domingo, agosto 29, 2004

I believe it last for too long

I believe in a message
I believe in the power of prayer
I believe in the future
I believe in a spiritual world
I believe we can achieve it
I believe that's something wrong
I believe there's too much for few
I believe it last for too long

I believe in the power of people
I believe in destiny
I believe in evolution
I believe in what i see
I believe the human body
I believe the mighty spree
I believe that's too little for many
I believe in what i see

Blasted Mechanism - I believe

quinta-feira, agosto 26, 2004

Smooth and tender, like all good surprises should be

Smooth and tender, like all good surprises should be. Shy, mysterious. As irresistible as your smile. Discovery, in the purest form, enchantment in the sweetest way.

Nice to meet you...

terça-feira, agosto 24, 2004

Terapia

A evolução natural das coisas leva a que nem tudo seja saboreado da mesma forma que era, no passado. Talvez por isso me sinta um pouco desligado, à margem dos acontecimentos. E pela rotina da falta de rotina. Volto ao "Good morning", intercalado com "Ça va?", café da manhã para mim, "Ó... Como é que ele se chama? Passas-me aí o pão?... Eh pá, desculpa lá, queria o chocolate, também... 'Brigadinho!". Percebo então que são muitos, já. Cometas, que passam rapidamente e que quase nunca temos oportunidade de rever. Alguns têm caudas muito longas. E também outros que passam mais regularmente.

Têm regras próprias, estes ambientes. Tudo se joga em 15 dias, ao nível do relacionamento entre as pessoas. Tudo aquilo que fizermos (ou não fizermos) será, provavelmente, tudo aquilo que o outro reterá de nós. Também por isso tudo ganha outro significado. O hábito leva a que seja cada vez mais cínico, em relação a isso. O tempo ensinou-me a lidar com estas situações, prever o que se passará a seguir. E saber muito bem até onde ir e aquilo que nunca, mas nunca!, se faz.

Novos conhecimentos a cada dia. Há sempre mais alguém com quem ainda não falámos. É o prazer da descoberta. Ensombrado pelo fantasma da ausência, que persiste. E me obriga a agarrar-me à realidade fantasiosa que criámos para estes dias, como forma de não deixar que a tua imagem me comande a cada momento que passa.

Consegui não pensar em ti quase um dia inteiro. Típico de um toxicodependente em recuperação, este contar das pequenas conquistas, como se de grandes passos se tratassem. Lembrei-me antes dos amigos passados. Daqueles que ficaram e daqueles que até já foram um pouco esquecidos.


domingo, agosto 22, 2004

Não cabe à realidade realizar os nossos desejos

Foges-me por entre os dedos. A cada dia que passa, ficas mais longe de mim. Metro a metro. Como se já bastassem os existentes. E fazes os teus jogos mentais comigo. Não porque brinques com os meus sentimentos. Mas porque me ocupas a mente continuamente. É a tua lembrança que joga com a minha mente.

A horas do afastamento, tenho medo que seja meio-caminho andado para o esquecimento. Sei que de uma certa forma, não me esquecerás tão facilmente. Pode não ser a desejada. Mas não cabe à realidade realizar os nossos desejos.

Optaste por outro caminho. Fosse pela peculiaridade do exótico, fosse pelo risco inerente à incerteza. Fosse pelo simples facto de não te ter mostrado uma alternativa clara. Fosse pelo que fosse, seria sempre uma escolha mais plausível. Mais próxima de ti. Do teu coração. Que é meu da mais ingrata das formas.

Cabe-me agora viver com essa minha opção. De longo prazo. Quando a tua não era parecida. Agora, pouco há a fazer. Apenas sentir-me feliz, em nome do amor que te tenho.

sábado, agosto 21, 2004

Onde é que está o livro de reclamações?


You are Lust!
Sexy!! But they say that theres such a thing as too
much of a good thing. You have sex on the
brain, and it doesn't stay just there for long.
Passionate, Fiery - and most certainly
confident. You're a fun loving, spontaneous
person who is always up for a laugh. People
however, have trouble keeping up with you.
You're sex crazy, and perhaps need to tone it
down a bit! learn a little self control!
But, Hey, Congratulations on being the Sexiest Red
Hot deadly sin out of all the 7...


?? Which Of The Seven Deadly Sins Are You ??
brought to you by Quizilla

sexta-feira, agosto 20, 2004

Friday afternoon madness

Férias! Férias! Féééééééééérias!
Ahah! Ahahah! Ahahahahahahahah! Ahahahah!

[smiley com ar esgazeado e gargalhada tonitruante, ora pois!]

Tecnologia

"Lo que nos ha convertido en humanos es la tecnología. Los humanos básicamente fabricamos utensilios, y eso es lo que empezó a hacer aquella gente de hace dos millones y medio de años. Nosotros no estamos sometidos sólo a la selección natural sino también a la selección técnica, y es esta selección técnica la que ha provocado que a lo largo de la historia unos grupos humanos hayan tenido más éxito que otros."

Eudald Carbonell, Sapiens - El largo camino de los homínidos hacia la inteligencia

quinta-feira, agosto 19, 2004

Voilá!

Vai um teste para desanuviar?

Placebo
Alternative rock! You're the very interesting side
of rock... You sometimes reach the masses,
like Placebo, but mostly you're underground and
stay true to your musical roots... Just keep
what you're doing and churn out that good
stuff!

What genre of rock are you?
brought to you by Quizilla

Através da Mafalda.

Conversas de supermercado

Então, mas ele meteu-o logo à primeira?!

Ó mãe, não foi logo assim, à bruta! Primeiro andou lá de volta, com jeitinho...

Tem mesmo de ter jeitinho, a pôr uma coisa tão grande num buraco tão pequenino... Bom, também não deve ser assim tão grande...

Mas tu sabes que o João sempre foi muito paciente.

Sim, sim, eu ainda me lembro da paciência dele para me tratar lá da canalização, não haja dúvida! Fiquei com a pia a pingar ainda mais que já nem posso ouvir o teu pai, todos os dias a queixar-se!

Mãe!!! O João tem muito jeito com as mãos, percebeste?!

Bom, isso agora não interessa nada! Ao menos, conseguiu enfiá-lo lá bem? Doeu muito?

Ela não chorou...

Ao menos isso! Bom, e quantos supositórios é que a bebé teve de levar?

Ah, foi só um!

