quarta-feira, junho 30, 2004

Sonho



Belisquem-me, para eu acordar!

Valor político

Abespinha-se a direita por Pedro Santana Lopes ter sido tão duramente atacado quando ainda é uma "mera hipótese" para o cargo de Primeiro-Ministro. Sobretudo, queixam-se de PSL ter sido tão duramente atacado, de forma gratuita, dizem.

Sicneramente, acham que alguém que consegue que a primeira figura a apoiá-lo publicamente seja Alberto João Jardim e, simultaneamente, consegue que alguns portugueses prefiram ver Manuela Ferreira Leite como PM, tem valor político?

Momento nostálgico XVI



Pode ser que ela ajude a resolver este mistério: quem matou a democracia portuguesa?

Velhinha, mas elucidativa

Diz-se que quando Deus criou o mundo, para que os homens prosperassem, concedeu-lhes duas virtudes. Aos suíços, fê-los ordenados e cumpridores da Lei. Aos ingleses, fê-los persistentes e estudiosos. Aos japoneses, fê-los trabalhadores e pacientes. Aos italianos, alegres e românticos. Aos franceses, fê-los cultos e refinados. E, quando chegou aos portugueses, voltou-Se para o anjo que tomava notas e disse:
- Os portugueses vão ser inteligentes, boas pessoas e vão ser do PSD. Quando acabou de criar o mundo, o anjo disse a Deus: - "Senhor, deste a todos os povos duas virtudes e aos portugueses três. Isto fará com que prevaleçam sobre todos os demais!" Então Deus reflectiu e disse: "É pá!... Tens razão..... bom, como as virtudes divinas não se podem tirar... que os portugueses a partir de agora possam ter qualquer das três, mas que a mesma pessoa não possa ter mais do que duas virtudes de cada vez. Assim seja que: 1. Português que seja do PSD e boa pessoa, não pode ser inteligente. 2. O que é inteligente e do PSD, não pode ser boa pessoa. 3. E o que é inteligente e boa pessoa, não pode ser do PSD. Palavra de Deus."

terça-feira, junho 29, 2004

Angústia

Dizia Vilhelm Ekelund que a origem de toda a angústia é a de ter perdido o contacto com a verdade. Difícil é perceber quando se perde o contacto com a verdade. Ou o que é, afinal, essa verdade. Para mim, a verdade é uma realidade. Se coexiste com a mentira, coexiste com outras realidades, aquelas que existem, de facto e aquelas que criamos a cada mentira utilizada.
Sendo assim, ao perder o contacto com a realidade, surge a angústia? Se assim for, talvez se explique muita coisa. Como, por exemplo, o facto da distância hoje ser o meu principal gerador de angústia.

Vou começar a minha hora de almoço agora

Funcionários públicos, pois, pois...

segunda-feira, junho 28, 2004

Boas companhias recebem-se sempre bem

Já tinha noticiado que a blogosfera portuguesa tinha ficado mais rica. Na altura, o meu anúncio pecou por precoce, visto ter sido feito ainda durante um período de ambientação e procura das melhores soluções possíveis para um futuro trabalho.
Agora, posso finalmente dar as boas-vindas comme il faut! Vão lá espreitar, vão, que vale bem a pena! Corres bem o risco de vir a ser um dos melhores blogs do panorama actual português, Aulil, digo isto sem exageros!

Depois vem cá dizer que escrevo bem, pá! Bolas...

domingo, junho 27, 2004

República

Prometi nunca falar de ti, mas não consigo. Achava que tinha passado tempo suficiente, mas vejo que não. Mas acabaste por vir à baila, em conversa com uma amiga. Expus-te e foi a última traição. Depois de ter traído a confiança que depositaste em mim, numa suposta estabilidade em que te fiz acreditar que tinha. Mas não tenho. E sabes que o desafio era grande. Muito grande. Raras eram as oportunidades para te ver. Poucas as possibilidades de estarmos juntos sem alguém abdicar da sua vida. Ver-te dividida entre mim e os teus objectivos foi a última gota, sabes disso. Saber que ias para mais longe ainda, com fortes possibilidades de ali obteres o reconhecimento que te é devido, que a alternativa era eu, impossibilitando que chegasses onde queres e mereces chegar, fazia-me perceber que não era justo exigir-te isso. Ou mesmo pedir-to, apenas.

“I need to be someone’s somebody”, eu sei. Também eu. Mas só isso não chega para te cortar as asas. Não chega para no futuro ver a tua frustração virada contra mim.

Não posso fugir daqui, sabes disso! Não agora. Mas o futuro já não existe, não é? Fui eu quem assim quis, estavas disposta a resistir, ainda e sempre. Fui eu o derrotado. Desculpa, mas não ultrapassei o desafio. Perdi. E sei que dificilmente voltas a confiar em alguém e que a culpa é minha.

Não procuro substituir-te, isso seria impossível, sabes bem... Lido com pessoas, não excluo nada, procuro, enfim, apoio para passar mais tempo sem ti. Ajuda nesta desintoxicação que me deixa uma ressaca tão longa. Amizades, que me têm ajudado muito mais do que imaginava.

E por vezes encontro pessoas que me fazem pensar que é possível, o mundo sem ti a meu lado. Que é possível, olhar em frente, pensar por mim, apenas, não me afundar mais. Encontro paz. Carinho. É possível, seguir comigo mesmo. Pessoas com quem volto a ser quem conheceste.

És República, agora procuro a Verdade e a Paz. Amo, mas de outra forma.

Não sei bem onde é...

...mas arde bem.




Fotos tiradas às 15:20.

She's back!!!

sábado, junho 26, 2004

É das más companhias, afinal

Faço aqui o meu mea culpa público! Os ingleses não têm culpa nenhuma das alarvidades que têm dito! A culpa é, claramente das companhias com que andam. Senão, veja-se esta pérola da inteligência de Serena Williams, tenista americana (caso não se tenham apercebido, Wimbledon está a decorrer), sobre o Portugal-Inglaterra:
"Foi uma roubalheira. Vou deixar de ver os jogos e claro que não quero que Portugal volte a ganhar."

É preciso esclarecer que, mesmo antes, a douta adepta de futebol, admitiu nem sequer saber o que é um fora-de-jogo...

Desde que andam metidos com rufias imperialistas incultos que os súbditos de Sua Majestade ganham, claramente, hábitos de baixo nível, portanto. Lá está, as más companhias...

Ritinha, percebes agora porque é que eu dizia há dias que não gostava de ver o meu país comparado com os EUA, sob nenhuma circunstância?

Conselho de amigo

Gostava de deixar aqui um conselho ao árbitro Urs Meier:

URS, PÁ, PÕE UM PROCESSO EM CIMA DAQUELES PALHAÇOS INGLESES QUE TE INSULTARAM!!!

Agora a sério, qual é o jornalista (?) que, num país civilizado (e talvez aí esteja o busílis da questão), se safava de um processo depois de escrever
"Idiot ref robs Becks' heroes"?


Depois venham tentar convencer-me que "ingleses e franceses é tudo igual, pá! É tudo uma cambada de convencidos, pá! Tanto valem uns como outros!", venham... O facto é que eu só conheço uma imprensa deste tipo tão institucionalizada nos países anglo-saxónicos. Se calhar, isto é que é civilização, não? Podermos dizer aquilo que nos passar pela cabeça, nem interessa se for mentira, desde que venda. Podermos insultar, caluniar, dizer qualquer enormidade de que nos lembremos. E, pior que isso, publicá-la na primeira página dos jornais, sem consequências directas desse acto. Fantástico!

Por outro lado, gostava mesmo de saber se a população inglesa será tão burra que acredite nesta patranha, do "roubo" do árbitro. Será que são tão fanáticos e cegos que se esquecem de uma das regras mais elementares do futebol, a que prefigura a pequena-área como uma zona de protecção do guarda-redes, onde qualquer toque é imediatamente sancionado como falta (já casos houve, inclusivamente, em que o toque é feito por um jogador da própria equipa do guarda-redes, sendo, ainda assim, considerada a falta)?

Depois venham cá falar dos fanatismos islâmicos... Mas esta gente das coligações sempre foi de desconfiar...

Crónica de uma morte anunciada

Este golpe de teatro que nos serviram em ressaca de jogo de grandes emoções deixa-me de rastos. Realmente, num teste feito aqui há uns tempos, eu era considerado como um conspiracy nut. Se calhar, é mesmo verdade, já que nada consegue fazer-me evitar pensar que a escolha de tais timings para anunciar esta fuga cobarde de Durão Barroso se regeu por critérios futebolísticos. Já agora, senhor futuro-ex-Primeiro-Ministro, se a Selecção perdesse, como é que anunciaria essa sua decisão ignóbil? Tentaria convencer-nos que, para vingar a derrota frente à Inglaterra, iria ganhar a algum inglês na corrida à presidência da Comissão Europeia?

