sábado, julho 31, 2004

Nuvem

Uma estranha nuvem passou sobre esta última página do Litanias. Os últimos tempos têm sido particulares, mesmo por aqui. Muito se passa e nem sempre a vontade permite que se fale pelo menos de parte disso.

No meio de tudo isto, há situações contra a corrente. Quando tudo se retrai, desabrochas um pouco mais. E marcas cada vez mais uma posição. Há território que é teu, agora, merecidamente teu. No dia em que o reclamares, veremos como cuidas dele. Entretanto, mantém-se a felicidade da possessão.

Semelhante à imóvel
transparência
à inesgotável face
à pedra larga onde o olhar repousa

Água sombra e a figura
azul quase um jardim por sob a sombra a iminência viva aérea
de uma palavra suspensa
na folhagem

Semelhante ao disperso ao ínfimo chama-se agora aqui o sono da erva a ligeireza livre
a nuvem sobre a página.

António Ramos Rosa - A nuvem sobre a página


terça-feira, julho 27, 2004

Luta

Estou a acompanhar o debate sobre o Programa do Governo na Assembleia da República. Ou melhor, estou a assistir à luta de Pedro Santana Lopes contra o sono.

segunda-feira, julho 26, 2004

O incêndio e o fogo

Asfixia-se Portugal em mais uma mortandade em labaredas. Estou cansado, nem vou comentar os incêndios. Apenas digo que ontem estive no concelho de Torres Novas e vi o fumo, senti o calor e o cheiro do incêndio, apercebi-me do vai-vém desnorteado de algumas pessoas.

Asfixio-me eu com as labaredas que me consomem. Estou cansado, nem vou comentar os meus fogos. Apenas digo que anteontem estive no meio de um e vi essa luz, senti o calor e o cheiro desse fogo, apercebi-me do vai-vém desnorteado de mim mesmo.

Entrei de férias hoje. Se tudo correr bem, ainda esta semana desapareço uns dias. À procura de água. À procura de onde os incêndios não tenham ainda chegado e de onde não sinta o fogo.

À procura de um sítio onde não estarás, onde o teu fogo não consegue chegar, a ver se consigo parar de me queimar. À procura.

Não. Não vou à tua procura.

sexta-feira, julho 23, 2004

Voodoo popular português



Acho que prefiro nem saber...

1925-2004

"Enorme, desajeitado, com o seu eterno sorriso tímido de quem pede desculpa de existir. Sentou-se, aconchegou a guitarra a si, agarrou-se à guitarra e a guitarra a ele, passaram a ser um corpo único, um só tronco de música e de raiva, de sonho e de melodia, de angústia e de esperança, exprimindo por sons tanta coisa que nós não tínhamos palavras para dizer"

Descrição de José Carlos de Vasconcelos após ter assistido, no Teatro Avenida, nos anos 60 a uma festa da Tomada da Bastilha que comemorava também o Dia do Estudante.

quinta-feira, julho 22, 2004

Afinal tanto modelo copiado aos países mais avançados[?] na descentralização dos Ministérios para depois se construir um governo de "menina não entra".

sara cacao



Acrescento:

Onde entram menos meninas que elementos do PP; onde entram apenas 2 ministros de fora de Lisboa, quando foi dito que o governo teria representantes de todas as regiões*; onde à maioria dos ministros não lhes é reconhecida capacidade para a tutela das pastas que lhes foram distribuídas.

* Esta, particularmente, é a melhor garantia que eu posso ter de que este será um governo da treta, que não faz a mínima ideia do país que governa e que acha que a vidinha que leva, do
Ministério para a Assembleia da República, de Ministério para Ministério e com breves passagens pelo Conselho de Ministros, é real (ou realmente importante).

Felicidade

Tal como aproxima, o afastamento tem uma estranha capacidade: pode fazer-nos felizes. Mesmo em relação ao objecto amado, ao amigo longínquo. Pode parecer estranho, mas acontece. Aliás, serve tal facto inusitado como justificação para o facto de nenhum português considerar propriamente a saudade como um sentimento negativo. Nostálgico, mas a nostalgia é algo com que lidamos bem, faz parte de nós.

Mas há situações em que o afastamento nos traz felicidade. Como quando sabemos que, depois dessa partida, há sempre outra chegada. E novo reencontro. Como o amigo que se afasta ou se isola. Mas que sabemos que é o melhor para essa pessoa. Que depois será alguém, muito provavelmente, renascido. A felicidade dos outros, que nos faz felizes.

O saber que o isolamento te devolverá ao meu contacto melhor contigo e com o que te rodeia faz-me feliz. A dor do afastamento faz-me sorrir, por saber que é a troca por um tu mais feliz.



quarta-feira, julho 21, 2004

Como se esperava...

Logo pela manhã?!

Saio de casa pronto para ir trabalhar e dou de caras com uma carrinha à minha frente que me faz pensar se o fecho da Feira Popular não foi, afinal, uma reconversão em negócio ambulante. Quando me aproximo, a primeira coisa que me chama a atenção é o coração com uma luz vermelha a piscar na traseira. Frases como "Salve o bebé", "STOP "pena de morte" do bebé e castigo da mãe" ou "Quero sair e viver" chamam-me a atenção. E percebo então o que se passa.



Uma "acção de informação móvel", onde, com o beneplácito do lema "Ciência-Razão", se chama a atenção para pormenores como "ao 18º dia o coração já bate", como se a Ciência não baseasse a sua concepção de vida em outros critérios que não propriamente o bater do coração. Onde se mistura tudo, abraçando a "Vida, o Amor Responsável (seja lá o que isso for) e as dignas condições de mãe", repudiando "Guerras". É preciso esclarecer que, para estes senhores, guerra é sinónimo de mortes, desamor, miséria e exploração. Devo então presumir que os senhores acham que a interrupção voluntária de gravidez e todas as questões em torno dela são uma guerra?