Eu tenho de mudar de supermercado...

quarta-feira, agosto 18, 2004

Partida

Nunca o aspecto gráfico deste blog foi tão adequado. Ainda me parece impossível, que não te volto a ver. Que já não estás aqui. Não que fôssemos os melhores amigos. Mas partilhávamos um espaço especial para os dois por motivos diferentes. Onde nos conhecemos, onde quase sempre nos encontrávamos. Onde conversámos muitas vezes. Podíamos nem nos conhecer assim tão bem. Mas desde o início que foste tu mesmo, um tipo à maneira. A tua energia era invejável, respeitava e respeito o teu empenho. Hoje fiquei ainda a saber que tinhas talento artístico. Amigo dos teus amigos, sempre alegre. Aquilo que poderiam ser clichés, ditos sobre qualquer pessoa que nos deixa, são verdades absolutas no teu caso. Testemunhei-o várias vezes, era o teu comportamento normal. Aí há um mês tivemos uma noite longa de conversa. Acho que foi aí que me apercebi que eras completamente passado. Não podias ter escolhido uma situação discreta, não é?

Mas precisavas ter-te despedido a dizer como gostarias de ir? Neste momento, é fácil pensar que, de alguma forma insondável, já sabias que seria isso mesmo que viria a acontecer...

Estranhamente, hoje ouvi isto depois de muito tempo. E creio ser aquilo que melhor traduz os sentimentos que rodeiam este momento.

Mais uma vida jogada fora
Um coração que já não bate mais, descanse em paz
Sonhos que vão embora, antes da hora
Sonhos que ficam pra trás
Pra onde vai você? Pra onde vai? Pra onde vai o sol quando a noite cai?
E agora? A dor é do tamanho de um prédio
A casa sem ele vai ser um tédio
Não tem remédio, não tem explicação, não tem volta
Os amigos não aceitam, o irmão se revolta
A família não acredita no que aconteceu
Ninguém consegue entender porque o garoto morreu
Tiraram da gente um jovem tão inocente
E a sua avó que era crente hoje tem raiva de Deus
O seu pai ficou mais velho, mais sério e mais triste
E a mãe simplesmente não resiste
Além do filho, perdeu o seu amor pela vida
E a nora agora tem tendências suicidas
E a namoradinha com quem sonhava se casar
Todo mundo toda hora tem vontade de chorar
Quando se lembra dos planos que o garoto fazia
Ele dizia: "Eu quero ser alguém um dia"
Sonhava com o futuro desde menino
Ninguém podia imaginar o seu destino
Mais uma vítima de um mundo violento
Se Deus é justo, então quem fez o julgamento?
Pra onde vai você? Pra onde vai? Pra onde vai o sol quando a noite cai?
Por quê um jovem que vivia sorridente perde a sua vida assim tão de repente?
Logo um cara que adorava viver
Realmente é impossível entender
Nenhuma resposta vai ser capaz de trazer de novo a paz à família do rapaz
Nunca mais suas vidas serão como antes
E eles olham o seu retrato na estante
Aquele brilho no olhar e o jeitão de criança
Agora não passam de uma lembrança
E a esperança de que ele esteja bem, seja onde for, não diminui o vazio que ele deixou
É insuportável quando chega o seu aniversário
E as suas roupas no armário parecem esperar que ele volte de surpresa
Pra ocupar o seu lugar vazio à mesa
A tristeza às vezes é tão forte que é mais fácil fingir que não houve morte
Porque sempre que ele chega pra matar as saudades
Ele vem com aquela cara de felicidade
Alegrando os sonhos e querendo dizer que a sua alma nunca vai envelhecer
E que sofrer não é a solução
É melhor manter uma chama acesa no coração
E a certeza na mente de que um dia se encontrarão novamente.
Pra onde vai você? Pra onde vai? Pra onde vai o sol quando a noite cai?

Gabriel, o Pensador - Pra onde vai


Não quero que te falte nada!

Para que não sintas falta do "bum-bum", Azul...


Saudades da Index

Sucker love is heaven sent.
You pucker up, our passion's spent.
My hearts a tart, your body's rent.
My body's broken, yours is bent.

Carve your name into my arm.
Instead of stressed, I lie here charmed.
Cuz there's nothing else to do,
Every me and every you.

Sucker love, a box I choose.
No other box I choose to use.
Another love I would abuse,
No circumstances could excuse.

In the shape of things to come.
Too much poison come undone.
Cuz there's nothing else to do,
Every me and every you.
Every me and every you,
Every me...

Sucker love is known to swing.
Prone to cling and waste these things.
Pucker up for heavens sake.
There's never been so much at stake.

I serve my head up on a plate.
It's only comfort, calling late.
Cuz there's nothing else to do,
Every me and every you.
Every me and every you,
Every me...

Every me and every you,
Every me...

Like the naked leads the blind.
I know I'm selfish, I'm unkind.
Sucker love I always find,
Someone to bruise and leave behind.

All alone in space and time.
There's nothing here but what here's mine.
Something borrowed, something blue.
Every me and every you.
Every me and every you,
Every me...

Every me and every you,
Every me...

Placebo - Every you, every me

Demasiadas noites de Quarta-feira a dançar ao som de Clash, Pixies, Placebo... Demasiados saltos, demasiado perto da bola de espelhos (ainda gostava de saber como é que nunca lhe acertámos). A insatisfação e a raiva eram tão facilmente libertadas... E o dia seguinte era mais brilhante...

terça-feira, agosto 17, 2004

Exististe, apenas. E foi isso que me perdeu.

Faço-me ao caminho, na esperança que a viagem seja curta o suficiente para não te ires embora. Faço-me ao caminho e recordo a cada curva, a cada recta que supostamente me põe alguns metros mais próximo de ti, o teu olhar inquiridor, curioso. Vivo, no seu brilho próprio. Como se cada frase que dizes fosse sublinhada por uma expressão nos teus olhos, que lhe dá mais força. Que me perfura o coração. Sei que nada disto compreendes. Porque não sabes verdadeiramente o que sinto por ti. Tento uma ultrapassagem mal calculada, sou obrigado a travar repentinamente e quase acordo desta letargia em que me puseste desde o primeiro momento.

Para perceber que não tenho hipótese. Que não te terei comigo. Nem neste momento, nem no futuro. Que falhei mais uma vez, que inevitavelmente me iludi. E nem sequer posso enraivecer-me contigo, dizer que a culpa é toda tua, que és um ser humano desprezível. Que isso não se faz a alguém por quem se tenha um mínimo de consideração, quanto mais sentimentos! Porque não fizeste nada. Exististe, apenas. E foi isso que me perdeu. Seres quem és. Não podias ser mesquinha, ou arrogante? Neste momento, bastava que tivesses um tique nervoso irritante qualquer...

Não. És como és... Um ser humano maravilhoso... Repito-o baixinho, quando paro no semáforo. Como uma verdade absoluta. Porque o é, de facto. Fraquejo novamente, da forma mais consciente possível. E desejada. Porque posso ser o mais injusto possível, dizendo todo um chorrilho de mentiras só para me sentir melhor. Mas isso não apaga os meus sentimentos por ti.

Eles existem por si mesmos. E não é o teu afastamento que os apaga. Nem a minha vontade. Arranco, já próximo do destino, consciente de te ter perdido. Ou talvez apenas tenha chegado atrasado ao cruzamento. Vemo-nos no próximo.