Sinceramente, irrita-me solenemente o "sorrisinho-Durão". Mais me irrita quando, após dois anos a defender, com unhas, dentes e mentiras descaradas, um modelo, um projecto de governação, desiste dele, para fugir em busca de glórias e tachos de maior prestígio. Mesmo não concordando com nada do que este governo tenha feito, quem defende tão acerrimamente um projecto, ao abandoná-lo apenas por interesse pessoal (e não me venham com essa merda do prestígio, que bem diz o BdE, ao perguntar o que terá ganho a Itália com a presidência de Romano Prodi!), demonstra, afinal, ser exactamente aquilo que é (e que tantas vezes dissemos ser):
um cobarde, um vigarista, um agiota em busca de glória pessoal, um amigo dos "arranjinhos internos", em suma, uma pessoa sem o mínimo de pingo de moralidade para exigir ao povo português seja que tipo de sacrifício for!
Pior, um burlão demagogo, ao utilizar o discurso de forma distorcida a seu favor. Não era candidato, mas afinal não recusaria um convite, não é, senhor Durão?
E mais uma prova do seu carácter burlão, António Guterres também esteve numa situação que lhe permitiria, quiçá, aceder a esse mesmo cargo. Recusou o convite. Venha lá agora acusar o anterior governo de cobardia e de ter fugido às suas responsabilidades perante o país, Dr. Durão Barroso!

O pior de tudo isto, obviamente, não é facto do governo deixar de contar com tal figura. Até porque, seja qual for o elemento que deixe este governo, não há motivos para ter saudades ou pena. Qualquer um que se vá embora só nos faz um favor. Excepto se for para derrubar e cuspir de vez na cara da Democracia, como se prepara para, mais uma vez, fazer este governo. No dia em que Santana Lopes for Primeiro-Ministro, sem antes esta escolha ser ratificada pelo povo português, será para mim o canto do cisne da Democracia portuguesa. Pelos vistos, será já dentro de alguns dias. No dia em que Santana Lopes se tornar Primeiro-Ministro por portas travessas, duas semanas após um resultado eleitoral que castiga duramente a coligação governamental, o culpado de tudo isto será, também, Jorge Sampaio.
É por isso que sigo a sugestão do Barnabé:


Manel

Saudade, saudade! Palavra tão triste,
E ouvi-la faz bem:
Meu caro Garrett, tu bem na sentiste,
Melhor que ninguém!

Saudade da virgem de ao pé do Mondego,
Saudades de tudo:
Ouvi-las caindo da boca dum Cego,
Dos olhos dum Mudo!

Saudades de Aquela que, cheia de linhas,
De agulhas e dedal,
Eu vejo bordando Galeões e andorinhas
No seu enxoval.

António Nobre - Saudade



"Saudade, saudade! Palavra tão triste,/E ouvi-la faz bem"
A saudade é das coisas mais nossas e mais indefiníveis. Toma conta de nós, quando menos esperamos, às vezes por coisas mundanas. Outras, por coisas bem mais importantes, como são as pessoas. A Primavera deixa-nos saudosos, durante toda a sua ausência. Mas volta. Tal como tu voltarás, para acabar com esta nossa angústia.

sexta-feira, junho 25, 2004

Quem te avisa...


"E põe-te a pau, antes que chame o Hélder Postiga!"

Agora é tarde, rapaz



Gosto, sobretudo, do pormenor do Zinadine Zidane...

Bife com molho à espanhola III

O Paulo hoje está imparável! E o Postiga ontem, pelos vistos, também!

Homenagem devida

Há heróis injustiçados, por todo o mundo e Portugal não é excepção! Ontem, para o jogo contra a Inglaterra, todos os portugueses foram treinadores de bancada. Mas um destacou-se, pela abordagem original ao fenómeno que é o desporto-rei. Esse, tantas vezes esquecido paladino da portugalidade, da lusofonia, mas, também, da miscigenação cultural com todos os povos, sem excepção, merece hoje ser aqui recordado e celebrado, no melhor das suas capacidades, pela ajuda inestimável prestada à Selecção!



Boa, Zezé!

Nas bocas do mundo

Fala-se do estatuto e comportamento dos músicos portugueses. Mas não se preocupem, a Al-Leetanyia teve acesso a notícias de cadeias asiáticas, que referem a génese de um novo movimento por parte dos músicos portugueses.

É só civilização

Um bar, propriedade de portugueses, ficou parcialmente destruído, em Thetford, Norfolk. Portugueses foram agredidos por cerca de 300 súbditos de Sua Majestade, sendo atingidos com garrafas, pedras e tijolos. Este grupo de portugueses, incluindo mulheres e crianças, ficou retido no bar durante 2 horas, só conseguindo sair por volta das 00:15.

Fair Play, seus bifes do caraças, conhecem o termo?!

Bife com molho à espanhola II

Eu prometi a mim mesmo que não ia fazer piadinhas deste tipo. Mas o meu amigo Paulo fez esta montagem e enviou-ma há pouco, o esforço de cada um merece ser recompensado! (E, sendo a Inglaterra, perco alguns pudores, que aqueles bifes merecem!)

Toma lá!!!

Bife com molho à espanhola

Foram quase 3 horas de sofrimento (de tal maneira, que o nosso farmacêutico local teve um treco - as melhoras, sr. Oliveira!), mas foi lindo!!!

Nem com um árbitro que, descaradamente, nos prejudicou ao longo de quase todo o jogo, com dualidade de critérios na atribuição de cartões, fazendo um tipo de arbitragem direccionado sobretudo para o jogo inglês ("viril", como alguns gostam de dizer, sarrafeiro, que é como eu acho), lá chegaram!

Adorei os golos portugueses, foram dois grandes golaços!
O penalty do Hélder Postiga foi lindo, só para calar aqueles bifes ranhosos! E a defesa do Ricardo é mesmo à tuga! "P'ra ti, até vai sem luvas, ó bife!"

E aquele último penalty... UI!


A mostrar como é que se marca um golo de cabeça no meio dos centrais ingleses! Mainada!


Gosto mesmo deste miúdo! Boa, Rui!


Este até se pôs a jeito para o final que lhe estava reservado...Eheheheh!!!


O herói da noite!

Agora, venham os próximos! Até os comemos!!!

quinta-feira, junho 24, 2004

Supersticioso

"No dia em que eu disse
"Vou levar-te a passear"
"Não posso" - disseste -
"O meu pai não vai deixar!"

O teu pai não vai deixar
Nunca, nunca vai deixar
Nunca te há-de libertar
Já estou farto de o aturar

Eu cá não sou supersticioso
Mas o pai dela dá-me azar!
Na sala não, pode ser perigoso!
Vamos para o carro conversar."



Diziam os Heróis do Mar, na primeira metade dos anos 80. E tinham razão, afinal, Portugal era, à época, um país recém-libertado de uma ditadura de quase 50 anos, onde os padrões educacionais continuavam a ser quase exclusivamente os de uma sociedade patriarcal, onde a figura do pai-tirano que impedia a convivência normal entre a sua família e o namorado da filha, por exemplo.
Onde a vida em sociedade era regida por normas rígidas de comportamento que, aos nossos olhos actuais, serão ridículas, ou insuportáveis.

Quando algum paspalho me voltar a dizer que "Portugal precisa é de um Salazar em cada esquina", mando-o ouvir isto, que nem sequer é do tempo dele, é só alguns anos mais tarde...

Adenda: corrigido após atento aviso da Vermelha. Obrigadinho, pá!

Nova secção

A coluna da direita inclui mais uma secção, Iconoclastas, dedicada a sites que, pelo aspecto gráfico, funcionalidade, originalidade ou utilidade se destaquem da generalidade dos sites. A primeira aquisição é o site do Level Vodka, provavelmente o site mais fabuloso que já vi!

Por outro lado, este post serve para assinalar os primeiros 100 posts da nova casa do Litanias. Não percebo bem porquê, mas o ritmo aqui é maior que na antiga casa.

Breaking News!

Parem tudo! O Zezé Camarinhas deu a táctica ao Scolari!

"Os jogadores portugueses devem dizer aos ingleses, em campo, que as mulheres deles estão no Algarve com o Zezé Camarinhas, para eles ficarem afectados emocionalmente e não pensarem no jogo, pensarem nas mulheres."

Ainda dizia eu que o Mourinho era matreiro!

quarta-feira, junho 23, 2004

Canigou

Durante três meses, o Canigou foi o meu boletim meteorológico. "Da varanda da gruta, se vires o pico do Canigou, vai fazer bom tempo. Senão, vem aí chuva!"
E quando vinha, vinha mesmo! Até em pleno Agosto, as tempestades eram enormes, acompanhadas normalmente de trovoadas que se abatiam, invariavelmente, sobre o parque de campismo. Eu já nem acordava. Aquele vale fechado era perfeito para as trovoadas.

O Canigou entrou, portanto, na minha vida. Foi, durante aquele tempo, limite máximo a Sul. Dizia-me eu, então, uma pessoa "do Sul". Mas o meu "Sul" era muito para lá do Canigou. Afinal, o meu Sul tinha passado a ser bem mais próximo que aquilo a que estava habituado. Ao longo desse tempo, percebi que, aquilo que pensava ser um fenómeno da Catalunha espanhola, era comum à Catalunha francesa. "Avant d'être français, je suis Catalan!", como me dizia Nico, o dono do Café de la Place, capitão da equipa de rugby.

