sexta-feira, dezembro 31, 2004

É Passagem de Ano, ninguém me julga insano.

Cada qual faz os desejos de Ano Novo que muito bem entende. Eu cá tenho os meus que só a mim (e a mais uma ou duas pessoas) interessam. De qualquer forma, estou aqui para realizar um voto para 2005:



Venha ele!!! ;-)

quinta-feira, dezembro 30, 2004

Tu 'tás lá, rapaz...

Acho que já postei isto uma vez...

quarta-feira, dezembro 29, 2004

Já que me "acusam" de falar muito de sexo ultimamente...



Achava eu que o golfe é um desporto de gente respeitável...

terça-feira, dezembro 28, 2004

Finalmente, descobriu uma vocação!

É por estas e por outras que lavo tão poucas vezes o carro...

Há qualquer coisa de masturbatório no acto de lavagem de um carro por parte de um homem. É um momento de extrema dedicação a algo que, há partida, só lhe interessa a ele. Percebe-se esse carácter onanista também no facto de ser tudo feito comme il faut, com cuidados que ponho sérias dúvidas que tenham quando na cama (ou no sofá, no carro, no duche, na cabine telefónica...) com outra pessoa.

Primeiro que tudo, há que limpar os tapetes e aspirar (afinal, de que serve lavar o carro primeiro, se depois se baterem tapetes carregados de pó mesmo ao lado do carro?). Os masturbadores requintados chegam mesmo ao ponto de comprar as toalhinhas húmidas para limpeza do tablier.

Depois destes preliminares, está tudo pronto para o grande final, o Grande Jacto! Mete-se a moeda e lava-se o carro com aquela água com pressão elevada. Ainda assim, uma ejaculação de 3:15 m (€1, que a vida tá difícil para ejaculações de 6 minutos, que já custam €2) é algo de extraordinário. Felizmente que na vida real não é assim, senão era uma chatice. Além de não haver preservativo com reservatório com aquela capacidade (nem orifício do corpo humano, já agora!), a agulheta da lavagem automática faz doer as mãos com aquela trepidação toda, caraças! Já para não falar do estado em que ficariam lençóis, almofadas e tudo o que estivesse num raio de, digamos, 5 metros (bolas, nem as paredes escapavam!)...

Bom, de qualquer forma, a aplicação da água quente com sabão, água morna para limpar e água quente com cera prefigura um tratamento de tal forma cuidado que creio que boa parte dos homens que o fazem só o repetem, de facto, em relação à sua própria genitalia...

No fim disto tudo, ainda há os verdadeiros profissionais da coisa, os que limpam com o paninho, para não deixar vestígios nenhuns (aqui, deixo ao critério de cada um decidir sobre o que é que eu estou a falar...). Ainda assim, os casos mais graves são os que se põem a assobir o "O Sole Mio" enquanto o fazem! Será que também assobiam enquanto se masturbam, caraças?!

Conclusão: tenho de mudar de lavagem automática...

And now, for all you cat lovers out there... Testeeeeeeeeee!!!

Persian
You are a Persian! You are quiet, gentle, and
loving, though sometimes you need extra
attention and care. Some might call you high
maintenance, but you just need to be pampered.

What breed of cat are you?
brought to you by Quizilla

segunda-feira, dezembro 27, 2004

O Natal tem destas coisas...

E agora cheiro a isto...


Ganhem juízo...

Ainda a propósito dos abastardamentos da língua, propunha que estes iluminados pusessem antes mais atenção naquilo que o mesmo meio de comunicação que escolhem para emitir opiniões escreve, supostamente em português:

"O balanço do sismo e dos maremotos que devastaram diversos países asiáticos já mataram 22.800 pessoas, segundo o último balanço levado a cabo pelas autoridades dos oito países afectados pela catástrofe."