Portugal é um país de humoristas

Nos últimos meses (já largos), a imprensa escrita portuguesa tem-se tornado indistinta. Indistinta no sentido em que o chavascal já não choca, seja em que jornal for. O sensacionalismo é hoje uma ferramenta normalíssima para a maioria dos jornais, não existindo, verdadeiramente, um jornal de referência, que não seja, por exemplo, reaccionário ou conservador nos seus critérios editoriais (e, mantendo essas características, trabalha o sensacionalismo nesse sentido). Todos eles, sem excepção, têm necessidade periódica de chafurdar na lama. É por isso que perco gradualmente alguns critérios que vinha mantendo. Esclareço:

Durante uns tempos fui leitor do Diário de Notícias. Por nenhuma razão em especial, gostava do grafismo "sério", adorava a selecção de BD que tinham e era uma leitura óptima para o comboio que apanhava todos os dias pela manhã e ao fim da tarde. Durou pouco tempo, esta fase, mudei definitivamente para o Público, em cuja linha editorial me revia muito mais que no caso do DN. De há uns tempos para cá, limito-me a ir acompanhando alguns jornais online e, eventualmente, a comprar um jornal. Por motivos pavlovianos, recaio normalmente no Público. Ou isso, ou por ser sexta-feira.

Mas tudo isto para explicar porque hoje em dia não me chateia nada ler jornais que são, tradicionalmente, classificados de sensacionalistas. Nesses, o rei e senhor será sempre o Correio da Manhã. Quem não se lembra das fantásticas colunas com títulos como "Reformado de 79 anos mata vizinho à machadada" ou "Ciúme mata com cutelo em Casal da Burra" (muitas saudades tenho eu dessas páginas...)? Mas, mesmo estando mais calmo, o Correio da Manhã presenteia-nos regularmente com momentos puros de humor. Neste caso, nem é preciso esforço por parte dos jornalistas, pois a realidade é, em si mesma, mais risível que a mais pura ficção. Senão, vejam estes dois artigos da edição de hoje:

"O Tribunal de Sintra condenou dois cabos da GNR de Mem Martins pelo crime de corrupção e um agente da PSP da Reboleira por favorecimento pessoal, num processo em que se provou que os agentes da autoridade recebiam ‘luvas’ em troca de informações sobre acções de fiscalização a máquinas de jogo ilegal exploradas por um empresário do Cacém. Passavam ainda informação sobre locais onde poderiam vir a ser colocadas máquinas de jogo.

O único dos arguidos que ficou preso foi o empresário, condenado a quatro anos e meio de cadeia. O tribunal suspendeu a pena aos três agentes de autoridade por considerar que os arguidos “estão socialmente integrados”. Entendeu ainda que a culpa dos agentes “é diminuída” pela “necessidade financeira que esteve subjacente à prática dos factos”.(...)"

Ora aí está um bom exemplo das forças de autoridade e dos Tribunais...

“Agora parece que toda a gente quer protagonismo à minha custa”, palavras de Humberto Gama, quando confrontado com as acusações de uma jornalista da empresa Intermeios/Minho que trabalha para o jornal ‘Comércio do Porto’, que afirma ter sido ameaçada de morte, na sequência de uma notícia onde o exorcista é acusado de violação e abuso sexual por duas mulheres, do Porto e de Lisboa.
(...)
Regra geral, o primeiro sítio onde o espírito se aloja para fugir às mãos do sacerdote é (se for mulher) junto aos seios (dizem com arrogância: Estas mamas são minhas, tira daqui as mãos), descendo posteriormente para a zona da vagina, onde, sem mais espaço de fuga, o sacerdote o apanha. Encurralado, decide-se a falar e na maior parte das vezes roga para que não o excomunguem. Durante o tempo que dura o exorcismo as mãos do sacerdote percorrem todo o corpo da pessoa possessa, que, quando regressa à normalidade, nunca se lembra de nada, sendo os familiares que lhe contam todos os actos."

Esta, então, é fantástica, quanto a mim. Mas não deixa de me surpreender a "pontaria" dos "demónios". Raisosparta, que são sabidos!

segunda-feira, agosto 16, 2004

A moda ainda pega...

A gatíssima-Catarina prestou há dias uma brilhante homenagem a um gigante da comunicação portuguesa. E as ideias são como as cerejas, não é? Por isso, lembrei-me de mais um vulto gigantesco da televisão portuguesa. Neste caso, aliás, um exemplo de que os vultos não se medem aos palmos...

What happened to Luís Pereira de Sousa, o incansável animador das tardes de Verão da RTP, nas praias de Portugal e na Feira Popular, esse portento de metrimeio e bigode malandro?! Anyone?!

Berlengas II

Há qualquer coisa nas Berlengas que me fascina. Não, não é a elevada probabilidade de levar com uma poia de gaivota em cima. Nem o facto destas não hesitarem em nos roubar comida (as gaivotas, não as poias). Nem sequer o bikini da vizinha do socalco do lado.

Fascina-me a combinação de isolamento com construções históricas que pouco alteraram a paisagem. Infelizmente, o mesmo não se pode dizer das mais recentes construções para dar conforto ao visitante, mas, mesmo assim, creio que ainda nos encontramos no nível mínimo, por ali. Ainda é suportável, os prós superam largamente os contras.
O Forte de S. João Baptista encaixa ali na perfeição. Como se ficasse a impressão de não ter vindo alterar nada. It blends in perfectly...



E, por mais kitsch que possa parecer, a falta do farol seria um acto sacrílego!



Se nunca viram um mapa, imaginem dois blocos de pedra com duas gargantas que os cortam a meio, unidos a meio por uma relativamente estreita faixa. Um encaminha-nos o olhar para a costa de Peniche. O outro abre-nos o horizonte do Atlântico. Como se não houvesse fim possível.



Berlengas I

Como alguns sabem, fui às Berlengas. Sinceramente, para mim Berlengas era sinónimo de um grupo de rochedos desabitados e de um filme do Artur Semedo, pouco mais. Não podia estar mais enganado!

O começo da viagem foi algo atribulado, ao embarcarmos num autêntico ferry filipino, de tão atulhados vão os barcos maiores que fazem a ligação à Berlenga. No regresso, viria a confirmar-se a tendência terceiro-mundista, mas isso é outra história...

Chegar à Berlenga é chegar a uma ilha de granito avermelhado, com uma vegetação rasteira e milhares de gaivotas (raisparta o pássaro, que nunca se cala!). Constantemente me lembrava d'"Os pássaros", bolas! Uma ilha onde não há água potável, cuja única praia facilmente acessível por terra é um nicho de areia com cerca de 50 m de largura.