E explicavam-me muitas histórias em torno do Canigou. Fui-me apercebendo que o Canigou era, de facto, a montanha sagrada dos catalães. que, apesar de não ser tão elevado quanto os montes dos Pirenéus Centrais, contrastava tão fortemente com as terras baixas que o rodeiam, que se destaca, verdadeiramente, na paisagem. A cerca de 100 km, eu distinguia perfeitamente o pico coberto de neve, em Julho. E sabia que ali estava a barreira que me separava da Península.

Mas foi assim que me fui sentindo mais próximo do Canigou. Todos os dias olhava para ele, no intervalo do trabalho na gruta. E a cada dia me apercebia mais do seu estatuto dominante e modelador da paisagem que me rodeava. Hoje em dia, continuo a fazê-lo.

Quando lá voltei, de fugida, há um ano, compreendi, finalmente, que o Canigou era das coisas de que tinha mais saudades.

Há pontos de vista diferentes

Há pontos de vista diferentes, tal como há lados diferentes nas guerras. O que não quer dizer, necessariamente, que os dois lados de uma guerra tenham pontos de vista diferentes. Mas há pontos de vista diferentes. Todos os dias, já próximo do trabalho, há um cavalo que está sempre a roer umas ervas junto à vedação, que dá para a estrada. Todos os dias, ao sentir a minha aproximação, levanta a cabeça. E quase todos os dias imagino o que é que lhe passa pela cabeça. Qual é o ponto de vista dele, afinal? O meu é simples, é puro raciocínio e memória visual. Todos os dias o vejo. Todos os dias me lembro que todos os dias o vejo. Todos os dias penso “és bonito, pá!”, porque ele o é, de facto. Castanho, com um tom uniforme. E o vento parece moldar a crina dele sempre da mesma maneira. Faz-me lembrar o penteado um rapaz com quem me cruzo regularmente. Acabo por me rir perante esta ideia, “afinal o gajo tem é um penteado equestre!”.

Mas giro, giro é o potro que está num outro campo, não muito longe. Tem ainda um pêlo muito clarinho, castanho. Contrasta bem com o verde das oliveiras e o vermelho dos arbustos. Deve ter aí um metro de altura, pelo garrote. Ainda é um pouco descoordenado. Mas é engraçado, gosta de correr em círculos e voltar para junto da mãe. Se tudo correr bem, hei-de vê-lo crescer de ano para ano.

Normalmente, os últimos que cumprimento antes de chegar ao trabalho são três póneis, dois quase pretos e outro com manchas brancas, mais parece um bezerro. Estes três são mais pachorrentos, limitam-se a roer tufo atrás de tufo de ervas. Só quando passo mais devagar se dignam a levantar ligeiramente a cabeça. Mesmo assim, com aquela crina toda e de tão baixos que são, não acredito que vejam muito mais do que a porta do carro e as rodas. É diferente, o ponto de vista deles. Tal como o dos bois lado a lado com o parque de estacionamento do Ecomarché.

Perseguição

Descubro agora que a música foleirosa cantada por mulheres persegue-me ao longo da minha vida!

Senão, como explicar que, no dia em que nasci, o single que estava em número 1 era "Woman In Love", da Barbra Streisand! AAAAAAAAAUUUUUUUUUUGGGGGGGGHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!

A única coisa que me safa é que o álbum em primeiro lugar era "Zenyatta Mondatta", dos Police... Ufa!!!

Informação e investimento

No depósito de chocolate, um comentário ao post Quo Vadis? merece uma curta reflexão. Passo a citar:

"Parece que um dos argumentos utilizados pelos anti-europeístas e anti-globalização contra a Constituição Europeia é o facto de a maioria dos cidadãos portugueses não se interessar pelos destinos da UE.
Com esta teoria é o mesmo que dizer que, caso os jovens portugueses não se interessem pela escola, então desistasse de investir na Educação, porque os alunos só querem saber de futebol e de música.
Ok, o estilo bloquisto-radical volta à carga..."

Esta pérola do pensamento ocidental contemporâneo provém de um visitante daquele espaço, Peixoto. Ora, sinceramente, caro Peixoto, essa lógica de raciocínio enferma de um erro enorme; o de achar que aqueles que têm "tendências bloquistas-radicais"(?) pensam da mesma forma que uma determinada direita deste país, ao qual me parece que o caríssimo corre o risco de vir a pertencer, se não tem cuidado. É que, tal como o desinteresse por parte dos jovens pela escola não pode ser desculpa para o desinvestimento do Estado na Educação, também a falta de interesse dos cidadãos pela Europa não pode ser justificativo de um desinvestimento por parte do Estado e dos partidos políticos na informação e formação dos cidadãos para esta Europa que, como nos dizem, é desejável e inevitável! Qualquer Estado escrupuloso (sublinhe-se essa condicionante), ao ver nos seus cidadãos uma falta de conhecimento geral e de interesse por uma questão tão importante quanto o é a União Europeia para Portugal, imediatamente iniciaria um programa de investimento, precisamente, na informação cívica, na formação dos seus cidadãos, para a vida europeia, para aquilo que, inevitavelmente, será a realidade portuguesa futura. Mas não. A única Europa amplamente divulgada neste país é a da "redondinha". E as ocasiões fulcrais de informação europeia, como foi a campanha para as eleições que foram (só) há 10 dias atrás, são aproveitadas pelos "direitinhos" deste país para fazerem baixa política, baseada no insulto pessoal e na discriminação.

Não, caríssimo Peixoto, não me convence com essa lógica distorcida. Utilizar o desinteresse por algo como justificação para o desinvestimento nessa questão é uma falácea neo-liberal, zurzida à esquerda e à direita por elementos deste governo e dos partidos da coligação. É com lógicas distorcidas desse tipo que se justificam desinvestimentos na educação, investigação científica e afins. São lógicas desse género que nos fazem ser constantemente ultrapassados nesta maratona dos pequeninos.

129 palhaçadas

O Governo Regional da Madeira tem 129 (exactamente, 129) inaugurações previstas entre os dias 1 de Julho e 15 de Outubro. Em Outubro, realizam-se as eleições regionais. Isto é política simples, feita para o povo. Chama-se demagogia e populismo barato.

Momento nostálgico XV



Como podem ver, estou curado. Até consigo postar fotos delas sem começar imediatamente a cantar

"Uma da manhã - um toque, um brilho no..." Huuummm! Pois...

Coquicha

A Coquicha é um poço de surpresas. Mede menos de metro e meio, com aquela bata vestida, parece uma barrica ambulante. Aquele cabelo feloso, repuxado naquele carrapito, a esticar-lhe as feições, como se aquele nariz de megera precisasse de ser ainda mais acentuado. É uma misureira, que usa a falsa beatitude como forma de alimentar a sua coscuvilhice. Voz sonsa e esganiçada. Sabe sempre tudo o que se passa. E, no entanto, acho-lhe piada! Ainda gostava de saber porquê, mas sei que no dia em que a Coquicha não estiver cá, esta terra não será mais a mesma.

Hoje, apanhei-a, com aquele andar estranho dela, a desfazer-se em mimos com um cão. Ela tanto o chamava e beijocava à distância, que acho que o pobre animal só se deixou apanhar quando não teve mais por onde fugir!

Eu sei que é feio rir das outras pessoas, mas a Coquicha adiciona um elemento de humor à minha vida!

terça-feira, junho 22, 2004

Dinamarca-Suécia



O grande jogo deste campeonato! Isto hoje é que vai ser lavar a vista! Que se lixe o resultado!

Itália-Bulgária



A Bulgária trouxe a Miss, mas nem assim lá chegam! Itáááália!!!

segunda-feira, junho 21, 2004

Aaaaaaaaaaaiiiiiiiiiiiiiiiii!!!

Outra vez não! Tirem-me isto

"Uma da manhã - um toque, um brilho no olhar
Duas da manhã - dois dedos de magia
Às duas por três, quem sabe onde isto irá parar?
Quatro da manhã caindo, um luar de lua lindo
Uma gota a mais e o chão ia fugindo"

da cabeça!!!

Croácia-Inglaterra



Sinceramente, não gosto muito nem de uma nem de outra... Dá-me igual, pela primeira vez neste campeonato!

Suíça-França



Olhá Suíça a atacar forte! Mas a França tem mais pinta! Esta vai para Paris, directamente!

Verdade seja dita

Não suporto as transmissões de futebol da TVI. São más, em tudo. Dos realizadores que não mostram situações caricatas que os comentadores referem, para mostrarem planos dos bancos, da falta de gosto geral na escolha das mulheres que filmam em grande plano (a SIC faz muito melhor trabalho, como se viu no Rússia-Portugal) e não me venham dizer que é por falta de matéria-prima, que, num Espanha-Portugal, caras larocas não devem faltar, à ideia peregrina de criarem músicas próprias da estação para cada evento (ridículas, em geral), tudo é manifestamente mau numa transmissão da TVI! Os comentadores, normalmente, são boçais, nem sequer sabem o que dizem. Aliás, ainda há dias, com 10 minutos de jogo, um comentador TVI fazia a brilhante afirmação que "ainda nada está decidido!". Meu caro, é óbvio que não! Ainda só tinham passado 10 minutos de jogo!!!