Este não deve chegar a abastardado, deve ser adoptado...

sexta-feira, dezembro 24, 2004

37 anos depois

Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
num sótão num porão numa cave inundada
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
dentro de um foguetão reduzido a sucata
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
numa casa de Hanói ontem bombardeada

Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
num presépio de lama e de sangue e de cisco
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
para ter amanhã a suspeita que existe
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
tem no ano dois mil a idade de Cristo

Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
vê-lo-emos depois de chicote no templo
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
e anda já um terror no látego do vento
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
para nos pedir contas do nosso tempo

David Mourão-Ferreira - Litania para o Natal de 1967

quinta-feira, dezembro 23, 2004

Momento nostálgico XVIII

Os dias andam lindos, mas está frio, caraças!
Para vos aquecer, uma imagem do passado...



"Sabe-se lá aonde acaba a pele e começa a lã... Você merece ternura, MERECE A LÃ!"

Fantástico...

quarta-feira, dezembro 22, 2004

Indignação vernácula

Diziam-me ontem que este país precisa de uma revolução sexual, acima de tudo. Eu já andava desconfiado, mas minutos depois tive a minha confirmação. Senão, como explicar a montra de boçalidade e ignorância que me surgiu à frente?

Tive ontem oportunidade de ouvir uma conversa entre pessoas mais ou menos da minha idade que, estando a alguns metros de mim, nem por isso deixavam de ser (facilmente) audíveis. Juventude, no máximo dos seus cortes de cabelo, roupas da Zara e ténis coloridos/bota-de-matar-baratas-ao-canto-da-sala consoante o nível de gosto (mau, na maioria dos casos...) e... cérebro atrofiado. A páginas tantas, a conversa desembocou (não no sentido de tirar a boca) no sexo anal. Ora, sabendo que sou uma puta, evidentemente que o assunto me interessava. E é então que tenho oportunidade de vê-lo, ali, Portugal no seu esplendor!

"Isso é coisa de paneleiros!", atirado por uma menina de ar enojado, logo seguido de "Querem comer cus, comam-se uns aos outros!", da amiga do lado. Da parte do sector masculino, a resposta surge sob a forma de uma inquietação "Depois um gajo sai de lá todo coberto de merda!", ao que responde logo o elemento riso-à-Pateta com "Aquilo só dá pica porque é apertado! Iac! Iac! Iac!", sequência mortal que provoca a risada galhofeira do grupo. Recuso-me sequer a descrever o resto da conversa, que entrou em pormenores técnicos com uma ainda maior demonstração de ignorância, a juntar à intolerância já exposta.

E percebo de repente que este país não vai, de facto, a lado nenhum enquanto não se fizer essa revolução - a dos costumes. Da lógica simplória e simplista de observação intolerante do próximo. Da Intolerância demonstrada com orgulho de pretensa virgem ofendida ou de pretenso machão que não quer que a mulher lhe faça um broche à noite para de manhã dar um beijo nos filhos dele. Da ignorância de considerar que o sexo anal é "coisa de paneleiros". Da idiotice de dizer que se prefere um filho drogado a homossexual. Da falta de capacidade para admitir que se leva, na realidade, uma vida sexual tão reprimida e tão hipócrita que se vai à missa de Domingo ainda com cheiro a putas da noite anterior.

É como os vejo, daqui a alguns anos; balofos, carecas, (ainda mais) broncos, a olharem para uma mulher com quem se empandeiraram e que se fartou de couves com feijão todos os dias e partiu para outra sem sequer perceberem porquê. Ou balofas, disformes, de cabelos escandalosamente mal pintados, a assinarem abaixos-assinados contra as meninas que lhes desencaminharam os palonços a quem enganaram com promessas de grandes fodões que nunca passaram de "campanhas de Santana".

E nessa altura, continuarão os nossos filhos a ouvir gritar aos sete ventos que "o sexo anal é coisa de paneleiros"?

terça-feira, dezembro 21, 2004

O altruísmo deixa-me sempre comovido...

Gostaria de agradecer profundamente a tod@s est@s:
MA:lEEnH:aNc:ER, AreYouBigEn:ough?, Enlargement (G) Blow, "Health for Me'n" e dcruqzqgbq@freeweb.de pela preocupação demonstrada. Queiram saber que muito me apraz saber que ainda há pessoas assim no mundo, que se preocupam com os outros e se oferecem para ajudar. Não tenho a certeza, no entanto, da minha real necessidade dos vossos préstimos de enlargement. Proponho que venham averiguar por vós mesmos essa situação.