Aquilo que eu acho curioso é que se oferecem para ajudar, entre outras, as grávidas que pensem fazer um aborto. Gostava de saber como, se lhes dão umas palmadinhas nas costas e lhes falam do amor incondicional da mãe pelo seu filho. De qualquer forma, continua a ser uma posição hipócrita, onde se diz que não se condena a mulher pelo aborto (dizem), mas onde se continua a falar do aborto como "pena de morte". E se misturam argumentos com vista a dissimular o discurso.

Por trás daquele "amor responsável" está o quê, o recurso a contraceptivos ou a abstinência sexual? O Sol que nos ilumina, com a Ciência convenientemente guardada no seu seio, é a iluminação divina para nos guiar para o (vosso) caminho certo?

Duvido, sim senhor, destes beneméritos que se dispõem a ajudar os outros, com slogans deste tipo. Posso estar enganado, mas duvido até me provarem qual é a verdadeira doutrina por trás de todo aquele "amor sobre rodas". Ou até vir um novo referendo sobre a IVG, para ver qual a posição destas organizações.

terça-feira, julho 20, 2004

Saudades do futuro

Às vezes o afastamento aproxima. É algo que nunca percebi, mas que acontece mais frequentemente do que se pensa. As raras vezes que me afasto daqui por mais que umas horas, fazem com que regresse sempre com uma nova vontade. Estar longe da pessoa que se ama só faz com que os momentos passados juntos sejam aproveitados e vividos ao máximo. Ver um amigo muito poucas vezes traz-nos uma felicidade imensa quando o vemos. Quando se abre a barragem de sentimentos acumulados, o único receio é que as comportas se estilhacem. Deve dar-se aqui o estranho caso que propicia a que praticamente apenas os portugueses compreendam na totalidade o conceito de saudade.

Leva isto a que me lembre tão amiúde de ti. Porque gostava de te ver mais vezes. Por isso as demonstrações de carinho são tão efusivas. Por isso a vontade frequente de ter notícias tuas. Será isto a amizade mais pura de que me consigo lembrar. Percebes agora porque a fronteira com o amor é mais ténue? E porque me fazes tão bem. Para quem dá, algo de simples, para quem recebe, calor na sua forma mais primordial.

Quero-te a meu lado. Dás-me saudades de um futuro que não conheço!


segunda-feira, julho 19, 2004

Espera

Dei-te a solidão do dia inteiro.
Na praia deserta, brincando com a areia,
No silêncio que apenas quebrava a maré cheia
A gritar o seu eterno insulto,
Longamente esperei que o teu vulto
Rompesse o nevoeiro.

Sophia de Mello Breyner Andresen



O exibicionismo respeitável não é exclusivo do Vaticano



No seguimento desta demonstração de respeitabilidade.

sexta-feira, julho 16, 2004

Designação corporativista

Entre os 80 (!) novos cursos no Ensino Superior para o próximo ano lectivo, o Ministério da Ciência e do Ensino Superior autorizou a abertura do curso de bacharelato em "Enfermagem Veterinária", no Instituto Politécnico de Viseu.

Sinceramente, acho estranho que, em plena implantação dos pressupostos de Bolonha, onde, como é sabido, o nível de bacharelato é suprimido, ainda existam instituições de ensino superior em Portugal que se propõem abrir cursos de bacharelato e, mais ainda, que o Ministério responsável autorize a abertura dos mesmos.

Mas não é disso que queria falar. O facto é que a abertura deste curso desagradou a Augusta Sousa, bastonária da Ordem dos Enfermeiros. "A enfermagem baseia-se numa relação interpessoal, entre um enfermeiro e uma pessoa. Entendemos a necessidade de formação de técnicos na área da veterinária para darem apoio, mas chamar-lhe enfermagem é adulterar o que entende da profissão", diz a senhora. Pessoalmente, acho que enfermagem é, acima de tudo uma actividade entre um profissional formado para a prestação de cuidados a doentes. Doentes, não propriamente pessoas. Assim sendo, porque é que alguém que faz serviço de enfermagem a animais não pode ser chamado de enfermeiro? É de saudar é a existêcia de formações específicas na área, não criticar a designação. Ou a senhora bastonária acha que é indigno ser colega de profissão de pessoas cujos serviços desempenhados são iguais aos dos profissionais por si representados, mas com a diferença de serem aplicados a animais?

Belief

Muitas pessoas acreditam que cada momento das suas vidas tem uma música. Como se sempre existisse alguém que já tivesse escrito sobre aquilo que sentem, a determinado momento. As if there's nothing new under the Sun.
Tal como há pessoas que têm uma crença inabalável no Destino. As if Faith was a way to redeem our souls from Fate.

I've felt you coming girl, as you drew near
I knew you'd find me, cause I longed you here
Are you my destiny? Is this how you'll appear?
Wrapped in a coat with tears in your eyes?
Well take that coat babe, and throw it on the floor
Are you the one that I've been waiting for?

As you've been moving surely toward me
My soul has comforted and assured me
That in time my heart it will reward me
And that all will be revealed
So I've sat and I've watched an ice-age thaw
Are you the one that I've been waiting for?

Out of sorrow entire worlds have been built
Out of longing great wonders have been willed
They're only little tears, darling, let them spill
And lay your head upon my shoulder
Outside my window the world has gone to war
Are you the one that I've been waiting for?