Enfim, a TVI é má. Isso já sabemos. Mas ontem, valeu a pena ver a transmissão, não só pelo resultado, obviamente, mas, sobretudo, pelos comentários do Mourinho. Goste-se ou não do homem, o gajo percebe daquilo até dizer chega! E viu-se isso mesmo ao longo do jogo. De uma frieza assustadora, mas clarividente na leitura do jogo. Ao longo de 90 minutos, tivemos direito a uma aula teórica de futebol, com exemplos práticos. Mais completo ainda, Mourinho deu-nos um vislumbre da sua atitude perante o jogo. Dois exemplos:

Perto do intervalo, a Rússia ganhava por 2-0 à Grécia. Resultado que, a manter-se, permitia que, marcando Portugal um golo, passassem as duas equipas ibéricas. Mourinho esclareceu-nos logo daquilo que faria caso estivesse no lugar de Scolari "É preciso fazer passar essa informação para o lado espanhol. Nos túneis de acesso aos balneários, seja como for, seria importante fazer chegar essa informação ao lado espanhol." Se encararam isto como uma guerra, Mourinho não se coíbe, portanto, de utilizar a propaganda e a espionagem.

Depois de marcado o golo de Portugal, Torres envia um remate à trave da baliza de Ricardo. Momento de grande emoção. Mourinho, impertubável, limita-se a dizer "A sorte também faz parte do jogo."

Bolas!!!

Mais a sério, gostei muito dos comentários de Mourinho ontem. Pela primeira vez, percebi porque é que uma equipa, por vezes, parece não jogar nada, onde é que está, afinal, a interacção dos vários sectores.

Convivendo com o inimigo

Acabei agora de acompanhar uma visita de um grupo de jovens, de vários países. Nunca vi espanhóis tão sossegadinhos e murchos...

Corações ao alto!

Que hoje é dia de felicidade! Amanhã vai estar tudo na mesma, mas durante algumas horas, deixem-nos saborear o sabor da vitória! Se é sobre a Espanha, até dá um saborzinho especial! É mesquinhice, eu sei, mas hoje perdoa-se, já estava farto de os ouvir!


Ah, Nuno, que até te dava um beijo!

domingo, junho 20, 2004

Outra vez?

Passei a tarde toda a ouvir carros de bombeiros a passar e toca agora a sirene uma vez mais. Bolas!

Adenda: Está aqui a explicação. Bolas!!!

Dêem-lhes a independência!

A ver se eles se safam bem sozinhos. Quem é que é cubano?

Espanha-Portugal

É hoje! Finalmente, o embate mais esperado dos últimos dias!

Os espanhóis jogam forte,


usam todas as armas disponíveis.


Chegaram até a falar do árbitro!


Cá para mim, estão é com medo...

Porque já sabem que, assim, perdem de caras!

sábado, junho 19, 2004

Rússia-Grécia

Nem queiram saber, a chatice que isto é! Ao que parece, beldades gregas é coisa que não existe! Assim sendo, como é que nos ganharam no Sábado?!

Sendo assim, a Grécia perde por falta de comparência... Mas a Rússia também não anda melhor, afinal a menina do Wonderbra também não é propriamente concorrência que se apresente...

Bom, melhor se arranjará para o Espanha-Portugal!

sexta-feira, junho 18, 2004

Somos todos terroristas potenciais

Andorra, Austrália, Bélgica, Reino Unido, Brunei, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Islândia, Irlanda, Itália, Japão, Liechtenstein, Luxemburgo, Mónaco, Países Baixos, Nova Zelândia, Noruega, Portugal, San Marino, Singapura, Eslovénia, Espanha, Suécia e Suíça.

Esta é a lista de países cujos cidadãos, a partir de 26 de Outubro deste ano, necessitarão de um visto para entrar nos Estados Unidos, a menos que já tenham um passaporte de leitura óptica.

Afinal, há mais "anti-americanos primários" à solta do que eu pensava...

Agora, das duas, uma:

ou os governos destes países respondem, ou o Lula, mesmo acusado de ser um pinguço, tem mais tomates que esta gente toda junta! Reciprocidade, já!

Adenda: "a partir do dia 30 de Setembro todos os cidadãos destes 27 países que visitem os EUA serão submetidos à recolha electrónica de impressões digitais ao entrar no país e ser-lhe-á retirada uma foto digital, que será guardada nos arquivos da polícia e dos serviços de imigração."

Letónia-Alemanha



Quando a Letónia chegou ao Euro, fartei-me de dizer que podiam vir a ser uma surpresa. Aí está a confirmação. Isto é jogo fraco de espectáculo, mas ganha a Letónia, só por causa das coisas (Claudinha, vai-te encher de moscas, és foleira à brava!). 1-0!

Holanda-República Checa



Huuuuummmmm... Pois... Eu até torço pela Holanda... Mas a República Checa... Desta vez, não me importava que ganhassem as duas!

Ma chè!!!

A UEFA anda-me a meter nojo! Cambada de lacaios dos interesses das grandes selecções, é o que eles são! Nem vou falar da Inglaterra. Vou falar, isso sim, da Itália. Então, vão dar 3 jogos de suspensão ao Totti, por ter cuspido na cara de um jogador dinamarquês?!

Agora, perguntar-se-ão vocês "Ó Tiago, então mas isso lá é ajudar?!". Ah, mas aí é que está! Lá por serem lacaios, não quer dizer que sejam burros... É que, assim, o Tottizinho tão cedo não volta a ficar com os pés escaldados...

Nacionalista distraído

"Muitas contas ainda podem ser baralhadas, e isto significa que este é o campeonato mais equilibrado e disputado da Europa, mais ainda do que o Mundial, uma vez que todas as equipas estão em condições de chegar à final. O caso da Grécia é exemplar."

Este homem não cessa de me surpreender. Depois de tantas manifestações de nacionalismo exacerbado (outros diriam serôdio), de tantas manifestações de confiança plena nas capacidades nacionais para o sucesso (também conhecido como "cegueira direitisto-reumatóide"), então, não é que depois disto tudo, se distrai desta maneira?!

De uma assentada, elogia os gregos (esses novos inimigos mortais nacionais) e esquece-se dos russos, que nós já mandámos apanhar malvas para os arredores de Moscovo!

Shame on you, Mr. Delgado!

Os amigos são sempre bem-vindos

É com enorme prazer que dou as boas vindas à blogosfera ao Aulil. Estava a ver que nunca mais, ó Silvenius!
Já está na coluna de links!

Toma!

Resultado: 28 pontos

Eu tenho um excelente vocabulário.


Teste Seu Vocabulário.


Oferecimento: InterNey.Net

quinta-feira, junho 17, 2004

Motivo

Here at the glass -
all the usual problems, all the habitual farce.
You ask, in uncertain voice,
what you should do,
as if there were a choice but to carry on
miming the song
and hope that it all works out right.

Tonight it all seems so strange -
my spirit feels rigid, my body deranged;
still that's only from one point of view
and we can't have illusion between me and you,
my constant friend, ever close at hand -
you and the undercover man.

I reflect:
"It's very strange to be going through this change
with no idea of what it's all been about
except in the context of time...."
Oh, but I shark it, I've half a mind not to work it all out.
Is this madness just the recurring wave of total emotion,
or a hide for the undercover man,
or a litany - all the signs are there of fervent devotion -
or the cracking of the dam?

It's cracked; smashed and bursting over you,
there was no reason to expect such disaster.
Now, panicking, you burst for air,
drowning, you know you care
for nothing and no-one but yourself
and would deny even this hand
which stretches out towards you to help.
But would I leave you in this moment of your trial?
Is it my fault that I'm here to see you crying?
These phantom figures all around you should have told you,
you should have found out by now,
if you hadn't gone and tried to do it all by yourself.

Even now we are not lost:
if you look out at the night
you'll see the colours and the lights
seem to say people are not far away,
at least in distance,
and it's only our own dumb resistance
that's making us stay.
When the madness comes
let it flood on down and over me sweetly,
let it drown the parts of me weak and blessed and damned,
let it slake my life, let it take my soul and living completely,
let it be who I am.

There may not be time for us all to run in tandem together -
the horizon calls with its parallel lines.
It may not be right for you to have and hold in one way forever
and yet you still have time,
you still have time.

Van Der Graaf Generator - The Undercover Man

Croácia-França



Pois... Eu sou suspeito, mas... Vá, pronto, dá empate!

Blogueiros de todo o mundo, uni-vos!

O New York Times deu a ideia. A Laranja pegou-lhe. E eu sigo já o exemplo, também!

George, quero o meu pedido de desculpas! Rápido e com bons modos!

Rússia-Portugal



Nem o Wonderbra lhes valeu! Toma lá 2-0!

Bulgária-Dinamarca



No fundo, eu sempre me senti meio-dinamarquês.

Itália-Suécia



Vai ser um jogo renhido. Mas, assim, a Itália não dá mesmo hipótese. Sorry, Helen, better luck next time!