Atenciosamente,
Tiago.

segunda-feira, dezembro 20, 2004

Motown moment

Buh buh buh buh buh buh
Da da da da da da
You went to school to learn girl
What you never never knew before
Like I before E except after C
Why 2 plus 2 makes 4 na na na
I'm gonna teach you
(teach you, teach you)
All about love girl
(all about love)
Sit yourself down, take a seat
All you gotta do is repeat after me

A B C easy as
1 2 3, oh simple as
do re mi, A B C, 1 2 3 baby you and me girl
1 2 3 baby you and me

Come on let me love you just a little bit
Come on let me love u just a little bit
I'm gonna teach you how to sing it out
Come on come on come on let me show you what it's all about

Reading and writing, arithmatic
all the branches of the learning tree
and now let me tell you girl
education makes complete Tite- Tite- Tite-
Tito's gonna show you
(show you, show you)
How to get a name
(How to get a name)
Let me show you what you have to do
Listen to me baby that's all you gotta do

A B C, easy as
1 2 3, oh simple as
Do Re Mi, A B C, 1 2 3, baby you and me girl
A B C, it's easy it's like counting up to 3
sing a simple melody
that's how easy love can be
(that's how easy love can be)
sing a simple melody
1 2 3, you and me!

Sit down girl!
I think I love you!
No! Get up girl!
Show me what you can do.
Shake it shake it baby
come on now
shake it shake baby
ooh ooh
shake it shake it baby
Ho!
1 2 3, baby
ooh ooh
A B C baby
na na
do re mi, baby
No!
That's how easy love can be
A B C, it's easy it's like counting up to 3
sing a simple melody
that's how easy love can be

Jackson 5 - ABC

Momento nostálgico XVII



"E vivam os direitos da mulher!
O direito de sair à rua e ser livre. De vestir minis, maxis ou calças. De guiar e fumar. De trabalhar e ter os seus caprichos. O direito de comprar, de repente, ao sabor da fantasia, um pullover jacquard, um perfume caro ou uma gravata para oferecer. De não contar os tostões que traz na carteira. De não ficar, nunca, frustrada diante da tentação, ali na montra, ao atravessar a rua, à saída do escritório. O direito indiscutível, em todas as ocasiões, de usar o cartão Sottomayor.
Sempre consigo."

Bom dia!!! :-)

I must’ve died and gone to heaven
Cos it was a quarter past eleven
On a Saturday in 1999
Right across from where I’m standing
On the dance floor she was landing
It was clear that she was from another time
Like some baby Barbarella
With the stars as her umbrella
She asked me if I’d like to magnetise
Do I have to go star-trekking
Cos it’s you I should be checking
So she lazer-beamed me with her cosmic eyes

She’s just a cosmic girl
From another galaxy
My heart’s at zero gravity
She’s from a cosmic world
Putting me in ecstasy
Transmitting on my frequency
She’s cosmic

I’m scanning all my radars
Well she said she’s from a quasar
Forty thousand million light years away
It’s a distant solar system
I tried to phone but they don’t list'em
So I asked her for a number all the same
She said step in my transporter
So I can teleport ya
All around my heavenly body
This could be a close encounter
I should take care not to flounder
Sends me into hyperspace, when I see her pretty face

She’s just a cosmic girl
From another galaxy
My heart’s at zero gravity
She’s from a cosmic world
Putting me in ecstasy
Transmitting on my frequency
She’s cosmic
Sends me into hyperspace when I see her pretty face

She’s just a cosmic girl
From another galaxy
Transmitting on my frequency
Can’t you be my cosmic woman?
I need you, I want you to be my cosmic girl
For the rest of time

Jamiroquai - Cosmic Girl

sábado, dezembro 18, 2004

No esteio de uma conversa sobre África...