O we will know, won't we?
The stars will explode in the sky
O but they don't, do they?
Stars have their moment and then they die

There's a man who spoke wonders though I've never met him
He said, "He who seeks finds and who knocks will be let in"
I think of you in motion and just how close you are getting
And how every little thing anticipates you
All down my veins my heart-strings call
Are you the one that I've been waiting for?

Nick Cave - Are you the one (that I've been waiting for?)

Escolha possível

quinta-feira, julho 15, 2004

Autoria moral

Encaminhado pelo Boss, dou por mim a ler uma notícia que, de tão inacreditável a realidade que relata, quase me convence que os julgamentos de mulheres por prática de aborto em Portugal são algo de menor importância.

Há um excerto final que não posso deixar de reproduzir:

Deuzeli Vanines está no topo da lista exibida pelo padre Luiz Lodi da Cruz de mulheres abrigadas na Casa da Gestante, mantida pelo Pró-Vida de Anápolis. "Ah, essa morreu. Deve ter sido descuido médico", diz o padre, indagado sobre o paradeiro da primeira protegida. A história é um pouco mais longa. Em abril de 1996, um homem invadiu a casa de Deuzeli, golpeou-a várias vezes com um caco de espelho, cortou seu cabelo e a estuprou. Por meses ela teve de usar sonda para urinar. Quando se descobriu grávida, foi à Justiça e conseguiu autorização para abortar. Internada no hospital, foi procurada por padres e freiras que a convenceram a ter a criança. Na gravidez, tentou o suicídio duas vezes. Deuzeli tinha epilepsia e as crises pioraram. Concluíram que estava possuída pelo demônio. Foi exorcizada. Quando o bebê também manifestou a doença, a conclusão da mãe foi lógica - a filha também estava possuída. Em dezembro de 1997, ela cortou o cabelo como no dia em que foi estuprada e afogou a filha na banheira. Foi condenada por homicídio. Presa, Deuzeli engravidou "para reparar o mal". Morreu em julho de 1999, depois de sair da cadeia, de convulsões e crise respiratória.

Este padre (?) Luiz Lodi da Cruz acusa sistematicamente os médicos, juízes e promotores favoráveis à antecipação do parto em casos de anomalia fetal de "abortistas", organiza campanhas de difamação contra estes onde, além de serem chamados de assassinos e nazis, são constantemente importunados por elementos do movimento liderado por Lodi da Cruz, com centenas de telefonemas e e-mails.

Depois deste excerto (nem falando no resto da reportagem), quem é o assassino, afinal?!

Talento



Há gente com talento. O Dúvidas Dúbias é uma dessas pessoas.

Escolhas II

Mande notícias do mundo de lá
Diz quem fica
Me dê um abraço
Venha me apertar
Tô chegando
Coisa que gosto é poder partir
Sem ter planos
Melhor ainda é poder voltar
Quando quero

Todos os dias é um vai-e-vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar

E assim, chegar e partir
São só dois lados
Da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem da partida
A hora do encontro
É também despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida desse meu lugar
É a vida

Milton Nascimento e Fernando Brant - Encontros e despedidas

Separadas as águas, nem sempre o que fica é o leito do rio

Há dias falava de caminhos alternativos. Os caminhos alternativos têm a vantagem de nos mostrar a realidade sob perspectiva. Nunca vamos ver uma determinada zona da mesma forma se, em vez do caminho habitual, tomarmos uma estrada secundária. Um caminho alternativo. Enfim, uma outra forma de chegar ao destino, que não a mais evidente.
É estranho, como às vezes um objectivo pode ser mais facil ou aprazivelmente atingido tomando a opção mais longa, mais distante, à primeira vista.

Como, por exemplo, a amizade. Que se obtém, por vezes, das formas menos evidentes. Estranho como há tanta procura de amizade mas, simultaneamente, tanta desconfiança da mesma. Como tu, inicialmente fizeste (não há que negar, é evidente e percebo porquê). Mas fico feliz por saber que já não é assim. E que percebes que há coisas que não se explicam, sentem-se, que, separadas as águas, nem sempre o que fica é o leito do rio.

Talvez seja a peculiaridade da própria situação. Eu próprio não o nego, não é algo a que esteja habituado. Mas deixei de me preocupar com isso, não sei bem porquê, confesso, mas soube rapidamente que não tinha de me preocupar com isso. O tempo mostrou que não estava enganado.

Espero que te tenhas apercebido finalmente disso. E da forma como te olho. Do caminho alternativo que percorremos, mas que nos leva, pelos vistos, a algo de bom.

quarta-feira, julho 14, 2004

Adoro estes títulos!

"A distribuição paleobiogeográfica cosmopolita dos nautilóides terciários do género Aturia bronn 1838: O efeito do transporte post-mortem por paleocorrentes oceânicas". Fantástico!

Devem ser influências do 14 de Julho...

French Guard
You are the French Guard.
Slightly off, living in an area you really don't
belong in, you lie and taunt those around you.
From all the cruel memories of your childhood,
you decide to take revenge on cute furry farm
animals. They make good cannonballs. Ppffftt!


What Monty Python Holy Grail Quest Character are You?
brought to you by Quizilla

Parabéns a você

nesta data querida.
Muitas felicidades,
Muitos anos de vida!
Hoje é dia de festa,
cantam as nossas almas.
Para a Revolução
muitos anos de vida!

Comemoram-se hoje 215 anos da tomada da Bastilha, 215 anos desde que os ideais fundamentais da Liberdade, Igualdade e Fraternidade foram proclamados em Paris. Quando é que se cumprirão?


Claude Cholat - La prise de la Bastille: le 14 Juillet 1789

I love...