Realmente, oh Tiago!

Há gente muito perspicaz. Eu não devo ser um dos melhores exemplos cá do burgo.

Se assim não fosse, também eu já tinha chegado a esta explicação para o facto de ser o Brasil e não a Turquia o país penta-campeão mundial de futebol. Afinal, é tudo uma questão de motivação! Fiat lux!

Laranja, feeling better?

Não é já de Natal esta poesia.
E, se a teus pés deponho algo que encerra
e não algo que cria,
é porque em ti confio: como a terra,
por sobre ti os anos passarão,
a mesma serás sempre, e o coração,
como esse interior da terra nunca visto,
a primavera eterna de que existo,
o reflorir de sempre, o dia a dia,
o novo tempo e os outros que hão-de vir.

Jorge de Sena - Reflorir, sempre

Meu corpo, que mais receias?

Bordado. Preto. O relevo lembrava vagamente brocado, espirais ou flores, não consegui perceber muito bem. Nunca mais vou esquecer o perfil da sombra, o burlesco que me pareceu, assim, de repente. E como, instantes depois, já eu me esquecia de tudo isso, distraído com mãos, cabelos, olhos, bocas. O cheiro, lembro-me perfeitamente do cheiro. Nunca mais senti nada assim. Excepto uma vez, um ano mais tarde, na rua. E não consigo ainda hoje perceber o que é, nem como foi possível, mais tarde, longe, bem longe, encontrá-lo de novo. Reconhecê-lo imediatamente. Sentir as minhas próprias reacções a uma recordação tão vívida (e vivida). O arrepio que eu sei que conheces bem. Porque é igual ao que me fazias. Quando me dizias ao ouvido aquela primeira frase do Jorge que te ensinei na primeira noite, lembras-te? "Meu corpo, que mais receias?"
Mordiscavas-me até que eu respondesse aquilo que esperavas, que querias ouvir. Porque tinha sido essa a senha que tinha partilhado contigo. "Receio quem não escolhi."
Às vezes, demorava mais a responder. Sabes bem que sim. E porquê. Admirava o teu entusiasmo, a forma como te entregavas. Como tudo era tão a sério. E tão a brincar.
Os teus Descobrimentos eram mais discretos. Mas mais divertidos.

Há uns dias, vi um anúncio de uma marca de batons. Não pude evitar um largo sorriso. Uma das modelos, boneco pago para me/te fazer acreditar que aquele sim, é o baton que seca num milionésimo de segundo e que dura 72 horas exposto à água do mar ("Mafu, Mafu, mata moscas, melgas e mosquitos! Mafu mata bem e mata mesmo! Mafu! Mafu! Mafu! É o seu insecticida!" Rias-te tanto quando eu me punha a cantar isto, de balde na mão...), uma das modelos, dizia eu, fez uma expressão. Uma expressão que conheço bem. É tua. Aquele dia em que caí, naquele célebre jogo (de nível mundial), o "Latinos" versus "Resto do mundo". Tenho uma vaga ideia desse momento. Do choque contra o Christian. Não me lembro bem para onde estava a olhar. Mas sei que, de repente, a imagem deu uma volta de 180 graus, ao mesmo tempo que algo me atingia no estômago. Maldita vedação! A expressão da modelo do baton era igual à que fizeste quando vieste ver como estava.
A pressão latente nos colchetes... Abril refeito a cada noite. Gostavas de Abril. Achavas piada, à história. Achavas o Salgueíru Máiá um centurioni, pronto a derrubar as muralhas do Cármó. Divertia-me a explicar-te os pormenores. Porque me divertiam as tuas reacções aos detalhes tão portugueses como o cravo na espingarda. Ou a distribuição de comida pela população aos militares, ainda durante a operação. Os cânticos da população pelas ruas, durante um cerco. Mas sobretudo porque via o brilho nos teus olhos. Como acreditavas que Abril era possível. Como me dizias que não seria bem assim, cada vez que eu fazia aquele ar sério só para dizer que Abril não tinha sido feito, que muitas das promessas não tinham sido cumpridas. Que hoje estávamos, afinal, mais perto do que imaginávamos ser possível de Março. E como quase me convencias.

Sempre me convenceste. Sem eu dar por isso. Para tudo, entusiasmava-me a tua criatividade. Assustava-me, às vezes. Mas não o suficiente para me enegrecer o horizonte.

quarta-feira, junho 16, 2004

Estou a ouvir as sirenes

O oliveirinha dizia-me, há cerca de uma hora atrás, que um incêndio tinha deflagrado a cerca de 200 m do local de trabalho dele e estava descontrolado, ameaçando casas e um depósito de gás doméstico.

Quando saí do trabalho, a coluna de fumo era demasiado evidente para que não a visse. Mas a direcção dela fez-me confusão; parecia vir de um pouco mais ao lado, da zona da nossa escavação! Fui até lá, afinal há uma estrada alcatroada que passa mesmo em frente e sempre dava para ver o tal incêndio de que ele me falara, a uma distância segura. A cerca de 200 m da escavação, dei por mim envolto numa nuvem de fumo e cinzas. E só depois percebi que, mesmo ao meu lado, estavam carros de bombeiros e homens que combatiam pequenas chamas (é uma zona de mato rasteiro). E, de repente, percebi que barulho de crepitar era aquele que vinha a ouvir.

É tudo igual, novamente. As pessoas apressadas nos carros, porque veêm a coluna de fumo próximo de suas casas; os pássaros a voarem descoordenados pelas vagas de fumo e de calor; o som das sirenes que acabam de passar na estrada junto a minha casa, apressadas e alarmantes.

O cheiro. Lembrava-me tão bem do cheiro, afinal.

História, as provações a que te sujeitam!

Onze gladiadores espanhóis para furar a muralha grega

É o título do Público para o jogo de hoje entre Espanha e Grécia. Então, mas os gladiadores não eram romanos? Então, mas os romanos não vieram depois dos gregos?

Tem pai que é cego... e xenófobo!

Sinceramente, eu gostava que alguém me explicasse a lógica da UEFA!

Segunda-feira, foi o festival que se viu em Albufeira. Esta noite, novos confrontos levaram à detenção de 34 adeptos ingleses. Novamente em Albufeira. Passo a citar:

"Tudo começou quando estes adeptos, cerca de 300 que entoavam cânticos racistas, começaram a atirar garrafas, copos, cadeiras e mesas de esplanada contra as forças de segurança destacadas para o local."

O Tony, numa das poucas declarações inteligentes que lhe conheço, diz o seguinte destes energúmenos:

"Sejamos claros, [os incidentes] são totalmente intoleráveis", disse Blair perante a Câmara dos Comuns. Para o primeiro-ministro a polícia portuguesa deve "agir severamente e garantir que aqueles que provocarem desacatos sejam alvo de duras sanções".

E a UEFA? Sim, o que é que tem a UEFA a dizer disto tudo?

Bom, o seu director de comunicação foi bastante claro:

"Incidentes como os que aconteceram em Albufeira acontecem todos os verões no Mediterrâneo e não têm relação directa com o futebol, por isso vamos deixar a polícia portuguesa fazer o seu trabalho"

Assim sendo, aquilo que se pode concluir é o seguinte:

Para a UEFA, incidentes provocados por multidões de adeptos de futebol embriagados, que actuam com contornos típicos de hooligans, nada têm a ver com o Euro 2004. Assim, também deverão ter dito o mesmo sobre as batalhas campais que vimos durante o Euro 2000, não? Mentira, como todos nós sabemos, pelo que vimos durante essa competição.
Mais, ficamos a saber que, para a UEFA, é normal "no Mediterrâneo" existirem batalhas campais no Verão, com centenas de pessoas envolvidas. Ah bom, ainda bem que me esclareceram sobre a vossa opinião em relação aos países mediterrânicos!

Adenda: Devido a ter-me baseado numa primeira notícia do Público, faltam alguns pormenores sumarentos à história, como vim a verificar em notícia mais actualizada.
Assim sendo, aqui fica a citação mais pormenorizada:

"Os desacatos começaram cerca da 01h30 desta madrugada, quando várias dezenas de adeptos começaram a entoar cânticos, o que atraiu ao local ainda mais ingleses.

De acordo com a GNR, os ingleses começaram então a provocar e agredir pessoas que circulavam na área.

Perante a intervenção gradual das forças de segurança, "assumiram comportamentos deliberadamente violentos", arremessando cadeiras contra as janelas de bares e todo o tipo de objectos contundentes contra as forças de segurança, afirma o Comando-Geral da GNR.

Cerca das 02h15, verificou-se um reforço significativo das autoridades, com recurso a forças de infantaria, cavalaria e militares acompanhados por cães, ao mesmo tempo que era dada ordem de encerramento a todos os bares."

Agora é que dei cabo do Quizilla

Está visto, os testes andam marados! Senão, expliquem-me lá estes dois resultados consecutivos:

cuddle and a kiss
cuddle and a kiss on the forehead - you like to be
close to your special someone and feel warm,
comfortable, and needed


What Sign of Affection Are You?
brought to you by Quizilla


Scorpio
You should be dating a Scorpio.
23 October - 21 November
Your mate is passionately caring, dynamic and
sensual. Though he or she can be
self-destructive, ruthless or overbearing, the
scorpion's sex life involves releasing his/her
most pent-up passions.