Écoute le message de l'Afrique lointaine et le chant de ton sang!
Des chants d'oiseaux montent lavés dans le ciel primitif
L'odeur verte de l'herbe allègre monte, Avril!
J'entends le souffle de l'aurore émouvant les nuages blancs de mes rideaux
J'entends la chanson du soleil sur mes volets mélodieux
Je sens comme une haleine et le souvenir de Naëtt sur ma nuque nue qui s'émeut
Et mon sang complice, malgré moi, chuchote dans mes veines.
C'est toi, mon amie - ô ! Ecoute les souffles déjà chauds dans l'avril d'un autre continent
Oh ! Ecoute quand glissent, glacées d'azur, les ailes des hirondelles migratrices
Ecoute le bruissement blanc et noir des cigognes horizontales à l'extrême de leurs voiles déployées
Ecoute le message du printemps d'un autre âge, d'un autre continent
Ecoute le message de l'Afrique lointaine et le chant de ton sang!
J'écoute la sève d'avril qui dans tes veines chante.


Sedar Senghor - Chant du Printemps: Pour une jeune fille noire au talon rose

quinta-feira, dezembro 16, 2004

E "de nada" significa "amo-te"

Mensagem subliminar é um conceito simples, pensamos. Mas é, ainda assim, uma noção abrangente. Se pode ser algo que não ultrapassa o limiar da consciência ou uma mensagem construída de forma a atingir o subconsciente do receptor, também pode ser uma percepção que, inconscientemente (subconscientemente, talvez) temos de algo que queremos dizer ou que julgamos ouvir.

Não fazes publicidade, que eu saiba. E não te tomo por inconsciente. Daí, presumir que o subliminar de um nosso dia se possa resumir em alguns segundos; estranho, sobretudo quando passamos todo o dia a menos de um metro do outro. Mas é nessas alturas que um olhar substitui uma afirmação - e "de nada" significa "amo-te".

Se me cabesse a mim dar-te conselhos, dir-te-ia para não o fazeres. Isso, sim, isso que estás a pensar. Não o faças. É dos maiores erros que podes cometer, presumires que o teu caminho passa pelo meu. Não que não possa corresponder a tudo aquilo que a tua timidez permite que seja visível, mas por acreditar que o teu sorriso não merece tornar-se amargo por mim.

Não percas demasiado tempo no meu olhar - não te traz nada de bom.


quarta-feira, dezembro 15, 2004

Marketing político

Que este "agora-demissionário-até-há-uns-dias-pleno-de-energia" governo tem na figura do Primeiro-Ministro um amante da imagem, das campanhas de marketing político, já sabíamos. Mas o Litanias (olhó serviço informativo!) está em condições de adiantar que uma nova campanha foi preparada logo após o anúncio pelo Presidente da República da dissolução da Assembleia, com o objectivo de informar os cidadãos da opinião do Primeiro-Ministro em relação a isso. Os primeiros outdoors começarão a ser distribuídos brevemente. Apresentamos abaixo um desses outdoors:


terça-feira, dezembro 14, 2004

Não sou antropólogo...

...sou arqueólogo (apesar de um dos grandes ramos da Arqueologia derivar da Antropologia). Mas percepciono exactamente o mesmo, quanto a este assunto.

A tendência cíclica do Tempo é uma ideia, quanto a mim, demasiado influenciada por conceitos marxistas. No entanto, não consigo deixar de reparar como algumas coisas, efectivamente, se repetem. Esse grande senhor? Ela chamava-lhe antes grande escultor...

sexta-feira, dezembro 10, 2004

Fotopsicanálise



"Hã! Deixa-te andar, deixa... Andas com a mania, mas eu tiro-tas todas! Ah, caraças, qu'eu vou-me a ele! Desfaço-te todo à cabeçada, ò Cenoura! Já vais ver o que é que é instabilidade! O bebé um destes dias sai da incubadora e desata a partir os irmãos todos ao soco! O tio Sagmento até já disse que me vai ensinar a dar uns uppercuts de direita...
Eh pá, mas agora é que tou a ver! Meu, a tua assessora de imagem anda-te a falhar... Tens de lhe dizer para mudar a marca de gel, que tens aí umas coisas brancas... 'Pera lá, mas tu não usas gel! Será... Será caspa?! Náááá... Mas tem todo o aspecto disso... Só pode ser! É caspa! Mas, espera lá! Quem é que me garante que eu também não tenho?! E se estiver disfarçada, colada ao cabelo com o gel?! Tenho de mudar de marca de gel, caraças!"