...the smell of wet roman pottery in the morning!

Oliveirinha, explica-te!

Como é que, acedendo ao Raminhos, fui aqui parar?

terça-feira, julho 13, 2004

À margem

A vida nas margens de um rio é diferente. Não pelos bares da moda, ou pelos restaurantes que, regra geral, as várias localidades implantam. Não pelos parques, reflexos de uma qualidade de vida perdida, a cidade nas costas e a poluição no rio pela frente. Disfarce bem grande, esse dos parques, tanto serve para nos tentarem convencer que, de facto se preocupam connosco como para, momentaneamente, fingirmos que não estamos, de facto, imersos na civilização e no seu mar de betão.

A vida nas margens do rio é diferente, dizia, por nos permitir observar como ele próprio funciona organicamente, como se de um gigantesco ser vivo se tratasse. Como, a espaços regulares, o próprio rio se encarrega de nos mostrar como ainda tem uma palavra a dizer sobre a nossa vida, como, por mais tecnologia que tenhamos, há coisas que, pura e simplesmente, não domaremos nunca, de tão selvagens que são. E como, mesmo ao lado dos nossos testemunhos de domínio paisagístico, o lado incontrolado da Natureza teima em surgir e ocupar o seu espaço.

À margem do rio, sentimo-nos, apesar de imóveis, parte de um movimento contínuo de renovação que nos escapa, na maioria das suas nuances. Algures entre montante e jusante, olhamos para ele e perspectivamos a nossa própria pequenez.

Vá, partam lá a cabeça um bocadinho

"O regresso do filho pródigo"

Foi assim que João de Deus Pinheiro classificou o regresso do PP ao PPE, após ter sido expulso desta família política europeia em 1992, devido às suas posições anti-europeístas. Claro que é o regresso do filho pródigo! Então, de que outra forma é que o PSD podia recuperar os 2 euro-deputados que o PP lhe "roubou" nestas eleições?

O facto de o ingresso de um partido como o PP na mesma família política ser tão efusivamente saudado pelo PSD demonstra bem que o PSD há muito que esqueceu o seu nome. Há muito que deixou de ser "social-democrata". Há muito que o "social" foi atirado para as calendas gregas. Agora só falta a "democracia".

"I have a nightmare!"

Tive esta noite um pesadelo. Sim, um verdadeiro pesadelo. Se não fosse passível de se tornar realidade, seria até um sonho cómico. Ora vejam:

Cenário - Uma grande recepção com chefes de Estado europeus
Personagens - PSL, Rei Juan Carlos, Rainha Sofía e demais figuras do panorama europeu

(PSL chega-se a Juan Carlos com um sorrisinho malandro)
PSL: Pá, Juan Carlos, o teu filho é que orientou uma g'anda febra! Sim senhor, aquilo deve fazer umas verificações de nível do óleo qué obra!!!EHEHEHEHEH!!! Hã?!Hã?! (enquanto dá cotoveladas cúmplices no rei e a rainha Sofia mira isto tudo desconfiada).

Juan Carlos: Sofía, qué coño dice este camarero?!

Sofía: Pues, que no lo sé, cariño!

PSL: É isso mesmo! Coño, cariño... 'Tou a ver que tu também gostas do Canal 18, ó Juan! Eu sempre me pareceu, quando te via na Hola, que nós tínhamos muito em comum, pá!!!

(PSL olha em volta)

PSL: Iiiiihhh, Juan, Juan! Olha ali, pá! (mais cotoveladas) Olha aquela mula!

Juan Carlos: Pero qué dice el gilipollas, Sofía?! Habla de Carolina del Monaco!

PSL: Isso, isso! Bem me parecia que tu eras um bom compincha para estas coisas, pá! Conhece-las todas! Então, conta lá, já lhe deste a volta? Já lhe foste mostrar o prado que vocês têm lá em Espanha, lá junto ao museu?! Aquele, pá, que vocês até chamam de Museu do Prado, que é mesmo lá ao lado!

(Juan Carlos começa a tentar afastar-se discretamente, PSL segue-o, rindo e dizendo)

PSL: Boa, Juan, vamos mesmo por aí, que está ali a delegação sueca, pá! 'Bora lá tirar umas fotos para a Caras e, enquanto elas estão distraídas a sorrir para a foto, apalpamo-las todas! 'Bora lá, 'bora lá!!!

(Juan Carlos tenta fugir, mas é apanhado na foto com as suecas. Nunca ninguém saberá porque o rei de Espanha fez aquela cara de choque quando fotografado. Excepto ele e a mão equivocada de PSL...)


Adenda: Espanholês gentilmente corrigido por Truta Vermelha.

segunda-feira, julho 12, 2004

Soneto II

Amor, cuántos caminos hasta llegar a un beso,
qué soledad errante hasta tu compañía!
Siguen los trenes solos rodando con la lluvia.
En Taltal no amanece aún la primavera.
Pero tú y yo, amor mío, estamos juntos,
juntos desde la ropa a las raíces,
juntos de otoño, de agua, de caderas,
hasta ser sólo tú, sólo yo juntos.
Pensar que costó tantas piedras que lleva el río,
la desembocadura del agua de Boroa,
pensar que separados por trenes y naciones
tú y yo teníamos que simplemente amarnos,
con todos confundidos, con hombres y mujeres,
con la tierra que implanta y educa los claveles.

Pablo Neruda



Cumpre-se hoje o primeiro centenário do nascimento de Pablo Neruda.