What Zodiac Sign Are You Attracted To?
brought to you by Quizilla

Marguerite entre mes jambes

Olhó Zandinga!

Premonições

"The Billie Jean is not my lover
She's just a girl who claims that
I am the one
But the kid is not my son
She says I am the one
But the kid is not my son"

O Michael Jackson, afinal, sempre soube que um dia teria problemas com crianças...

terça-feira, junho 15, 2004

Estarei deprimido?

"Vive-se um ambiente negativo, de pessimismo e insegurança, que não favorece nenhum governo"

Estranho, há uns dois anos não me sentia tão pessimista e inseguro...

Uma islandesa maluca



Quero uma destas!
Vermelha, tinhas de me vir lembrar destas coisas?!

Eu tenho um sonho

Após inspiração do Jatón

Quando os arquitectos da nossa República escreveram as magníficas palavras da Constituição e da Declaração de Rendimentos, assinaram uma promissória de que todos os portugueses seriam devedores. Esta nota foi a promessa de que todos os homens, sim, homens que não gostam de futebol como homens que vão à Luz ou ao Dragão todos os fins-de-semana, teriam garantidos os inalienáveis direitos à cerveja, ao caracol e gajas boas a passarem semi-descascadas pelas esplanadas.

Mas existe algo que preciso dizer à minha gente, que se encontra no cálido limiar que leva ao templo da Justiça. No processo de consecução de nosso legítimo lugar, precisamos não ser culpados de actos errados. Não procuremos satisfazer a nossa sede de liberdade bebendo na taça da amargura e do ódio. Afinal, os compradores de bandeiras pagodescas continentais também são portugueses! Muitas vezes, precisamos elevar-nos às majestosas alturas do encontro da força bruta com a força da alma; e a maravilhosa e nova combatividade que engolfou a comunidade não-bandeiresca não deve levar-nos à desconfiança de todas as pessoas que, levadas por algum êxtase místico, terão, certamente, sido trapaceadas na altura da compra, por um filho mais expedito, que terá, sub-repticiamente, introduzido a referida bandeira no carrinho de compras. Isto porque muitos de nossos irmãos portugueses, como está evidenciado em sua presença nos estádios do Euro, vieram a compreender que seu destino está ligado a nosso destino. E vieram a compreender que sua liberdade está patrioticamente unida a nossa liberdade. Não podemos caminhar sozinhos. E quando caminhamos, precisamos assumir o compromisso de que sempre iremos adiante. Não podemos voltar (à tarde de Sábado).

Digo-lhes hoje, meus amigos, embora nos defrontemos com as dificuldades de hoje e de amanhã, que eu ainda tenho um sonho. E um sonho profundamente enraizado nas miríficas construções que este belo Portugal viu crescer, quais cogumelos, nos últimos anos.

Eu tenho um sonho de que um dia, esta nação se erguerá e viverá o verdadeiro significado de seus princípios: “Achamos que estas verdades são evidentes por elas mesmas, que todos os homens são criados iguais, até que os Ministérios do Trabalho e da Segurança Social e das Finanças provem o contrário“.

Eu tenho um sonho de que, um dia, nas rubras colinas olisiponenses, os filhos de antigos comunistas e os filhos de antigos salazaristas poderão sentar-se juntos à mesa do Congresso do PSD.

Eu tenho um sonho de que, um dia, até mesmo o arquipélago da Madeira, uma região sufocada pelo cheiro a suor de Alberto João Jardim, será transformado num oásis de liberdade e justiça olfactiva.

Eu tenho um sonho de que meus filhos, um dia, viverão numa nação onde não serão julgados pela bandeira que penduram ou não na janela de seus carros e sim pelo conteúdo de seu carácter.

Quando deixarmos soar a liberdade, quando a deixarmos soar em cada povoação e em cada lugarejo, em cada cidade, poderemos acelerar o advento daquele dia em que todos os filhos de Deus, adeptos portistas e benfiquistas, sportinguistas, bloquistas, comunistas, socialistas e sociais-democratas, peixeiras, advogados, médicas e fiscais de linha poderão dar-se as mãos e cantar com as palavras do antigo espiritual: " Livres, enfim. Livres, enfim. Agradecemos a Jorge Nuno Pinto da Costa, todo-poderoso, somos livres, enfim".

Mais um momento vergonhoso

Ética e corporativismo

Alexander Mostovoi foi expulso da selecção russa por ter feito declarações, após a derrota frente à Espanha, onde atribuía a derrota à excessiva carga física prévia ao jogo.
Sem querer entrar em discussões sobre se os motivos serão, de facto, válidos, a verdade é que a FPF devia começar a olhar mais para os russos. Senão, como se justifica que Rui Costa e Figo tenham feito as declarações que fizeram na passada semana sobre a utilização de Deco? Podem ter muita razão, por acharem que a selecção nacional apenas deve incluir jogadores nascidos em Portugal (ou em território nacional, pensando na questão das ex-colónias). Mas o facto é que, a partir do momento em que entraram em estágio para o Euro 2004, cabe a estes jogadores, como parte da selecção, calarem-se bem caladinhos e trabalharem para atingir os objectivos a que se propõem, não discutir questões políticas. Isso fica para outras alturas. Não é o momento para corporativismos bacocos. Mas, pelos vistos, as estrelinhas da selecção sentem-se demasiado como isso mesmo: estrelinhas, à beira de se extinguirem...

Depois venham-me cá dizer que sou pelos franciús...

Ah pois é, os amigos ingleses lá me começaram a dar razão. E não me venham cá com histórias que não está muito bem esclarecido, blábláblá, como fizeram quando falei na questão do gás nas Marchas.

Desta vez, 200 adeptos ingleses invadiram as ruas e cortaram o trâsito em Albufeira. À chegada, a GNR foi recebida com copos, garrafas e cadeiras lançadas de dentro dos bares. Pois, pá os coitados dos ingleses é que foram provocados, pá! Os gajos nem queriam fazer nada de mal, até são tão ordeiros, pá! Tu é que és mesmo mauzinho, ó Tiago...

Outubro negro

Eu sei porque fiquei já de pé-atrás com estes incêndios de peuqenas dimensões que têm deflagrado pelo país. Lembro-me bem demais do Verão passado. Não tive bens ou terrenos meus a serem afectados por isso, como algumas pessoas que conheço. Mas lembro-me bem demais.

Lembro-me de ir visitar o meu pai ao hospital no momento em que começou o incêndio da Chamusca. Lembro-me perfeitamente de ver, das janelas do Hospital de Torres Novas, as explosões de fogo a começarem. Viam-se como se estivessem a algumas centenas de metros de nós, colunas de fogo que rebentavam de vez em quando e começavam imediatamente a arder em manchas de árvores enormes.

Lembro-me de, às 7 da tarde, na margem norte do Tejo, ser "noite cerrada", pela nuvem de fumo que cobriu o céu. Lembro-me, porque peguei no carro a essa hora. E precisava dos médios para conseguir circular.

E, finalmente, lembro-me do levantamento que fiz em Vila de Rei, em inícios de Outubro. Uma semana enfiado no meio do mato, à procura de património cultural (arqueológico, etnográfico, arquitectónico) que tivesse sido afectado pelos incêndios. Lembro-me bem demais dos quilómetros negros que percorremos, eu e o Laurent. Das nuvens de pó negro que se levantavam a cada passo. Da cinza que andava constantemente no ar e da quantidade de carvão que trazíamos agarrada às roupas, de tal forma que parecíamos mineiros, às vezes. Lembro-me de imaginar como teria sido, naqueles pontos onde estive, em pleno incêndio. Não consigo sequer imaginar, por mais que me esforce, a realidade é sempre mais cruel que a imaginação.

Eles andam aí

Silva Escura - Sever do Vouga
Tabueira - Cantanhede
Alvados - Porto de Mós (este conheço pessoalmente)
Quintã - Penafiel

4 incêndios, os 3 primeiros por circunscrever. Estou a ver que o plano de combate aos incêndios florestais está a começar bem...

Adenda: Monforte da Beira, Aldeia de João Pires e Escalos de Cima, mais 3 incêndios, todos no distrito de Castelo Branco. Montargil, incêndio que deflagrou no Sábado, em fase de rescaldo. Em Nisa, 60 hectares de eucaliptos (vá lá!) consumidos. Mas ninguém liga? É realmente estranho, para um país que, há menos de um ano, esteve à beira da histeria colectiva devido aos incêndios.

segunda-feira, junho 14, 2004

Isto é que havia de ter sido o lema de ontem!



Sempre a charutada tinha sido maior...

Os franceses é que a sabem toda...

Adoro Brie. Sou viciado em Brie. E Camembert. Mas o Brie tira-me do sério! Felizmente, controlo o consumo, senão acho que rebentava de Brie!

E venham de lá os ingleses tentar fazer melhor!

