defensor dos métodos democráticos), decidi colocar à votação popular um assunto da maior importância:

Qual é o vosso Trashy Costume preferido? Seleccionei vários exemplos, que tentei que fossem o mais variados possível, para que votem naquele que usariam em momentos mais... intimamente tensos! Para vos ajudar na escolha, aqui têm os links para as imagens das 15 (quinze!) opções disponíveis:
Cat Of Nine Tails
Hearty Top with Skull and Crossbones Patch
Catwoman
Mary Had A Little Lamb
Dark Naughty Nurse
Royal Flower Faerie
Scout
Hopi Indian
Officer Naughty
Snow White
Gretchen
Disco Devil
Statue Of Liberty
Lady Bug
School Girl

Podem ir votando ali na coluna da esquerda. Daqui a uma semana anunciarei os resultados! Vamos lá a ver então quais são as taradices predominantes por estas bandas...

Adenda - Big mistake! Estou envergonhadíssimo, bolas! Então, eu fui pôr a pergunta exclusivamente direccionada para a "submissão" de um homem?! Perdão, perdão!

A dream come cum true

Finalmente, posso juntar o bondage a uma agradável e calma refeição! Ora vejam lá que rica ideia!

Visto aqui.

"O povo é sereno" ou "Vou-me meter numa alhada, eu sei, mas..."

As zangas, tricas, discussões e choques de ideias (mais ou menos violentos) são costumeiros na blogosfera. Não é difícil, quando a blogosfera tornou o apregoar de posições pessoais sobre os mais variados temas em algo tão simples como eu estar aqui sentado a escrever baboseiras. E vocês a lerem-nas. Além disso, crispações são coisas que acontecem muito facilmente, sobretudo quando, tantas vezes, temos pela frente pessoas que estão do outro lado da barricada, epistemologica e ideologicamente falando.

Mais estranho é quando se tratam de pessoas que lutam lado-a-lado, que defendem posições a maioria das vezes próximas. Mais difícil se torna aí discernir quais possam ser os motivos que levam a posições extremadas. Falo disto. E disto. Não vou entrar pela lógica de tentar discutir os vossos motivos ou os vossos diferendos. Queria apenas que soubessem o seguinte:

Tenho aprendido muito convosco. Tanto com uns como com outras. Ao longo do último ano-e-picos, a leitura e o debate regulares sobre temas nos quais eu não era (e continuo a não ser) versado fizeram de mim uma pessoa mais esclarecida, mais atenta a pormenores que muitas vezes nos escapam. Comecei a descodificar muitas mensagens discriminatórias que nunca tinham sequer chamado a minha atenção antes. E, se bem que eu ache que nesta zanga existem momentos de excesso graves, não acredito que esta seja de todo uma situação irreparável. Tal como de positivo também não tem nada.

Façam aquilo que a vossa consciência vos ditar, mas lembrem-se que "muito mais é o que nos une que aquilo que nos separa"*.

*Se no início dos meus bloganços alguém me tivesse dito que ainda iria um dia citar o Carlos Tê num post, tinha levado uma resposta no mínimo torta. Goes to see...

A desonestidade intelectual a que nos habituaram os jornalistas

Nesta notícia de um dos semanários tomarenses, o jornalista decidiu prestar um favor à Câmara Municipal de Tomar, cujo afã betoneiro leva a que, por exemplo, se tenha construído um parque de estacionamento na colina onde assenta o Convento de Cristo (Património Mundial da Humanidade, se bem estão recordados) e ainda tenha havido indignação quando o IPPAR levantou problemas. Todo o tom da notícia é, além de jocoso, gozão mesmo, de um nível argumentativo digno das piores reportagens da TVI.

Mas o principal problema é a ignorância retratada no texto, da parte de quem o escreve. Nada a que os jornalistas portugueses não nos tenham já habituado. Na transcrição da afirmação do edil tomarense de que "O IPA, Instituto Português de Arqueologia, exige o acompanhamento arqueológico das obras e a câmara suporta o pagamento aos arqueólogos", há duas questões que se me colocam:
Primeiro, terá mesmo António Paiva dito aquilo dessa forma? Se o fez, deveria repensar a forma como se refere a aspectos legais do património cultural português e à orgânica dos institutos públicos portugueses. Ainda assim, tenho dúvidas que a afirmação tenha sido proferida exactamente desta forma. Afinal, nem entre aspas surge, como manda a regra nas citações.
Segundo, não é o IPA que exige o acompanhamento arqueológico das obras. É a legislação portuguesa que assim dita. O que é que esperava a Câmara Municipal de Tomar? Que pudesse fazer obras em pleno centro histórico sem o devido acompanhamento?! Já era altura das Câmaras Municipais percebrem de uma vez por todas que o conceito de Centro Histórico não pode ser maleável, moldável às suas vontades! Os centros históricos não podem continuar a servir de desculpa para obter financiamentos comunitários à sua valorização, por um lado, e serem alvo de obras sem o devido acompanhamento arqueológico porque dá mais jeito, por outro!