Escolhas

Não, ele não vai mais dobrar
Pode até se acostumar
Ele vai viver sozinho
Desaprendeu a dividir
Foi escolher o mal-me-quer
Entre o amor de uma mulher
E as certezas do caminho
Ele não pôde se entregar
E agora vai ter de pagar com o coração, olha lá
Ele não é feliz
Sempre diz
Que é do tipo cara valente
Mas, veja só
A gente sabe

Esse humor é coisa de um rapaz
Que sem ter proteção
Foi se esconder atrás
Da cara de vilão
Então, não faz assim, rapaz
Não bota esse cartaz
A gente não cai, não

Ê! Ê!
Ele não é de nada
Oiá!!!
Essa cara amarrada
É só
Um jeito de viver na pior

Ê! Ê!
Ele não é de nada
Oiá!!!
Essa cara amarrada
É só
Um jeito de viver nesse mundo de mágoas
Ele não é de nada
Oiá!!!
Essa cara amarrada
É só
Um jeito de viver na pior

Marcelo Camelo - Cara valente (sim, de início estava aqui escrito Maria Rita. É no que dá o copy+paste directo, sem confirmação...)

Maridos ausentes, dá nisto...

Duas amigas resolveram ir a uma festa sozinhas, sem os maridos, lá para os lados de Belém.
Quando de madrugada regressavam a casa, com umas cervejas a mais no buxo, deu-lhes a vontade de fazerem necessidades, mas o único sítio que encontraram foi um cemitério. Decidiram entrar e fazer as suas necessidades.

A primeira não encontrou com que se limpar e decidiu tirar a tanga que trazia vestida. A segunda, como também não encontrou nada, agarrou a cinta de uma coroa de flores e utilizou-a para se limpar.

Na manhã seguinte os maridos encontram-se e conversam:
"Epá, parece que as nossas mulheres passaram a noite demasiado bem, vê lá que minha chegou a casa sem tanga".
O outro contesta de imediato:
"Tens tu muita sorte, a minha chegou com uma frase no cu que dizia: Os teus amigos da Ajuda jamais te esquecerão."

Já reparou que este belogue está mais brejeiro?

Devem estar a re(i)nar!!!

Fiz agora mesmo, pela primeira vez, o teste do Renas e Veados. O resultado:



Optimista, decidido, sim. De esperar, gosto pouco, não detesto. Capitalista?! Ó seus!... E ainda me hão-de dizer quem não gosta de boa vida... Adoro fotografia, mas a máquina não é, de todo, fantástica!

A Evolução e o Paleolítico é que me lixaram! Como é que eles souberam?!

domingo, julho 11, 2004

A boa estrela

"T'es rien,
Juste une poussière
Dans un système solaire
Une chose mystérieuse
C’est rien,
On est tous un peu flous
Pas sûrs de nous du tout
Dans la nébuleuse
Ce soir,
En regardant les étoiles
J’ai vu dans le ciel
Quelque chose qui brille, brille, brille

À la belle étoile
Quelques étoiles filantes
Et toi la bonne étoile
Autour de toutes ces figurantes

Visible,
À l’œil nu si on veut
Il fallait ouvrir les yeux
Sur ce point lumineux

J’étais à des années lumières
De penser qu’un jour
Je pourrais y croire
Ça m’sidère ce désir qui monte en moi

À la belle étoile
Quelques étoiles filantes
Et toi la bonne étoile
Autour de toutes ces figurantes

À la bonne étoile

J’étais à des années lumières
De penser qu’un jour
Je pourrais lui plaire
Ça m’sidère ce désir qui monte en moi

À la belle étoile
Quelques étoiles fuyantes
Et toi la bonne étoile
Autour de toutes ces figurantes
Et toi la bonne étoile"

M - La bonne étoile

Longe. Estarás assim tanto? Às vezes isso não é uma certeza absoluta para mim, pois a distância é um conceito variável, que depende grandemente do ponto de vista do observador. Como as estrelas, cuja presença nos parece tão evidente e constante, mas cuja luz observamos após anos e anos de viagem pelo Espaço. O facto é que algumas estrelas que observamos podem já ter cessado de existir há muito tempo. Mas para nós continuam ali, luminárias, pontos de luz constantes, com os quais sabemos que podemos contar.

Por vezes encontramos mesmo "boas estrelas", pontos de luz que nos guiam e nos ajudam a encontrar o caminho. Alguns acreditam que uma dessas estrelas terá surgido em Belém. Ironicamente, encontrei uma na outra margem.

Hoje olhei mais uma vez na tua direcção. Fico feliz por saber que estás aí.

Bingo!

bauhaus
You are the best kind of goth, a peaceful arty 80's
goth. Good job!


Gothic, or not?
brought to you by Quizilla

E até acertaram na banda e tudo!!!

Azuuul...

Encontrei o sítio ideal para o casório! Depois diz-me o que é que achas...

sábado, julho 10, 2004

Em alturas destas, há que desanuviar

Há momentos de puro deleite, de uma beleza muito particular. Muitas vezes, associados a experiências de desfrute da Arte. Arte é, provavelmente, dos conceitos mais debatidos e polémicos por todo o mundo. E os últimos tempos assistiram ao advento da Arte Digital, consubstanciada em grande parte através da Internet. É por isso que, por vezes, me perco na Internet e vejo coisas que considero quase como obras de arte.

É isso que acredito ter encontrado aqui, momentos de contemplação, que me maravilham pela simplicidade e perfeição técnica.

A História repete-se

A História tem destas coisas, por vezes repete-se.

Em 1580, Portugal perdia a sua independência perante Espanha. Passaríamos, não imediatamente no reinado de Filipe I, mas no do seu filho, Filipe II (até ao fim da dominação espanhola, com Filipe III), a ser fortemente subjugados, perdendo-se a política de respeito para com os nobres portugueses, ao nível de privilégios e cargos da Coroa. Em 1580, morria Camões, desiludido com o estado em que se encontrava a sua bem-amada Pátria. Mais tarde seria considerada esta coincidência como um presságio dos maus tempos que o país teria pela frente.