Sais-te com cada uma, oh Vermelha...

sandals
Sandals- peaceful, daydreamy, and thoughtful, you
often find yourself staring into space. When
you aren't out volunteering you are often just
dreaming away. You enjoy the company of
friends sometimes but enjoy peace and quiet.
[please vote! thank you! :)]


What Kind of Shoe Are You?
brought to you by Quizilla

Os melhores ao vivo em Portugal

Ontem, tive a oportunidade de, pela quarta vez, assistir a um concerto dos Blasted Mechanism. Não é música dita erudita; não é música romântica; não é música particularmente melodiosa. Mas é impossível ficar quieto a assistir a um concerto destes! E é um espectáculo para se VER. Primeiro que tudo, pelos fatos utilizados. Desde 1997 que os Blasted se afirmaram como uma banda de marcado cariz visual, com fatos, de início, de inspiração étnica, numa versão mais cuidada dos "modernos primitivos" de que falava um documentário da SIC há uns anos (um amigo chama-lhes "os fatos de gafanhotos", eu cá prefiro achar que eram lulas aquilo que eles tinham na cabeça), mais tarde evoluindo a sua própria imagem ao ritmo da evolução sonora por que passaram. A seguir aos fatos de imagem bio-mecânica (afinal, nada mais que uma espécie de evolução para umas lulas biónicas, cibernéticas, futuristas), os Blasted Mechanism evoluíram para a imagem actual, onde surgem como personagens de outro planeta. Para além da complexidade intrínseca dos próprios fatos, permitindo que o desnudar dos artistas ao longo do espectáculo nunca mostre mais do que, afinal, um outro fato que subjaz ao removido, também o simbolismo destes ganhou nova dimensão. Mesmo os 2 elementos que tocam ao vivo com os Blasted Mechanism apresentam imagens que tanto nos transportam para o Metropolis de Fritz Lang, como para o imaginário de Bosch.
Paralelamente, a criação de uma cosmogonia completa, baseada na ideia da "expansão do universo", apesar de não ser nova, é algo muito interessante de ver explorado. Até ao nível da criação de um dialecto próprio.
Apesar da média de idades ser muito, mas mesmo muito baixa, o concerto esteve animado desde o primeiro momento. O público estava, de facto, à espera, já sabíamos o que ia ali acontecer. E não saímos defraudados. Karkov conseguiu comandar as hostes como sempre, pondo-nos a pular e a acompanhá-lo nos movimentos de braços, nos gritos de Nadabrovitchka! Valdjiu estava imparável, sempre a saltar pelo palco fora, com movimentos muito bem ritmados, a puxar pelo público com o seu bamboleco. Ficou-lhe muito bem ter levado pela mão aquela menina de 2 anos que alguém pôs em cima do palco, para ela ir conhecer Karkov, que estava em pleno palco a preparar-se para tomar de assalto novamente a multidão. Foi bonito de ver, o ar surpreendido de Karkov. E a ternura com que olhou para a miúda, que olhava para ele espantada com tão inusitada figura.
Ary estava particularmente divertido, a provocar a assistência em frente a si.
Gritou-se muito. Saltou-se ainda mais. Acho que o suor que dispendi enchia meio Castelo de Bode! Mas o público estava com os Blasted Mechanism. Foi deles para fazerem o que quisessem. E o toque final foi a vinda de Karkov para o meio do público, onde foi imediatamente envolvido, perdendo-se de vista. Ao reaparecer, suportado pela multidão, já a sua máscara lhe tinha sido arrancada e Karkov assumia-se, pelo primeira vez num concerto a que eu tenha assistido, sem qualquer tipo de máscara perante o público, segurando aquela que tinha sido durante mais de uma hora a sua cara!
Mostraram, definitivamente, que são, neste momento, a melhor banda portuguesa ao vivo!

E depois...
Bom, depois do encore, o concerto acabou mesmo. Com o público ainda a pedir mais. Mas a única coisa que surgiu em palco foi aquela espécie de mestre de cerimónias com entoação típica de locutor de carrinhos-de-choque, a dizer para "termos uma boa noite, mandarmos uma queca e não fumarmos droga"!

Como ia com um amigo e visto não nutrirmos um pelo outro sentimentos libidinosos, achámos que, se não seguíamos um conselho, também não seguiríamos o outro!

A charm invests a face

A charm invests a face
Imperfectly beheld.
The lady dare not lift her veil
For fear it be dispelled.

But peers beyond her mesh,
And wishes, and denies,
'Lest interview annul a want
That image satisfies.

Emily Dickinson

Fora com eles!

Quando é que a UEFA tem coragem para assumir uma atitude condenatória em relação à Inglaterra? Quando é que vamos poder ter competições internacionais sem medos particulares destes ou daqueles adeptos? Sobretudo, quando são sempre os mesmos a criarem certos problemas? Em 2000, os ingleses estiveram envolvidos nos maiores desacatos. Mesmo assim, à selecção inglesa foi permitido participar no apuramento para o Euro 2004. Conseguiram. Cá estão. Perderam ontem, num golpe de azar, mas com muita classe. Não se podem queixar de nada. A sua querida estrela, o seu queridinho capitão, falhou um penalty. A querida estrela francesa, o queridinho capitão gaulês, não. Tão simples quanto isto. Um minuto antes, já tinha deixado o guarda-redes inglês pregado ao chão com um tiro fulminante. Voilá!

Perderam. E perderam bem, mesmo que em 2 minutos.

Mesmo assim, os potes de banha e cerveja ingleses que estavam no Parque das Nações lá acharam que a melhor forma de carpir as mágoas de uma derrota seria agredir, insultar e cuspir nos adeptos franceses presentes.
Tal como, uns dias antes, tinham achado muito engraçado deitar gás lacrimogéneo para dentro de um dos autocarros que transportavam elementos das marchas populares.

Brilhante. E sintomático. Quanto mais se avançar na competição, mais violentos e desrespeitadores se tornarão os ingleses. Corram com eles de uma vez! Se a selecção inglesa começar a deixar de poder participar neste tipo de competições a cada vez que adeptos seus causarem distúrbios deste género, de certeza que os meninos acalmam.

Eu admito...

Era da opinião dele que eu andava mais à espera. E não me desilude! Continua cada vez melhor!

"Durão Barroso e Pedro Santana Lopes, e de igual forma Paulo Portas, deram um claro sinal público de que tinham entendido o aviso solene do eleitorado"? Quando? Ao desvalorizarem uma vitória do PS com base na elevada abstenção? Porque é que a primeira declaração oficial do PSD, logo ao fecho das urnas, afirma que o grande vencedor das eleições é a abstenção?

"A maioria e o Governo passaram dois anos muito difíceis, que se transmitiram aos portugueses". Erro. Os portugueses passaram dois anos muito difíceis e finalmente começam a ter oportunidades de o transmitirem à maioria e ao Governo culpados por esses mesmos dois anos.

"A economia já deu a volta, mas é preciso que a viragem chegue às pessoas". Ah!Ah!Ah!Ah!Ah! Boa miúdo! Eu sempre disse que tinhas talento para a comédia!

"A coligação aceitou com humildade o forte e sonoro recado do eleitorado"? Humildade? HUMILDADE?! Delgado, pá, desculpa lá qualquer coisinha, mas vai-te encher de moscas!!!

Mama a bucha!!!

sábado, junho 12, 2004

Eu também vou ser!

Hoje, mesmo com tudo aquilo que há de mau neste evento e que tem sido regularmente apontado, também vou ser tuga!

Desculpa, Tiago, mas hoje vais passar por uma transformação e, durante algumas horas, vais ser mais um bronco contente porque uns mânfios metem uma bola numa baliza com os pés.

Que se lixe, já combinei com um amigo. Venha a imperial, o caracol e os golos!

sexta-feira, junho 11, 2004

Resolução de problemas

Consegui finalmente pôr o Haloscan a funcionar com este novo template. obrigado, Laranja, pela disponibilidade, mas acabei por lá chegar antes que pudesses pôr mãos à obra.

Assim, creio que não existirão mais problemas em comentar.

Outras queixas dos frequentadores habituais já foram registadas. Serão resolvidas a seu tempo, mas será, seguramente, em breve.

Isto é do calor, coitados...

Não queremos nem devemos dramatizar, nem tão pouco fazer do Professor um mártir, mas a verdade é que o Professor também deveria fazer parte das pessoas que não cuidava da sua saúde. Provavelmente, não media a tensão há muito tempo. A sua morte já estava prevista.

Ao mesmo tempo, estamos certos, esta foi a melhor e a mais eficiente forma do professor dizer basta desta politiquice e dos politiqueiros que a alimentam.


É isto que o PPM pensa da morte de Sousa Franco. De facto, a monarquia só podia ter caído...

Passa aí um balde de massa, ófaxavore!!!



Agora digam-me lá, é isto que põe aí o mulherio todo a suspirar? Este é que é o trolha mais bem pago do mundo?

David, pardon my french, but:

és um pindérico, pááá!

(desculpa ter-te roubado a imagem, Sara)

Ser tuga

Ser tuga é mesmo isto! É dizer mal destes gajos todos, pá! Um bando de safardanas que não valem um chavo, pá! Anda tudo aí à mama!...