É oficial...

Eu sempre disse que estes testes são aldrabados...

You Are a Visionary Soul
You are a curious person, always in a state of awareness.Connected to all things spiritual, you are very connect to your soul.You are wise and bright: able to reason and be reasonable.Occasionally, you get quite depressed and have dark feelings.
You have great vision and can be very insightful.In fact, you are often profound in a way that surprises yourself.Visionary souls like you can be the best type of friend.You are intuitive, understanding, sympathetic, and a good healer.
Souls you are most compatible with: Old Soul and Peacemaker Soul

What Kind of Soul Are You?

quinta-feira, dezembro 09, 2004

Back in time

we live on a mountain
right at the top
there's a beautiful view
from the top of the mountain
every morning I walk towards the edge
and throw little things off
like: car-parts, bottles and cutlery
or whatever I find lying around

it's become a habit
a way
to start the day

I go through all this
before you wake up
so I can feel happier
to be safe up here with you

it's real early morning
no-one is awake
I'm back at my cliff, still throwing things off
I listen to the sounds they make
on their way down
I follow with my eyes 'til they crash
imagine what my body would sound like
slamming against those rocks

and when it lands
will my eyes be closed or open?

I go through all this
before you wake up
so I can feel happier
to be safe up here with you

Björk - Hyperballad


Ainda que não pareça, já lá vão 9 anos...

quarta-feira, dezembro 08, 2004

Deambulações arqueológicas

Uma das coisas de que raramente falo é da minha relação com aquilo que considero o meu verdadeiro trabalho. É a minha formação. É aquilo que sou. E foi aquilo que me formou muito como pessoa. O meu trabalho voluntário começou quase por acaso, arrastado por amigos de infância que já tinham sido "apanhados". Durante anos, as minhas tardes de Sábado, fins-de-tarde após as aulas, manhãs livres, férias inteiras, eram dedicados a inventariação, catalogação, prospecção, escavação, arqueologia experimental, apoio a congressos... No primeiro ano, tinha eu 15, estas actividades coabitaram com o último de 4 anos e meio de teatro, com a escola a sofrer, inevitavelmente, as consequências. Quando foi preciso escolher, a descoberta de vidas passadas pareceu mais apelativa que a de vidas fictícias.

Os estudos, na área económica, faziam-me perceber melhor o mundo que me rodeava, bem como que não estava talhado para prosseguir esses mesmos estudos. E surgia-me a escolha natural, óbvia; tornar aquilo que, até então, tinha servido como actividade voluntária e forma de ganhar o dinheiro suficiente num mês para sair à noite uma ou duas vezes por semana, bem como os conhecimentos que essa actividade me tinha dado, num futuro profissional. Só algum tempo mais tarde viria a perceber totalmente as consequências de escolher uma actividade científica.

Mais tarde, a realidade do trabalho viria a afastar-me daquilo que foi a minha formação inicial, a mais pura, pela informalidade: o trabalho de campo. Não conseguiria, no entanto, fazer o mesmo em relação ao trabalho voluntário e ao entusiasmo que ele pressupõe. Tenho e terei dificuldades em separar o trabalho voluntário da minha actividade profissional, com tudo o que isso traz de bom e de mau. A progressão natural em nível de estudos facilita-me um pouco essa questão, actualmente, por permitir que canalize o meu lado voluntário para algo que é, simultaneamente, produtivo em termos profissionais.