Hoje, inicia-se um novo ciclo do país. Jorge Sampaio, Presidente da República, permite que Pedro Santana Lopes, presidente do PSD, até este momento presidente da Câmara Municipal de Lisboa, conhecido bon-vivant, com um programa político desconhecido e situações polémicas em quase todos os cargos que ocupou, se torne Primeiro-Ministro, sem para isso se submeter ao escrutínio eleitoral. Não se sabe o que será o futuro de Portugal. Mas também hoje Maria de Lurdes Pintassilgo morreu. Deixa-nos como último legado a sua opinião sobre esta mesma crise política. Disse ela que "atravessamos a maior crise política desde o 25 de Abril".
Só nos resta saber que diria ela hoje se ainda vivesse e que filhos nos reserva Pedro Santana Lopes.



Parafraseando Pacheco Pereira, pobre país o nosso, que tem de sofrer sempre os seus momentos-chave dilacerado pela perda daqueles que tanto o amaram!

Desilusão

Depois da decisão de ontem, só uma coisa me pareceu natural que fizesse, enquanto cidadão anónimo. É por isso que acabo de enviar, via e-mail, esta carta ao Presidente da República:

"Exmo. Sr. Presidente da República:

É numa hora de pesar que lhe escrevo. Faço-o pela primeira vez, para manifestar a minha discordância relativamente à decisão que ontem comunicou ao país.

O conceito de Democracia foi algo com que cresci. Não conheci a vida em Portugal sob o efeito de uma ditadura tenebrosa. Felizmente, posso dizer que sou parte da juventude de um país cuja existência não foi, em momento algum, ensombrada pela existência de fantasmas ditatoriais, de sistemas de perseguição, censura e asfixia da liberdade de expressão. Felizmente, posso dizer-me um dos filhos mais novos das conquistas de Abril. De entre elas, a mais importante foi, claramente, o direito a eleições livres, o direito ao voto que tem consequências directas na vida dos cidadãos. O direito, senhor Presidente, a que a voz de cada português seja ouvida e tomada em consideração na formação dos orgãos de soberania política portugueses. Digo-lhe, desde já, que, numa época em que se assiste a um afastamento da sociedade portuguesa da sua realidade política e, sobretudo, do voto, seja em eleições, seja em referendos, eu, desde que tal me é permitido legalmente, sempre cumpri o meu dever de voto. Conscientemente, confiante na importância do meu acto, como garante da própria Democracia.
A primeira vez que o Dr. Jorge Sampaio concorreu a eleições para a Presidência da República, eu era ainda menor, não podendo, consequentemente, expressar a minha opinião. No entanto, em 2001, quando se recandidatou, votei. Votei em si, Dr. Jorge Sampaio. Votei em si porque me pareceu ser a melhor escolha, das que se apresentavam às referidas eleições. Porque me pareceu o senhor a pessoa indicada para ser o garante daquilo que é preconizado no artigo 9º da Constituição da República Portuguesa, das Tarefas Fundamentais do Estado: “Defender a democracia política, assegurar e incentivar a participação democrática dos cidadãos na resolução dos problemas nacionais”.

Neste momento, arrependo-me da escolha que fiz, Dr. Jorge Sampaio. A sua decisão, num momento tão delicado, demonstrou que também o senhor, afinal, acha que os cidadãos portugueses não conseguem decidir por si mesmos. Numa situação que é, ela sim, um “pântano político”, com a demissão de um Primeiro-Ministro de um governo cuja coligação nunca foi sujeita a eleições e que, na primeira vez que o faz obtém uma votação absolutamente desastrosa, demonstrando a posição do povo português relativamente a essa mesma coligação; numa situação em que, contra a própria lógica das eleições legislativas, a campanha do partido mais votado se centra não no próprio partido, mas sim no seu cabeça de lista, então futuro Primeiro-Ministro de Portugal, Dr. José Manuel Durão Barroso; numa situação, dizia eu, com todas estas condicionantes, a demissão do Primeiro-Ministro representa, creio, o fim de uma linha política, de uma determinada orientação do Governo. Sobretudo quando se sabe que a personalidade que será, depois da sua decisão anunciada ontem, Primeiro-Ministro de Portugal, corresponde a uma linha ideológica e a uma lógica de actuação particularmente divergentes daquelas que vinham sendo, até agora, defendidas pelo Governo de coligação.
Assim sendo, seria para mim evidente (e, como creio o senhor ter-se-á apercebido pelos sinais que lhe foram chegando da própria sociedade civil) que a clarificação daquela que é actualmente a real vontade de todos os portugueses passaria, necessariamente, pela dissolução da Assembleia da República e convocação de eleições legislativas antecipadas. Seria a decisão lógica e desejável, devolver ao povo português o poder de decisão conquistado em Abril e permitir a todos nós, cidadãos cumpridores dos nossos deveres e cientes dos nossos direitos, o expressar do nosso julgamento sobre a matéria, que é do máximo interesse nacional, a decisão sobre quem nos governará nestes tempos particularmente importantes.
Reporto-me novamente à Constituição, no seu artigo 10º, do Sufrágio Universal e Partidos Políticos, para recordar o ponto B: “Os partidos políticos concorrem para a organização e para a expressão da vontade popular, no respeito pelos princípios da independência nacional, da unidade do Estado e da democracia política.” No meu entender, este ponto não foi respeitado neste processo. Não foi procurada, pelos partidos políticos, mas também pela Presidência da República, a expressão da vontade popular e muito menos no respeito da democracia política.