...mas andar com a bandeirinha de Portugal presa no carro, por estes dias. Porque é engraçado. Porque os miúdos gostam. Porque a malta está a aderir e é giro. Porque, afinal, gostamos muito de dizer mal disto tudo, mas temos a secreta esperançazinha cristã que a nossa fé inabalável que melhores dias virão vai ajudar-nos!

quinta-feira, junho 10, 2004

Consequências

É evidente que a morte de Sousa Franco é um momento que todos preferiríamos que não tivesse existido, em plena campanha, na qual era cabeça de lista. É evidente que este PS liderado por Ferro Rodrigues não tem mesmo sorte nenhuma. Tudo lhe acontece. E é evidente que Sousa Franco era, de facto, um homem de grande valor. Como foi repetido até à exaustão, um académico respeitado, um homem de convicções, democrata insígne, correcto e, como demonstrou nesta última campanha, um homem afável, simpático, no trato. Enfim, morreu uma boa pessoa.

É também evidente que os palhaços que se degladiaram pela posse do poleiro de Matosinhos (que pobreza de espírito, meu Deus!) devem ser recambiados rapidamente para um qualquer circo Chen da política. Rapidamente e sem direito a recurso!

Mais evidente ainda se tornou o carácter (ou melhor, a falta dele) de uma parte da direita que somos obrigados a ter no nosso país. E, pior que tudo, essa parte da direita até está no poder! Sinceramente, o primeiro-ministro Durão Barroso tinha, pelo menos, obrigação de fazer o discurso que fez. Mesmo que o político Durão Barroso não pudesse ver Sousa Franco nem pintado de laranja, por estes dias. Mas como primeiro-ministro, tinha uma obrigação, que cumpriu. Por seu turno, o ministro da defesa Paulo Portas, já não a tinha. E, se o presidente do PP Paulo Portas fosse uma pessoa de carácter, tinha estado era muito bem caladinho, depois do tipo de insultos violentos que ele e os seus meninos queques dirigiram a Sousa Franco nos últimos dias! Deste PP, a única coisa que me apetecia ver era um mea culpa público. Era calarem-se, permanentemente. Caso tivessem sentimentos e carácter, duas coisas que deviam estar em falta no stock quando estes senhores nasceram, haviam de sentir-se horrivelmente para o resto das suas vidas. Mas, por outro lado, se tivessem sentimentos e carácter, não tinham tido o comportamento dos últimos dias.

Finalmente, se esta espécie de coligação pela destruição de Portugal tivesse carácter e qualquer outro objectivo que não a venda a retalho deste país aos seus amiguinhos, não existiriam, como provavelmente já existem e como seguramente existirão, tentativas de ver neste episódio uma justificação para uma possível vitória do PS. Com a lógica do voto por simpatia. Estou à espera de ver a coligação levar uma valente charutada no Domingo, para, apenas 4 dias após as lágrimas de crocodilo que verteram para gáudio da populaça, estes mesmos senhores, que, para nosso azar, nos governam, virem dizer que houve uma distorção da realidade, devido à morte de Sousa Franco.

Espero para ver! Mas estou cá com um destes palpites...

quarta-feira, junho 09, 2004

Ana 2

Disseram-me que nasceste às 2 da manhã. Feliz coincidência, foi a hora a que estava a escrever o post. Ao que parece, correu tudo bem!

Parabéns, aos 3!

Loucura total, calor infernal

470 miúdos, pré-primária e 1º ciclo. Actividades ao ar livre. Sob a minha responsabilidade, atelier de cerâmica. Calor infernal, putos hiperactivos.

Marx morreu, Sousa Franco também e eu próprio não me estou a sentir muito bem...

Daqui a 10 minutos, novo assalto.

Aiiiiiiiiiiiiii!

Ana

A esta hora, estás provavelmente a nascer. Estive com o teu pai há poucas horas. E isso é algo que poderei sempre dizer, mesmo a ti, quando cresceres "eu fui o último da malta a estar com o teu pai, antes de tu nasceres. A última cervejinha com os amigos antes de entrar no clube dos pais, tomou-a comigo".

Hoje olhei para o teu pai e dei por mim a imaginar o que iria naquela cabeça. Será que ele sabia a mudança por que ia passar a vida dele? Provavelmente não. Mas tem, de certeza, todo o amor do mundo para lhe dar.

Quanto à mãe, nem se discute, será igual ou maior. Vão ser dois pais porreiros, tenho a certeza.

Que tudo corra bem hoje e que sejam muito felizes. Sempre!

terça-feira, junho 08, 2004

Ainda os sexos

(é desta que me cai tudo em cima...)

olh'ó futuro!

Esta agora...

segunda-feira, junho 07, 2004

Ronda pelo meile

Todos sabem já que recebo regularmente e-mails que partilho convosco. Normalmente, são mails com temas espatafúrdios. Hoje, recebi mais um que merece entrar na categoria dos e-mails divulgados no litanias. Vou, no entanto, divulgar apenas parte dele, aquela pela qual me sinto mais directamente atingido, para não ser demasiado longo. Quem quiser saber o seu, que pergunte, oras!

"Fantasias sexuais dos signos:

Balança
Estar apaixonado é o principal afrodisíaco deste signo. Quando está de bem com as coisas do coração, pode ser um amante maravilhoso [Ainda gostava de saber para qual dos signos esta regra não se aplica!]. Isso não significa que o sexo seja só pela atração física [Portanto, para quem escreveu este texto, amor=atracção física. Não sabia que me apaixonava assim tantas vezes!]. Uma fantasia ideal envolve um jantar à luz de velas, música romântica e muitas carícias preliminares [Meu/minha caro/a: até que é uma proposta engraçada. Mas sinto-me ofendido por achar que não consigo lembrar-me de nada mais imaginativo! Se for uma cara, não me importo de demonstrar. O meu e-mail está mesmo ali, naquela coluna á direita.]. Zonas Erógenas: Cintura e boca [Cintura? Oh diabo...]. Melhores horas para fazer amor: 19h40 a 21h19 e 08h20 a 10h39 [Isso explica muita coisa... Bom, das 19h40 às 21h19 ainda vai, mas das 8h20 às 10h39 é capaz de ser mais complicado. Tenho de arranjar uma boa desculpa para começar a chegar mais tarde ao trabalho!]."

Segunda-feira

Almôndegas de soja e gnocchi. Estou farto de carne. E de peixe. E de algumas pessoas.
A ruiva da caixa do supermercado irrita-me profundamente. A loira com o cesto de compras atrás de mim na fila cheira mal. Não suporto mulheres que cheirem mal. Sobretudo quando cheiram mal como ela!

Tu não escolheste um bom dia para me votar à indiferença, ó meia-leca. E tu, minha balofa, se continuas com piadinhas parvas, não respondo por mim!

Tenho coisas a fazer e parece que anda tudo demasiado lento ou com dívidas por cobrar. Vamos a ver quanto tempo mais aguento antes de começar a mandar pessoas à merda...

Dormir

Era, pelo menos, o que eu achava que ia conseguir. E, a cada minuto que olho para os números vermelhos, luminosos na escuridão do quarto, o tempo parece correr mais depressa. E esqueço-me de onde estou, que dia é, onde vou ter de estar daqui a umas horas. Esqueço-me até que não são os teus lábios nem a tua mão que me acariciam a pele. É, afinal, apenas o lençol. Esqueço-me de mim, porque no fundo, sei sempre que o teu corpo abandonado num qualquer sonho feliz onde pudéssemos verdadeiramente estar juntos não está aqui. Não tenho o teu corpo esmagado contra o meu, os teus braços à volta de mim, enquanto adormecemos. O meu ombro não te serve hoje de almofada. E limito-me a esperar que o sono chegue, com promessas de melhores ilusões, com a sua agradável inconsciência, a espaços imaginativa, que me permita a fuga para onde nos podemos encontrar. Onde não temos limites e podemos ser aquilo que quisermos.

Mas já sei que, ao acordar, não será com os teus beijos. E a primeira coisa que verei não será o teu ar divertido com os meus resmungos pelas cócegas que o teu cabelo me faz.

Depois, na noite seguinte, começa tudo de novo para mim. Para ti, provavelmente não.

Uma boa proposta

Ontem, um amigo propôs-me uma semana de férias. Eu, que até andava a pensar que este ano não tinha grande hipótese de tirar uns dias de férias, com o binómio trabalho/dinheiro a trabalhar contra mim, acho que vi a luz!
Uma semana, com zona geográfica a percorrer interessante em perspectiva e comparência num evento também nada desprezável! A ver vamos. mas seja como for, é uma proposta bem interessante! Veremos!

Com tanta conversa sobre o flying circus...

The Spanish Inquisition
You are the Spanish Inquisition sketch! Nobody
expects you!


Which Monty Python's Flying Circus Sketch are You?
brought to you by Quizilla

Ao menos, acertaram mesmo no meu sketch favorito!

domingo, junho 06, 2004

Momento nostálgico XIV

Paz e amor

Toda a cidade é um estado d'alma


Georges Rodenbach

Coisas de loira

Parecia que estava a adivinhar!

Eu juro que não sabia de nada...