Agora, quanto ao pagamento do referido acompanhamento arqueológico, a questão também é muito simples. Quem é o responsável pela obra? Ou seja, em última análise, quem é que vem pôr em causa a integridade do património pré-existente que, de outra forma (não se realizando a referida obra) se manteria inalterado, preservado na sua condição subterrânea? Trocando por miúdos, quem é que se propõe danificar ou destruir património arqueológico (e, por conseguinte, do Estado português)? É a Câmara Municipal de Tomar? Então, que pague as devidas medidas de minimização e salvaguarda, como é sua obrigação! Aliás, como bem refere a Lei de Bases do Património Cultural, no seu Artigo 3º, "O conhecimento, estudo, protecção, valorização e divulgação do património cultural constituem um dever do Estado, das Regiões Autónomas e das autarquias locais". Claro como água que, neste caso, o município tomarense tem duplas responsabilidades, não?

Assim, afirmações como "Além dos valores cobrados à câmara, os arqueólogos recebem ainda dos particulares quando estes realizam obras de recuperação de habitações na zona histórica. Caso para dizer que mal sabiam os romanos que deixavam esta mina aos arqueólogos." são, no mínimo, desonestas. Primeiro, porque não se trata de nenhuma mina, visto que esse valor serve para custear a intervenção, não vai direito para o bolso dos arqueólogos, como parece insinuar o jornalista (e o que fica de honorários é o pagamento por um trabalho. Ou o sr. jornalista não é pago pelo trabalho que efectua?). E, além disso, se proprietários privados querem proceder a obras em habitações situadas na zona histórica, têm, tal como a Câmara Municipal, de custear o respectivo acompanhamento arqueológico. Não é difícil de perceber, esta lógica. A menos que sejamos um jornalista sensacionalista, pouco conhecedor das realidades sobre as quais escreve, com vontade de fazer favores a quem pretende destruir património de forma impune e pouco profissional. Ou isso, ou o próprio jornalista tem uma casa naquela zona...

E não só, Marcos...

terça-feira, maio 03, 2005

Há gente muito subtil

Estará quem me enviou este link a chamar-me tarado?

É que se for isso, lamento. Já o assumi há muito tempo!

Novos peregrinos

Já sabem que sofro de ataques periódicos de limpeza aqui ao estaminé (há por aí quem diga que tenho bicho-carpinteiro...). Esta já andava a ser pensada há quase um mês, mas a agenda apertada de Abril e a preguiça (essa maldição que me persegue!) impediram que o fizesse antes. Pois bem, não é tarde, nem é cedo. É já!

Saíram blogs que acabaram, que não sofrem actualizações há muito tempo ou que deixei de visitar regularmente. Entraram blogs recentes, outros que já há muito tempo deveria ter adicionado e outros que conheço há pouco tempo mas me agradam. Mantêm-se os do costume. E um projecto paralelo meu, que, apesar de ter link há já algum tempo, não tem sido muito desenvolvido, daí também não ter feito o devido "anúncio" - o Lomotion.

Acho que desta vez fico por aqui. Até ver, pelo menos!

Ó Cenoura!

Santana Lopes exclui candidatura às eleições presidenciais

Despertar psicotrópico

É demencial
Não há palavras que consigam dizer o horror
Vi um pobre homem agarrado ao que restava da sua mulher
Errando pela Baixa
Os olhos fixos num horizonte perdido
Sem uma palavra Sem um som
Arrastando a carcaça desfigurada por entre o trânsito do fim da tarde
Passei sem conseguir dizer nada

Ninguém dizia nada
O silêncio
Acompanhava o olhar vazio
A dor

A vaguear por entre as ruínas e o trânsito do fim da tarde
As pessoas apressavam-se por causa do cair da noite
E o pobre homem seguia um destino sem rumo
Arrastando o seu cadáver
E o pobre homem
Seguia um destino sem rumo
Arrastando o seu cadáver

Ninguém dizia nada
O silêncio
Acompanhava o olhar vazio
A dor

Mão Morta - Arrastando o seu cadáver

Rise and shine!

segunda-feira, maio 02, 2005

E agora, para um teste a sério!

The Commonly Confused Words Test!

Advanced
You scored 85% Beginner, 92% Intermediate, 100% Advanced, and 73% Expert!
You have an extremely good understanding of beginner, intermediate, and advanced level commonly confused English words, getting at least 75% of each of these three levels' questions correct. This is an exceptional score. Remember, these are commonly confused English words, which means most people don't use them properly. You got an extremely respectable score.

Thank you so much for taking my test. I hope you enjoyed it!
For the complete Answer Key, visit my blog:
http://shortredhead78.blogspot.com.


My test tracked 4 variables:

How you compared to other people your age and gender:
You scored higher than 16% on Beginner
You scored higher than 62% on Intermediate
You scored higher than 89% on Advanced

You scored higher than 70% on Expert

domingo, maio 01, 2005

Depois admiram-se que um gajo se torne agressivo...

Ora vejamos... A mesma equipa ministerial que fez, durante a campanha eleitoral, o papelão de passar uma semana (ou mais) a dizer que exigia o pagamento imediato por parte dos clubes de futebol das dívidas ao fisco é a mesma que, após as eleições, assina a prorrogação desse prazo até 2010. O então Ministro das Finanças (o Bagão, lembram-se desse exemplo de "rigor"?) diz, em jeito de desculpa, que quem assinou foi o Secretário de Estado, não ele. E falamos de um governo de gestão, cujos membros já sabiam ter perdido as eleições aquando desta decisão e que, pela sua natureza, eu ponho sérias dúvidas a que pudesse tomar uma decisão deste género.

Agora, digam-me lá, o que é que estes gajos andam a pedir?