Mas aquilo que o associativismo me ensinou como pessoa foi bem mais importante. A verticalidade, o método e a seriedade no trabalho, a crença no projecto como um objectivo comum. O gosto abrangente pelo património, num ponto de vista mais afastado de alguns preconceitos académicos. Só isso permite que me sinta feliz por me ter levantado de manhã para ir trabalhar para o campo num feriado.

terça-feira, dezembro 07, 2004

Assumidamente

The cops are hanging around the house
The cars outside look like they’ve got the blues
The moon don’t know if it’s day or night
Everybody’s creeping around with plastic covers on their shoes
You’re making coffee for everyone concerned
Someone points to this and someone points to that
Everyone is saying that you should lie down
But you ain’t having none of that
And I say to the sleepy summer rain
With a complete absence of pain
You might think I’m crazy
But I’m still in love with you

Hide your eyes, hide your tears,
Hide your face, my love
Hide your ribbons, hide your bows
Hide your coloured cotton gloves
Hide your trinkets, hide your treasures
Hide your neatly scissored locks
Hide your memories, hide them all
Stuff them in a cardboard box
Or throw them into the street below
Leave them to the wind and the rain and the snow
For you might think I’m crazy
But I’m still in love with you

Call me up, baby, and I will answer your call
Call me up but remember I am no use to you at all

Now, you’re standing at the top of the stairs
One hand on the banister, a flower in your hair
The other one resting on your hip
Without a solitary care
I fall to sleep in the summer rain
With no single memory of pain
And you might think I’m crazy
But I’m still in love with you

Nick Cave - Still in love


segunda-feira, dezembro 06, 2004

Da brasa e da sardinha

Amor da minha vida, cariño de mi corazón:
Como decerto percebeste, aquela análise tinha como objectivo ridicularizar precisamente esse tipo de homem(?).
Mas esta é, de facto, uma guerra eterna. Apenas creio que cometeste um erro de avaliação. Na realidade, o que nós tentamos fazer é puxar a vossa brasa à nossa sardinha...

'Tás-te a habilitar, ai 'tás, 'tás...

Vai uma aposta em como ele é a próxima vítima?

Voodoo popular português II



Ó tu mortal que me vês
Repara bem como estou,
Eu já fui o que tu és
E tu serás o que eu sou.


Sempre é mais claro que o outro...

Ton silence me tue lentement

Sais dos meus sonhos para me ocupar os pensamentos ininterruptamente durante a noite. Deve ser a forma retorcida que a minha própria mente tem de me castigar por erros passados. Prega-me partidas, esse meu subconsciente inopinado e inssurecto. Faz-me ouvir vozes que não estão aqui e me falam com o mesmo tom que tens naqueles instantes antes de adormeceres. Dá-me os mesmos calafrios que "aqueles" teus beijos no pescoço costumavam dar-me. Traz-me a impressão de ter sentido o teu cheiro, quando ponho um pé na rua. Faz-me sentir tanto calor na cama quanto quando a partilhávamos.

Atira-me constantemente à cara o ser desprezível que consigo ser. E não tenho argumentos para o rebater, a esse subconsciente cruel que me conhece as fraquezas melhor que ninguém e faz questão de mo mostrar constantemente.

domingo, dezembro 05, 2004

Referência bibliográfica

Toma nota:

I suppose I do have one unembarrassed passion. I want to know how it feels to care about something passionately.

Meryl Streep - Adaptation

Pelo direito ao contraditório

Os relacionamentos entre homens e mulheres são (foram e serão) assunto habitual na escrita mundial. Milhares são já as páginas escritas na tentativa de compreensão desses mecanismos. Pessoalmente, acho que os homens são uns incompreendidos. As mulheres podem perfeitamente dizer o mesmo. Mas isso agora não me interessa lá muito, se querem que vos diga. Querida amiga, aquilo que descreves é um fraco exemplo de homem, caramba (ou então, é um homem muito desesperado...)! Ainda assim, tentarei lançar alguma luz sobre as ignotas motivações de tão desastrado comportamento. A ver:

Cenário - Se já foram apresentados e ele achou-a o máximo, é mais que evidente que existe um pré-interesse. A partir desse ponto, toda a libertação de hormonas se torna iminente, com resultados, compreensivelmente, imprevisíveis.

1 - Não é o facto dela se sentar a seu lado que o põe automaticamente a pensar que ela está fisgada. São as feromonas dela (ainda que involuntárias, admito) que o tiram do sério.