O próprio parque de campismo apresenta o mínimo (se tanto) das condições, instalado em socalcos na vertente virada para Peniche, acima da praia, com o topo do farol a espreitar por cima do monte. Mas é dessa falta de condições que é feita a beleza das Berlengas. Lembramo-nos a todo o momento que ali a vida não é feita prioritariamente para nós, mas sim para a própria ilha. Mesmo se algumas derivas turísticas começam a surgir.



Foi a falta de sombras, o Sol abrasador, a rocha avermelhada, a água turquesa, o ar inóspito, o ruído constante das gaivotas, o canto ritmado das pardelas pela noite fora, a escuridão quase total da noite, o céu mais polvilhado de estrelas que já vi, que fizeram das Berlengas o sítio de que precisava, neste momento. Para revalorizar aquilo que tinha esquecido.

domingo, agosto 15, 2004

Respirar

Voltar a estar comigo mesmo, limpar a cabeça do ruído de fundo. Cortar com as interferências inevitáveis da vida em sociedade. Regressar a algo que já não tinha há algum tempo. And have a fantastic time!

Delirar com a luz e a cor, mas também com a escuridão e o ruído. Imaginar o plano mais romântico possível, um cigarro e uma imperial, ouvir o som da noite enquanto uma voz mais sensata nos diz que provavelmente não se realizará, pelo menos tão cedo!

Servem estes momentos para dar a volta a situações. Para recuperar o fôlego antes de novas etapas. Pensar no que devemos fazer para atingir essas etapas. Cortar amarras com o passado que nos atrasa. Criar novos laços com o futuro. Algum passado pode ser parte do futuro, mas as condições serão outras.


sábado, agosto 14, 2004

Fui!

Pois, vou até ao reino do Mário Viegas, volto no Domingo!

Este foi um dia complicado... Começou ontem, com uma má notícia, prolongou-se por hoje, com um sentimento de vazio. Felizmente, foi reduzido na altura certa, pelo contacto com quem mais queria contactar naquele momento. Não foi uma substituição. Mas valeu por si mesmo, o momento.

Adorei a cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos. Adorei o destaque dado a Eros, em todo o desfile mitológico (que é que hei-de fazer, sou assim?). E acabei o dia a conversar com um casal amigo com quem raramente tenho oportunidade de falar desta forma. Só os três. Poder falar com eles fora de um contexto mais social. Mais ruidoso. Mais poluído. E concluir que, mesmo não sendo uma combinação evidente, gosto de vos ver juntos!

Parto, ainda que por poucas horas. O deixar o continente faz-me pensar que vou mais longe do que na realidade vou. E, apesar de não saber exactamente o que deixo, sei que uma coisa vou encontrar quando voltar:
o teu sorriso e o teu optimismo fatalista, que recebo de braços e coração abertos. Por conhecer as tuas virtudes. Um exemplo daquilo que gostaria de ter na minha vida.

sexta-feira, agosto 13, 2004

Seria mais ou menos agora

Tomava há pouco banho e pensava que estaria agora a caminho. De ver o teu sorriso, de sentir o teu olhar atravessar-me pela primeira vez após tanto tempo. Como ia gostar de sentir novamente o teu calor e falar, falar, falar. Recuperar tudo aquilo que fomos prometendo que "depois contávamos" ou "fica para dia tal, ou tal, frente a frente falamos". Foi pena, once again we'll take a raincheck. Felizmente, curto (espero!).

Seria às 13. Para combinar com o dia. Fico à espera que na passagem dos dias surja o prazer da tua companhia.


quinta-feira, agosto 12, 2004

Desencontro

Fico chateado. Ou melhor, triste! Descansa, não é contigo, sabes bem! Bolas, parece que é de propósito! Como se algo nos andasse a afastar, ultimamente. Mas onde anda o livre-arbítrio? Não temos mesmo nenhum controlo sobre as nossas vidas, não é?

Esqueço um pouco a tristeza quando penso que se trata apenas de um adiamento, que dentro de uns dias reporemos a verdade da nossa vontade. E pode ser que seja ainda melhor. Que cheguemos a esse dia de mente desocupada, sem preocupações. É assim que mais se apreciam as boas companhias.

Não percebo porque no colorido geral apenas a cor que procuro me parece ser negada, mas percebo que o bem que me fazes merece alguns dias de sacrifício.


Breve apontamento humorístico

Atolado em bloguices, o meu pai abre a porta do quarto e diz-me isto:

"- Ouviste falar daquela mulher mesmo feia, feia, feia?
- Eu? Nem sei do que é que estás a falar.
- Era uma mulher tão fei, tão feia, tão feia, que quando chupava um limão era o limão que se encolhia!"

Depois digam que EU não sou normal... Pois...

You wish, Pagan!

Pronto, pronto, eu assumo...

I know it sounds funny but I just can't stand the pain
Girl I'm leaving you tomorrow
Seems to me girl you know I've done all I can
You see I begged, stole, and I borrowed
That's why I'm easy
Easy like Sunday morning
That's why I'm easy
Easy like Sunday morning
I wanna' be high
So high
I wanna' be free to know the things I do are right
I wanna' be free
Just me
Oh baby...
That's why I'm easy
I'm easy like Sunday morning
That's why I'm easy
I'm easy like Sunday morning

Faith No More - Easy

Adenda: Este post é, evidentemente, um delírio criativo. Já o disse e repito:
Não sou fácil!!!

quarta-feira, agosto 11, 2004

Leiam e meditem, suas Nemesis!

"Revenge is never a straight line. It's a forest. And like a forest it's easy to lose your way...to get lost... to forget where you came in. To serve as a compass, a combat philosophy must be adopted that can be found in the secret doctrine of the Yagu Ninja. And now my yellow haired warrior, repeat after me;

When engaged in combat, the vanquishing of thine enemy can be the warrior's only concern...

...This is the first and cardinal rule of combat...

...Suppress all human emotion and compassion...

...Kill whoever stands in thy way, even if that be Lord God, or Buddha himself...

This truth lies at the heart of the art of combat. Once it is mastered... Thou shall fear no one... Though the devil himself may bar thy way..."

Hattori Hanzo - Kill Bill vol. 1

Fantástico!

Em homenagem aos Jogos Olímpicos, que estão quase a começar...

Aphrodite
Aphrodite/Eros

?? Which Of The Greek Gods Are You ??

Pá, qualquer dia não se pode fazer nada, querem ver?!

No Correio da Manhã (where else?!), fico a saber que o Partido Trabalhista holandês pretende ver aprovada uma lei que considere delito o acto de lamber os pés de alguém sem autorização.

Ainda bem que avisam, não fosse eu ir desprevenido à Holanda e ainda tinha problemas com a Justiça! Agora já sei, lamber os pezinhos, só com autorizaçãozinha!

Amigos six-pack

Regularmente, espanto-me com estas coincidências. Tenho reparado que temas que surgem na blogosfera surgem, coincidentemente, quase ao mesmo tempo na vida real. E digo coincidentemente por me referir a pessoas que, sei-o bem, não perdem tempo nestas coisas. Assim sendo, não há possibilidade alguma destas pessoas saberem do que se tem falado por cá.