O senhor sempre me pareceu um garante de justiça, de equilíbrio, de ponderação. Lamento ter de o dizer, mas esta decisão mostrou-me que o fiel da balança que eu pensava que o senhor era, afinal, não existe. Infelizmente, senhor Dr. Jorge Sampaio, sinto que dificilmente voltarei a votar em eleições presidenciais, pela desilusão que o senhor me incutiu ontem à noite. Infelizmente, a Presidência da República informou-me ontem, via televisão, que não confia em mim e em todos os restantes cidadãos portugueses para juntos escolhermos a melhor opção para nos governar a TODOS. Infelizmente, senhor Dr., os seus dois mandatos como Presidente da República Portuguesa ficarão para sempre manchados por uma decisão que é um desrespeito completo pela Democracia que o senhor mesmo tanto lutou para instituir. Prestou ontem um péssimo serviço à Democracia Portuguesa, Dr. Jorge Sampaio. Dificilmente eu e muitos outros portugueses lhe perdoaremos algum dia esta decisão.

Grato pela atenção dispensada a esta minha opinião, com os mais respeitosos cumprimentos,


Tiago _____________, cidadão português."


Aconselho quem se sentir tão desiludido quanto eu a fazer o mesmo. Gostava de poder olhar nos olhos o dr. Jorge Sampaio e dizer-lhe o quanto estou desiludido com ele e como nunca mais terá a minha confiança. Como nunca o perdoarei pelo desrespeito que teve para com a Democracia. Espero que o Dr. Jorge Sampaio sinta o resto da vida o erro que cometeu com esta decisão, o atestado de inépcia que passou a todos nós.


sexta-feira, julho 09, 2004

E-mails do meu país

"Carta aberta ao Presidente da República

Incelencia

Andando Bossa Incelência numa canseira a óscultar personages para escolher um 1º menistro, que não seja um pulha - o que é deficel nos tempos que correm - é com grande alegria minha que benho dezer-lhe que tenho uma solussão que dará grande satisfaçom a todos:

Pois bem, ponha lá o Secolari e seremos os maiores!

Olhe com ele descubrimos que temos muito órgulho em sermos portugueses - dantes a malta inté baixava a boz e olháva à bolta a ver se ninguém óbia e ólhe que isto tanto era aí como na estranja!
A malta já sabe qual é a nossa bandeira, e dá jeito porque a malta põe-a nos prédios e tápa-se as rachas das paredes e a tinta já a precisar de uma demão, ó então a malta embrulha-se nela e escusa de mudar de roupa, nem se bêem as nódoas nem nada
O hómem pos-nos todos a cantar, a gente que inté erámos pró triste, já sabemos o hino de cór,
A malta agora é muito unida e já não anda a pôr ao léu as misérias uns dos outros,
O hómem consegue pôr 11 homens a trabalhar e a correr o que é óbra, olhe que não me lembro de nenhum 1º menistro conseguir isso com os menistros.


A gente não se importa dele ser brasileiro, porque a malta até o percebe, e antes brasileiro do que f. d. p. como esses que andam aí.

Bossa Incelência escusa de me agradecer e dezer que a ideia foi minha, o que eu quero é o bem pró país. Já agora, dê aí um bacalhau ao Zé Manel, e diga-lhe que a malta o cumprende, a malta também tebe de emigrar, prá arranjar uma bidinha melhor, isto cada um sabe de si.

Zé Portuga"

(Recordemos que o PR está reunido com o Conselho de Estado. Ai, Jorge, não te portes bem, não...)

O gosto de se chamar Tiago

Gosto do meu nome. Tive a pontaria de nascer numa altura em que os Tiagos estavam na moda, o que é, convenhamos, uma grande chatice! Sim, eu sou mais um daqueles Tiagos. Sim, eu sei que há centenas, milhares de Tiagos, a partir da minha idade para baixo. Mas tenho de viver com isso. Como gosto do meu nome, é mais fácil conviver com o facto de, sempre que ouço alguém gritar "Tiago!" na rua, voltar a cabeça para, quase invariavelmente, não ser eu o visado.

Mas, afinal, porque é que gosto assim tanto de me chamar Tiago? Bom, na realidade, o que eu gosto mesmo no meu nome é o facto de ser um nome bem português, sem tradução directa ossível para outra língua (que eu conheça, pelo menos). Mas há quem tente. Em inglês, alguma alminha teve a peregrina ideia de associar Tiago ao nome próprio James. Infelizmente, num afã simplificador, fez o mesmo aos nomes Jaime e Diogo (esta aposto que não sabias, oh Katraponga!) Assim sendo, é-me um pouco difícil dizer a um inglês que o meu nome corresponde a James. E mais difícil será a um inglês chamado James dizer que em Portugal se chamaria Tiago.
Então e Santiago de Compostela, dirão alguns dos que me leêm? Bom, como Tiago que já conheceu muito espanhol, posso dizer-vos desde já que com todos a conversa foi igual:
"Como te llamas?
Tiago.
Santiago?
Não, só Tiago.
Y eso que es, como nombre?!
É um nome derivado de Santiago, um nome português. Afinal, mesmo em espanhol, António é só António, não é San António!"
Daqui se depreende que Tiago não tem correspondente directo em Espanha.
Já os catalães se esforçaram também por encontrar um correspondente. A técninca que normalmente é utilizada, por gente de todo o mundo, é procurar a forma como se diz, na sua língua, Santiago de Compostela, utilizando isso como tradução para o meu nome. Os catalães, como dizia, também fizeram esse esforço. Ora, sendo Santiago, em catalão, Sant Jaume, poder-se-ia dizer que Jaume é o correspondente catalão de Tiago. Mas a mim sempre me pareceu mais próximo de Jaime, novamente. Ainda assim, foi a tradução que mais me agradou, tendo eu adoptado, em ocasiões de convívio com catalães, Jaume como segundo nome. Por ser, como Tiago o é para o português, um nome característico de uma região, sendo por isso único.
Já os franceses obtêm os resultados mais estranhos! É que, partindo de Saint Jacques de Compostele, dificilmente se chega a Tiago! Msmo que Jacques seja o nome do meu melhor amigo francês, não é nome que eu sinta que pudesse adoptar.
O facto é que Tiago é só nosso! Não é só meu, mas é português, apenas português! E dá-me um gozo enorme, por ser uma afirmação tão grande de onde venho e, também, daquilo que sou.