2 - Não é o riso dela, nem a possibilidade dela achar-lhe piada que o põe com aquele ar guloso. É a forma como o peito dela abana a cada risada que ela dá.

3 - Partilhar o copo é algo de íntimo. Ao fim e ao cabo, é um beijo com direito a intermediário (o copo). É tão pouco higiénico quanto o beijo em si e trocam-se mais ou menos o mesmo tipo de bactérias. Além disso, se o álcool abunda no jantar, ele estará provavelmente a pensar que ela estará no papo apenas porque está a caminho de se embebedar.

4 - Ninguém pergunta por livros preferidos de forma pura e simplesmente inocente. Isso ensinam as revistas femininas feitas de modo a que sejam os homens a lê-las (daí as boazudas semi-nuas por todo o lado), para que saibam aquilo que supostamente as mulheres querem.

5 - Essa atenção pela roupa deriva, também das revistas referidas no ponto anterior. São já demasiadas as páginas recheadas de conselhos do tipo "O amor é como uma flor. Precisa de ser regado regularmente. Diga-lhe que reparou na nova camisola ou saia que ela comprou e como ela fica bonita com elas. Comente o novo corte de cabelo dela. Elogie-o, mas não de forma exagerada, que pareça falsa.", para que esse homem consiga evitar tecer comentários desse género. O tocar na camisa e o enfiar a mão debaixo da gola são apenas preocupações com a qualidade do tecido.

6 - "À meia-noite todos os homens se transformam em espanhóis..." Vá lá... Às 9 da manhã, muitas mulheres se transformam em abóboras...

7 - Os homens são uns exagerados por natureza. Há que dar um desconto, se ele diz que és a mulher mais bonita que ele já viu em toda a sua vida. Essa afirmação está ao mesmo nível das que ele fará aos amigos sobre o tamanho do pénis...

8 e 9 - Se já passa da meia-noite e ele já se transformou em espanhol, é natural que não compreenda uma recusa (ou mesmo várias). Afinal, os espanhóis nunca percebem aquilo que nós queremos que eles percebam, antes apenas aquilo que eles querem perceber.

10 - Ele não estava a barrar o caminho. Estava apenas a chamar a atenção mais uma vez para a largura dos seus ombros, tal como manda a Xis, nas suas matérias sobre linguagem corporal ("Estique os ombros para fora, não se encolha...").

sábado, dezembro 04, 2004

Uuuuuuuuuhhhhhhh!...





You Are a Snarky Blogger!



You've got a razor sharp wit that bloggers are secretly scared of.
And that's why they read your posts as often as they can!



Bem me parecia, que devia haver alguma razão... Visto aqui. E aqui.

E tudo o resto empalidece, quando lado-a-lado com a tua imagem.

Sonhei contigo, esta noite. Acordei com a mesma sensação que tenho sempre que isso acontece; de ter tido tudo ali, na minha mão - presente, futuro, amor, felicidade... - e tê-lo perdido. Como o fumo do meu cigarro, que desbarato e revolvo com a minha mão, esfumaste-te no ar. E deixei-me a mim mesmo aqui, sozinho. A pensar que já não incomoda ninguém, o meu fumo. Mas incomoda-me a mim, a tua ausência.

Tinha prometido a mim mesmo que nunca te contaria os verdadeiros motivos por trás de uma decisão suicida como aquela. Não que não merecesses sabê-los, mas porque não merecias que te desse tal carga para carregares, num caminho que eu próprio tornava numa jornada solitária. Mas não suporto a ideia que possas culpar-te por algo que foi uma decisão minha! Nem que possas pensar que algo em ti me desagradava a ponto de poder deixar que se perdesse aquilo que tínhamos!

Por isso te disse a verdade, meu amor... Sim, foi o teu futuro que me fez acabar com o nosso futuro. Sim, não suportaria a ideia de ter-te impedido de atingires objectivos que a tua humildade te impede de admitir como possíveis. Mas que eu sei que, mais que possíveis, são reais. Confio em ti. E nas tuas capacidades. Sei que lá chegarás, talvez mais cedo do que imaginas. Um dia, cruzar-nos-emos, seguramente (este mundo é muito pequeno, mesmo). Espero nesse dia resistir ao impulso de te beijar. E rever o olhar e o sorriso de criança que sempre me perderam.