O amigo six-pack é o amigo que, das duas, uma:
ou aparece sempre acompanhado de cerveja ou tem sempre cerveja quando o visitamos. Ontem tive logo a pontaria de estar com dois amigos desses, o que se tem vindo a demonstrar altamente danoso para a minha saúde esta manhã, sobretudo mental. Aliás, só o conhecimento desse facto permitiria a qualquer pessoa perceber o meu penteado krameriano desta manhã... Começo o dia a fumar um cigarro no terraço do trabalho, ao menos sempre há vento, a ver se desperto. Por acaso, não funciona, já estou aqui novamente à beira de cair com a cabeça em cima do teclado...

Mas, dizia eu que há assuntos que se repetem estranhamente da blogosfera para a realsfera. Ontem, foi a vez da questão do gaydar. Quando me puxaram daquele assunto, nem queria acreditar, "mas estes gajos estão a gozar comigo ou andam às escondidas?!". Discutia-se a suspeita de homossexualidade de dois conhecidos. E a conclusão da conversa não podia ser outra que "não sei, nem me interessa e não faz diferença, de qualquer forma.".

Será? Nem por isso. Porquê? Porque, na realidade, não me choca. Mas também não me surpreenderia. E dava-me até um certo gozo, por serem dois "machões" preconceituosos.

És tão mauzinho, Tiago...

terça-feira, agosto 10, 2004

Eu já andava a prometer...

Pergunta-me muito boa gente se a nomeação da ex-presidente da Fundação Ricardo Espírito e Silva como Ministra da Cultura não é bom sinal para a área do Património Cultural. Já tive oportunidade de referir a minha opinião, não necessariamente favorável. Mas hoje trago-vos um fragmento da História, um facto que passou ao lado do grande público aqui há uns anos e que muita luz pode trazer sobre a forma de encarar o Património deste tipo de individualidades. Falemos de factos, em vez de considerações socio-políticas, então:

A 8 de Julho de 1716, a sumptuosa embaixada de D. João V ao Vaticano é recebida pelo Papa Clemente XI. Entre inúmeras riquezas, contava-se um conjunto de três coches* (atente-se, um conjunto, não se tratam de três coches, mas sim de um conjunto composto de três peças). Estes três coches representam uma obra única do Barroco português, tendo sido efectuados com um trabalho de entalhe de excepcional qualidade e com a particularidade de serem, na sua quase totalidade, dourados a mordente, de forma a resistirem à chuva e humidade decorrente da utilização dos coches.

Um primeiro coche viria a ser conservado pelo Instituto José de Figueiredo (actual Instituto Português de Conservação e Restauro), vindo esta intervenção a ser geralmente aceite pelo meio da Conservação e Restauro. Aquando da Expo 98, um segundo coche, o Coche dos Oceanos, viria a ser também ele intervencionado. Ora, o Museu dos Coches procurou um mecenas que custeasse os cerca de 60 mil contos da intervenção necessária no Coche dos Oceanos, bem como alguém que fizesse a intervenção. O mecenas viria a ser o Banco Espírito Santo, a intervenção acabaria por ser feita pela Fundação Ricardo Espírito Santo e Silva (presidida pela actual Ministra da Cultura). Nem me vou deter na coincidência de apelidos...

Pessoas mais conhecedoras da história dizem-me que aquando do tratamento do primeiro coche, pelo IJF, a identificação do mordente viria a ser inconclusiva, por ser uma técnica pouco comum em Portugal.

Quanto ao Coche dos Oceanos, este foi totalmente desmontado, tendo sido refeitas lacunas na madeira de suporte. Até aqui, consoante o estado das referidas madeiras, até se poderia considerar esta como uma metodologia aceitável. No entanto, a intervenção não ficou por aqui. Tecidos originais foram substituídos por novos e, pior que tudo, o coche foi redourado a água, sobre o original. Para compôr ainda mais o ramalhete, esta nova camada de ouro foi brunida, técnica que dá ao ouro um brilho muito superior e que nunca tinha sido aplicada originalmente no Coche dos Oceanos, visto que a técnica de douramento a mordente não permite tal procedimento.

Ou seja, o Coche dos Oceanos foi completamente desvirtuado, destruído na sua essência como obra de arte, visto hoje apresentar um brilho Pepsodent que nunca existiu. Mais grave se torna esta série de erros grosseiros quando comparado com os restantes coches. Sim, porque não nos esqueçamos que era suposto o Coche dos Oceanos fazer conjunto com outros dois!

Quis o Museu dos Coches que assim se fizesse. O BES pagou e a FRESS efectuou o trabalho. Estávamos perante um crime histórico e patrimonial. Os restantes coches não se encontravam num estado de degradação tal que justificasse uma intervenção tão profunda. Aquele que foi tratado pelo IJF lá continua, sem problemas. Não há absolutamente nenhuma justificação possível para este atentado. No entanto, ainda se tenta, numa publicação relativa à intervenção, culpabilizar outro interveniente no processo (sacudir a água do capote, é uma especialidade de algumas pessoas, como sabemos.).

Fundamento teórico? É muito simples, esta intervenção não respeitou nem a Teoria da Intervenção Mínima nem os conceitos de reversibilidade dos tratamentos aplicados, que são as linhas-guia de qualquer conservador-restaurador digno desse nome actualmente (e sim, estes princípios já são largamente difundidos há anos, mesmo antes desta intervenção). Assim sendo, como é possível que a Fundação Ricardo Espírito Santo e Silva, referenciada pela Comunicação Social como uma instituição ligada à Conservação e Restauro cometesse um erro tão grosseiro? Muito simples, o facto é que a referida Fundação não se ocupa da Conservação e Restauro baseada em quadros técnicos qualificados, em termos científicos (ou, pelo menos, não o fazia à época). O facto é que a lógica por trás da visão que esta Fundação tem da Conservação e Restauro se baseia em técnicas artesanais, numa aproximação empírica, não sustentada em factos científicos, da intervenção a desenvolver. Conclusão? Fizeram porcaria, de tal forma que o caso é estudado em Universidades estrangeiras como um exemplo do que não se deve fazer, havendo, inclusivamente, visitas de estudo propositadamente para ver como é possível "matar" património tão raro e valioso com um sorriso plastificado nos lábios!

Pormenores extra: aparentemente, a proposta de tratamento inicial referia apenas a reintegração das lacunas existentes na camada de ouro (e apenas isso!) e aproximação ao original. Ao que parece, a pedido da Directora do Museu dos Coches, o coche foi redourado integralmente, mantendo o original subjacente. A ser verdade, apenas se pode dizer que a culpa não é só da Fundação, é também do Museu, não é possível desculpabilizar a Fundação de alguma forma. Já agora gostava de saber porque a intervenção foi publicitada como sendo toda efectuada em área pública, visível do público e, quando o tratamento chegou à fase de redouramento, a zona de trabalho foi imediatamente isolada...

Agora, digam-me porque razão haveria eu de ficar contente com a escolha para Ministra da Cultura?

* A embaixada era composta de 15 coches no total, sendo que os 3 principais representavam os Oceanos, a Navegação e Conquista e, finalmente, a Coroação de Lisboa como Capital do Império.

Caso queiram ter a noção das dimensões e do valor da obra em questão (ou, caso sejam habitués do Museu Nacional dos Coches, para saberem a que peça me refiro), vejam abaixo o que mãos incautas (criminosas, parecer-me-ia mais adequado, mas enfim...) destruíram.


segunda-feira, agosto 09, 2004

Exploração mediática

O canal hispânico 62, de Los Angeles, estreou no mês passado o reality-show "Gana la verde". Pormenor que interessa saber deste programa? Promete ao vencedor, em troca de uma série de provas, a obtenção do Green Card, ou seja, a sua legalização como emigrantes nos Estados Unidos.

"Limpar as janelas de um edifício com mais de 20 andares, ou comer escorpiões vivos, foram apenas algumas das provas que os concorrentes já tiveram de ultrapassar no concurso". Pois claro, necessidades básicas de qualquer emigrante hispânico nos EUA, não é? Implicitamente, mostra-se para que quer o Estado norte-americano um carregamento de imigrantes hispânicos: para lavar janelas de arranha-céus, no que seria uma deliciosa ironia estereotipada, não fosse o enorme desrespeito pela dignidade humana implícito.

O "génio" por trás desta ideia, Lenard Liberman* (é impressão minha ou este senhor deve ser judeu?) diz o seguinte:
"Quando se está no mercado hispânico, percebe-se que a imigração e a legalização são o principal assunto. Os imigrantes querem poder ganhar a vida e não estar sob a pressão de não saber se vão poder cá ficar ou não (...) Podíamos fazer um programa em que oferecêssemos ao vencedor um prémio em dinheiro, ou um forno. Mas eu pensei que o melhor prémio para um imigrante a viver nos Estados Unidos seria ter uma prestigiada firma de advogados a tratar do seu caso. Isso não tem preço".

Ou seja, o melhor prémio para um imigrante ilegal nos Estados Unidos é ser denunciado por um programa de televisão, criado por uma empresa cujo próprio nome denuncia a jewish connection. Irónicos, de tão vis, estes meandros norte-americanos...

*vice-presidente da Liberman Broadcasting

Mesmo sabendo que não acordo com o teu sorriso

Lembro-me que me apaixonei pelo teu sorriso, mal te vi. É sincero, aberto. E quando te ris, fá-lo sonoramente, mas não demasiado. É espontâneo, mas parece ensaiado, colocado exactamente onde queres que esteja. E como tudo parece tão simples, estando contigo. Como se tudo aquilo que te dissesse fosse natural, evidente. Amei-te e amo ainda, por seres quem és. Pelas tuas virtudes, mas sobretudo pelos teus defeitos. Por me recordares que não estou sozinho, que um mais um são dois, mas só quando queremos. Por me apresentares, enfim, linhas para um outro modo de encarar a vida.

Eu sei, penso demasiado. Juro, não faço de propósito! Ou julgas que também não me cansa? É curioso, como me mostro disposto a aceitar responsabilidades sob as quais já fraquejei no passado. Há quem lhe chame optimismo. Mas também há quem ache que é tendência para o abismo. Ou mera burrice. Para os mais esotéricos, será karma. Seja lá o que for, tem a capacidade de me dar as melhores e as piores sensações. É puro masoquismo, a submissão ao sofrimento, para obter alguns períodos de felicidade e prazer.

Mas tergiverso (sempre quis utilizar este verbo num post!). Lembro-me novamente do teu sorriso. E esta tempestade amaina, bem comandada pelo teu punho de Poseidon. Ocupas-me novamente os pensamentos e, mesmo sabendo que não acordo com o teu sorriso, sinto a felicidade de ter a capacidade de amar alguém tão belo como tu.


sábado, agosto 07, 2004

"Estava lá quase, a fazer um 69!"

Acabado de acordar de um curto sono no sofá, vejo ainda meio estremunhado uma jovem sorridente, com uma camisola de alças de Portugal que diz, na 2:, "Estava lá quase, a fazer um 69!".
Antes que tivesse tempo de pensar que a 2: se tinha convertido à pornografia, imagens da referida jovem a participar numa prova de salto em altura descansam-me as ideias.

Tratava-se da reportagem sobre a participação portuguesa nos jogos internacionais do Desporto Escolar, onde a delegação nacional ganhou mais de 30 medalhas. Parabéns, miúdos!

sexta-feira, agosto 06, 2004

Sonhos

Vivem-se por aí muitos sonhos. E vive-se muito por aí no mundo dos sonhos. Por vezes, tenho dificuldades em distinguir os dois. Há momentos em que há que colocar realmente a questão "estou a viver um sonho ou num sonho?". Faz toda a diferença...

O pior é quando já não sabemos em qual dos dois estamos, de tal forma se misturam. Corre-se aí o risco de confundir a realidade com a imaginação. E normalmente a imaginação tem uma forma muito simples de nos fazer ir de encontro à realidade the hard way. Cai o pano de maravilhas que tecemos em horas de pensamentos ociosos. E desaba o mundo, com ele.

Há quem opte por não acordar. Eu prefiro ir à procura de novas razões para sonhar.


quinta-feira, agosto 05, 2004

Is this it?

Can’t you see I’m trying, I don’t even like it
I just lie to get to your apartment
Now I’m staying there just for a while
I can’t think ’cause I’m just way too tired

Is this it?
Is this it?
Is this... it?

Said they’d give you anything you ever wanted
When they lied I knew they were just stable children
Trying hard not to realise I was sitting right behind them


Dear can’t you see, it’s them it’s not me
We’re not enemies, we just disagree
If I was like them, all pissed in this bar
He changes his mind, says I went too far
We all disagree I think we should disagree, yeah

Is this it?
Is this it?
Is this... it?

Can’t you see I’m trying, I don’t even like it
I just lie to get to your apartment
Now I’m staying there just for a while
I can’t think ’cause I’m just way too tired

The Strokes

E tudo era mais simples





O vazio era de felicidade...

quarta-feira, agosto 04, 2004

1908-2004



Henri Cartier-Bresson, Siphnos, 1961

Pelos vistos, pode...

Pode a insegurança aumentar ainda mais? Pode não haver o mínimo de respeito ou consideração? Ou, dando de barato características demasiado humanas e carecedoras de sensibilidades nem sempre existentes, pode a justiça já estar morta e eu não me ter apercebido disso?