Sem ti, pouco me interessa, de facto. Sem ti, o dia-a-dia é insuportável. Sem ti, vivo numa permanente ilusão, na qual sou amado e saltito de amor em amor, com a mesma atitude indiferente de uma abelha que apenas se aproxima de mais uma flor, independentemente de qual a sua espécie. Sem ti, os meus (des)penteados matinais deixaram de ser divertidos, para voltarem a ser apenas ridículos. Para além de ti, não há nada que valha, realmente, a pena. E tudo o resto empalidece, quando lado-a-lado com a tua imagem.


sexta-feira, dezembro 03, 2004

Da seriedade na política

Haverá, seguramente, quem discorde desta minha opinião. Haverá até quem, num lampejo de inteligência [Yeah, right!], ache que isto é normal e que até serve para aproximar a política dos cidadãos comuns e até daqueles que utilizam as "auto-estradas da informação", aqueles que representam o sonho (eternamente adiado) da Sociedade da Informação. Eu, pessoalmente, acho que isto é apenas mais um exemplo de como há partidos com sentido de responsabilidade (se eu fosse mais um desses palhaços Neo-Cons que tomaram de assalto este país, chamar-lhe-ia "Sentido de Estado") e depois há outros; aqueles partidos que acham que a política deve ser aligeirada, que governar é fácil - basta ter sido dirigente futebolístico e autarca-e-meio. São "famílias" políticas que têm por hábito acusar os "outros" de serem trauliteiros, mal-educados, radicais... Alguns gostam de arvorar a sua pretensa tradição, no seu conservadorismo bacoco e bafiento. Mas seguramente que todos acham normal que no site oficial do seu partido surjam jogos com nomes tão sugestivos como "Laranja Man" e "Orange Destroyer".

Aliás, deixo-vos estas duas pérolas, as sinopses de ambos os jogos (vilmente copiando os clássicos "Pac-Man" e "Space Invaders"):

Laranja Man - Não deixe que os terriveis agentes RosaOids da Corrupção e do Clientelismo dêem cabo do universo.

Orange Destroyer - Detenha a invasão dos temíveis RosaOids que ameaçam destruir o planeta Portugalis.


Este é, no entanto, o retrato mais fiel do PSD. Um bando de adolescentes com hábitos compulsivos relacionados com video-games (sempre é mais divertido que as reuniões do Conselho de Ministros, não é?), desfasamento da realidade do país, com a mania que são detentores de alguma verdade suprema e completamente ridículos, na postura que mantêm. Felizmente que a fachada séria que tentam a todo o custo manter se desmorona por completo nestas petites folies a que se dão direito, de quando em vez...

Já sei...

quinta-feira, dezembro 02, 2004

Quando os olhares não se suportavam mutuamente

Logo a mim, que não sou dado a crenças no "Além" é que me calham as premonições...
Eu já sabia. Bolas, como é que eu já sabia?! E, se já sabia, porque é que não fiz nada para impedir? Mais uma olhada, mais uma última busca, para ter a certeza que não me falhava nenhum livro... Um último olhar, que me prendesse um segundo mais, um instante mais para sermos presenças-fantasma no dia um do outro.

Mas não houve sequer tempo para respirar, pensar no que se vai dizer. Antes assim. Os sorrisos disseram tudo o que tinham a dizer, quando os olhares não se suportavam mutuamente. E quando o teu ombro estremece a cada vez que lhe toco, as nossas facilidades de comunicação desaparecem. E a minha garganta seca.

Tudo o resto? Conversa de circunstância...

Imponderáveis

Têm às vezes as situações pesos e capacidades improváveis, com as quais os seus próprios promotores, decerto, não contariam inicialmente. São os chamados imponderáveis. O imponderável destes últimos 5 meses é que poderei, certamente, um dia contar a filhos e netos que vivi durante o tempo em que Santana Lopes era Primeiro-Ministro de Portugal. E rir-me a bom rir com eles.