Que faço eu nesta merda de país, porque é que ainda acredito que há coisas que se podem mudar e que vale a pena vestir uma camisola e lutar por ela?

Senhor Primeiro-Ministro, quando for vender o próximo lote do país, pode incluir-me na conta, eu não me importo. Venda-me a uma qualquer multinacional de interesses obscuros, se quiser, eu não me importo.

Já não me importo.

terça-feira, agosto 03, 2004

E não seria de estranhar que uma curta chuvada germinasse a mais bela das flores.

A mudança repentina é algo de que muita gente foge, com medo das consequências (ou, por vezes, da falta delas). No entanto, existem mudanças bruscas, que se dão de forma extremamente rápida, que se revelam como a melhor opção que podíamos ter feito (mesmo quando não tivemos qualquer tipo de escolha ou opção no processo que nos levou a tal). Há coisas que, pura e simplesmente, nos deixam desarmados, perante a rapidez com que acontecem e com as consequências que podem vir a trazer-nos.

Como uma chuva de Verão, que chega sem grandes pré-avisos e que normalmente cai em grossas gotas, sem dar a mínima hipótese; encharca-nos e pronto! O mais interessante dessa chuva é que, sendo curta, pode ter consequências bem maiores do que imaginamos. Pode ser uma preciosa ajuda a amainar alguns fogos. E não seria de estranhar que uma curta chuvada germinasse a mais bela das flores.

Como uma chuva de Verão, chegaste. Uma chuva que cai em catadupa, barragem aberta, onde não existem limites. Que não esperavamos. Mas que nos apetece abraçar com todo o corpo, recebê-la, alguém dizia que como se fossem beijos. E como chuva de Verão, deixas para trás o cheiro da terra molhada, vida que acorda de uma hibernação de estio. E como chuva de Verão, não me incomoda nada quando chegas. E basta-me receber-te de braços abertos, sentir os teus beijos que não são meus. E olhar para mim, a ver quais as mudanças que podes gerar e qual a flor que farás nascer.


segunda-feira, agosto 02, 2004

E agora solta-me ou ama-me.

Se te esforçasses conseguias convencer-me, sabes bem. E ainda melhor sabes o difícil que me seria fugir da tua teia. És tu a aranha, aqui. Ambos temos consciência disso, é essa consciência que te torna irresistível, ao mesmo tempo que te dá força para agires como ages. Mas eu sei porque o fazes. E sei quanto te dói cada vez que te lembro os teus porquês. Nunca ficaste ofendida comigo por aquilo que te digo, mas sim pelo facto de acertar em cheio nos teus medos, inseguranças, naquilo que tanto te esforças por esconder.

Porque eu sei o que te leva a agir assim. Porque eu sei que, por mais emancipada e dona de ti mesma que te sintas, há coisas que te comandam mais do que gostarias de admitir. Porque ambos sabemos que o que te esgota tempo e energias não te satisfaz. Porque olhas à volta e vês outro tipo de felicidade nos outros. Acho piada à forma como te fazes de forte e finges que nada disso te interessa. Mas como em determinados momentos te distrais! Como em determinados momentos demonstras precisamente aquilo que te atormenta e te queima um bocadinho mais a cada dia que passa.

A solidão dói, não dói? Só um surdo não ouviria o teu tic-tac. Conheço-o, já o ouvi antes. E por mais que recuses sentimentos, tens vontades, paixões e há momentos em que és controlada por outro tipo de leis, que te toldam o discernimento. É quando deixas cair a máscara, para quem te consiga perceber. Porque nem todos repararam, não foi? És hábil, nesses jogos, de faz-de-conta para todos, de verdade ou consequência para alguns. É quando deixas cair a máscara e revelas, consoante a maré, que és afinal menina assustada e fêmea com cio.

E os homens são todos iguais, não é? Fazem-no porque querem, porque precisam, porque afinal não precisam de sentimentos para o fazerem. Sempre foram assim, todos, não é?
Deve ser por isso que uma recusa te custa tanto... Mas tu é que não percebeste nada. Por existirem sentimentos, precisamente, é que não há lugar a isso. Porque as motivações não seriam as mesmas, pois não? Se te esforçasses conseguias convencer-me. Ou enganar-me. E aí terias tido o que querias. Percebes agora?

Mas isso já não interessa, agora. Falhaste uma oportunidade que não voltas a ter tão cedo e possivelmente nunca mais. Vive com a incerteza do que sou ou não sou capaz de fazer, tal como eu vivo com a incerteza da possibilidade de ser feliz contigo.

E agora solta-me ou ama-me.


"Tiago, és tão má-língua!"

Às vezes dizem-me isto. Se eu fosse o Pipi, responderia imediatamente "Cala-te e chupa". Como não sou, limito-me a concordar.

Então, diz o relatório do Júri Nacional dos Exames que "no conjunto dos 21 exames mais concorridos, 12 baixaram as suas médias, comparando com o ano passado. Em igual número de provas, a classificação obtida foi inferior a 9,5 valores.". Através do mesmo relatório também ficamos a saber que "Física e Matemática voltaram a ser as disciplinas em que os estudantes do 12º ano obtiveram as piores médias na 2ª fase dos exames nacionais, ficando aquém dos 7 valores: respectivamente, 6,2 e 6,8. E isto tendo em consideração apenas o desempenho dos alunos internos, ou seja, aqueles que frequentaram as aulas ao longo do ano lectivo.", bem como que a disciplina de Português apresenta médias abaixo de 10 valores.

Agora eu pergunto-me:
Será que isto tem algo a ver com a confusão lançada pelo Governo anterior nos concursos para colocação de professores do ano passado (e que promete piorar este ano)? Nááá... Devo ser eu que tenho a mania de dizer mal deste Governo.

Shame on you, Tiago! Vou só ali flagelar-me um bocadinho por ter pensado mal dos senhores e já volto!

Voltinhas e voltaretas da democracia das petas II

Narciso Miranda reivindica obras governamentais para concelho.

"O presidente da Câmara de Matosinhos, Narciso Miranda, apelou hoje ao primeiro-ministro para que demonstre a sua sensibilidade autárquica e faça avançar no concelho obras consideradas fundamentais, como o Centro de Saúde de Leça do Balio."

Sem pôr em causa da necessidade destas obras (e das outras referidas na notícia), mas pelos vistos os vermes autárquicos começaram a rastejar de debaixo das pedras onde andavam escondidos, agora que têm no PM o seu maior amigo possível. E este autarca não devia estar bem caladinho, depois da vergonha que protagonizou há menos de 2 meses? Então, além do PS não actuar no sentido de se demarcar das figuras que assassinaram Sousa Franco, ainda os deixa nos seus cargos e eles, falhos de neurónios, nem sequer a discrição de se manterem quietos por uns tempos têm?!

Voltinhas e voltaretas da democracia das petas

Que a Madeira é, por excelência, um poço de iniquidade política, já todos sabemos. Que o Presidente do Governo Regional é um dos melhores exemplos de como a idiotice leva longe na política, também. Tal como sabemos bem o nível de clientelismo e de corrupçãozinha que grassa no "Jardim do Atlântico".

Mas nunca é demais recordá-lo, de forma a que mais e mais registos dessa actuação subsistam num futuro em que estas figuras deixem de estar onde estão. Agora, chega-nos mais um exemplo da independência da Justiça em relação ao Poder político e, mais ainda, religioso:

Num outro processo, accionado por queixa do mesmo partido e julgado há dois anos pelo Tribunal de Santa Cruz, o colectivo absolveu um padre que na benção de uma obra inaugurada por Jardim, antes das regionais de 1996, apelou ao voto e prometeu "rezar pela maioria absoluta do PSD". Neste caso o MP acusou o padre de violação da norma eleitoral que obriga os ministros de culto e pessoas colectivas de direito público ao dever de neutralidade e imparcialidade - prevendo para a violação deste preceito pesadas penas, como prisão até dois anos e multa -, mas o colectivo concluiu que "aquando do uso da palavra, o arguido já não se encontrava na qualidade de padre, mas na de cidadão comum", isto é, não ficou provado que, quando proferiu as palavras, que o sacerdote estivesse paramentado, usasse a estola ou demais indumentária. Em reconhecimento, o governo regional atribuiu o nome do padre a um estrada.

Sempre podiam disfarçar melhor e dar o nome do cura só a uma travessa ou um largo pequenino em Machico, por exemplo...

domingo, agosto 01, 2004

O Património e os tostões

A ministra da Cultura afirmou sexta-feira que o Museu do Côa é uma prioridade deste Governo. Quando se soube quem ocuparia o Ministério da Cultura, muitos foram aqueles que concluíram imediatamente que se assistiria a um desequilíbrio injusto na aplicação de verbas afectas à Cultura na área do Património Cultural, fruto do passado profissional da Ministra. Bom, quanto a isso, gostaria de esclarecer que, mesmo no meio do Património Cultural, esta não é, seguramente, uma figura consensual. Por estar associada à vertente dentro do Património que menos condições reúne para ser considerada como uma disciplina científica mas, sobretudo, por, dentro dessa vertente (falo da Conservação e Restauro), a corrente que a instituição a que presidiu pratica se encontrar enraizada na tradição das artes decorativas. Simultaneamente, a área tem evoluído sobretudo ligada a disciplinas científicas e a métodos de exame e análise, afastando-se, portanto, daquilo que a nova Ministra até há cerca de duas semanas defendeu.

Feita esta introdução, o Museu do Côa merece-me uma outra reflexão. Para quem está de fora desta situação toda, há que recordar, em traços gerais, a história do Vale do Côa. É evidente que já era conhecida a existência das gravuras anteriormente. Mas, quando a re-descoberta é feita, em 1995, aquando dos trabalhos de prospecção encomendados pela EDP, para a construção da barragem, a polémica estala. Durante meses, assistiu-se a um braço de ferro entre o governo de Cavaco Silva e um movimento associativo, liderado por alguns arqueólogos mais aguerridos mas, sobretudo, por grupos de jovens da região de Foz Côa, que conseguem distribuir abaixos-assinados por quase todas as escolas do país, recolhendo milhares de assinaturas contra a construção da barragem. Vêm especialistas estrangeiros, cujas verdareiras motivações ainda são para mim obscuras, dizer que as gravuras não são, como defendiam arqueólogos portugueses, paleolíticas, como se isso fosse justificação suficiente para as destruir.

Com o primeiro Governo PS, cria-se pela primeira vez o Ministério da Cultura e opta-se, numa decisão histórica a nível internacional e representando uma grande vitória do movimento associativo português, por abandonar a construção da barragem e preservar as gravuras. Cria-se, também, o Instituto Português de Arqueologia (área anteriormente tutelada pelo então IPPAAR, depois IPPAR e, inicialmente, pelo IPPC). Na dependência do IPA, surge o Parque Arqueológico do Vale do Côa, o Centro Nacional de Arte Rupestre e uma estrutra de fiscalização com base em delegações regionais, bem como todo um novo sistema legal, com vista à realização exclusiva de intervenções arqueológicas por parte de arqueólogos com formação académica, bem como a um incremento do respeito pelo património arqueológico.

O regresso do PSD ao poder em 2002 representou a oportunidade ideal de vingança por parte de algumas figuras que transitavam ainda do último Governo de Cavaco Silva. No meio da onda de "mudanças estruturais", "reformas" e "choques", o Governo anuncia a fusão do IPA com o IPPAR. Durante dois anos, o IPA vive uma situação "de transição", não se fazendo a menor ideia quando fecharia as suas portas, situação em que vive ainda hoje. Afinal, a referida fusão nunca foi desmentida oficialmente. No meio de tudo isto, a estrutura criada e que em poucos anos tinha demonstrado (com todos os problemas que também tinha) ser ligeira, capaz de cobrir uma interessante parcela do território com poucos recursos e baseada em critérios como a disponibilização de publicações gratuitamente através do seu site, perdeu, pelo menos, grande parte do seu fulgor, devido a esta indefinição prolongada.

Mas o que tem tudo isto a ver com o Museu do Côa? Bom, o facto é que o projecto socialista passava por uma construção encravada na rocha, aproveitando uma das fundações da barragem já construída. Seria, tudo o apontava, uma das grandes obras da arquitectura do fim do século XX português (e europeu), pela sua particularidade. Ao chegar ao poder, o Governo de Durão Barroso abandonou este projecto, tendo sido agora anunciada a escolha final, de um museu implantado numa zona sobranceira à confluência dos rios Côa e Douro. Ou seja, de uma assentada ganhamos uma paisagem ainda mais alterada e afectada pelo Homem e perdemos um edifício inovador, que, ainda para mais, disfarçaria a destruição feita previamente.

Evidentemente que esta nova solução prevê-se que saia (sairá mesmo?) muito mais barata que a anterior. Mas não deixa de ser sintomático que só em questões como a Cultura ou no aceitar de empréstimos de material de combate aos incêndios se veja esta tão grande preocupação em poupar custos.

Epílogo: Após os meses iniciais de polémica em torno da cronologia das gravuras do Vale do Côa, finalmente confirmou-se que as mais antigas datam do Magdalenense, prolongando-se até ao século XX, numa extensão de cerca de 17 km. É, tão somente, dos maiores santuários de arte pré-histórica de ar-livre do mundo, classificado como Património Mundial da Humanidade pela UNESCO, em 1998. Mas no poupar é que está o ganho, não é?


É a retoma! É a retoma!

Já preocupado pela falta de bons espaços de humor na blogosfera, descobri, por referência do Causa Nossa, onde pára a Irmã Lúcia. Que continue a contar-nos segredos de Fátima por muitos anos!