(Lembro-me do dia em que um movimento evangelista me "caçou" à entrada da escola, teria eu uns 15 anos. É no que dá ir distraído pela manhã. Perante o meu nome completo, a exclamação de um deles foi "Consegue juntar quatro figuras bíblicas no seu nome! Os seus pais devem ser muito religiosos!". Nunca me vou esquecer do ar que ele fez quando eu lhe respondi que o meu pai não gramava padres nem por nada...Eheheh!)

quinta-feira, julho 08, 2004

:'(

Love me, love me, love me, say you do
Let me fly away with you
For my love is like the wind, and wild is the wind

Wild is the wind
Give me more than one caress, satisfy this hungriness
Let the wind blow through your heart
For wild is the wind, wild is the wind

You touch me, I hear the sound of mandolins
You kiss me
With your kiss my life begins
You're spring to me, all things to me
Don't you know, you're life itself!

Like the leaf clings to the tree,
Oh, my darling, cling to me
For we're like creatures of the wind, and wild is the wind
Wild is the wind

Like the leaf clings to the tree,
Oh, my darling, cling to me
For we're like creatures in the wind, and wild is the wind

Wild is the wind

David Bowie - Wild is the Wind

Tiago, és uma puta!

Desta é que é! Vou-me deixar de testes! Que desaforo!!!

Prostitute Goddess
You are Pan Jin Lian!
The Chinese goddess of fornication and
prostitution. According to myth, she was a
young widow caught making love by her
brother-in-law. He killed her lover. The widow
became the patroness of prostitutes, who
frequently make obeisance to her as they enter
their places of business.


Which Chinese Mythological Being Are You?
brought to you by Quizilla

("Roubado" aqui.)

AHAHAHAHAHAHAHAAAAAAAHHHH!!!

Depois do Alberto João Jardim, era só o que faltava!



Passo a citar: "É uma pessoa com imensa força e eu detesto coisinhas moles."

Fantástico!

Buuuuurp!

Desculpem, mas tenho de ir ali tratar de umas migas à ribatejana com bacalhau assado... Oh, que chatice...

Santo padroeiro

O BdE apresenta hoje uma proposta de santo padroeiro da blogosfera, que eu subscrevo inteiramente. Afinal, a maioria dos bloggers (e eu sou um deles) que conheço são mesmo assim...

M III

Sempre me pareceste alguém que sabia aquilo que queria, isso nunca foi algo que pusesse em causa. E isso agrada-me em ti, como tão bem sabes. Sempre respeitaste a minha individualidade, sempre aceitaste aquilo que sou, com todos os defeitos. Mas nem sempre respeitaste a minha vida, aquilo que quero fazer, do modo que quero fazer. E não te quero assim, não te posso querer assim. Porque não te faço o mesmo, não te aprisiono, não te imponho limites, quero que sejas quem és. Sei das dificuldades inerentes a esta minha opção e assumo-as. Nunca tive medo das dificuldades. Sei onde estão os meus limites e quando são ultrapassados e, consequentemente, eu próprio sou ultrapassado pelas circunstâncias, aceito as consequências dessa situação. Que nem sempre são felizes. Mas aceito-as, quando já não há espaço para lutar contra elas.

Há uma solução, obviamente. Mas não estou disposto a tomá-la. Tu não me podes querer em absoluto como sou nem eu a ti. Foi por isso que cada um seguiu o seu caminho. Não quer dizer que não estejas comigo, apenas de outra forma.

Nós não nos encontrámos. Fui eu quem chegou cedo demais. Um dia encontrar-me-ei com alguém, na hora certa. Quanto a ti, ser-te-á mais fácil, és mais paciente. Menos racional. Mais verdadeira.

E nem sempre percebias quando eu era só eu, quando não era parte de nós. Nem sempre tinhas a atitude que eu precisava que tivesses. Exigias atenção em momentos errados. E não ma deste em certos momentos, precisamente quando precisava. É sempre assim...

Desculpa se não sou tão lógico ou coerente como gostaria. Mas nem sempre aquilo que queremos ou de que gostamos tem as características que nos fariam melhor. Por vezes, até é exactamente o contrário. Nessa dúvida, ganha a necessidade ou a vontade?


quarta-feira, julho 07, 2004

Beijaço público

Amanhã, 5ª feira, às 18 horas, no Parque Eduardo VII, terá lugar um "beijaço" de protesto. Os motivos e demais informações aqui e aqui.



(Percebes agora porque te chamei copiona, Laranja?)

Loirices

Não resisto a reproduzir a piada que me contaram ontem à noite (obrigado, Quim!):

Certo dia, caiu um pinguim no quintal de uma loira. Surpreendida com tal facto, a loira perguntou à vizinha o que fazer com o pinguim.

-Olhe, leve-o ao Jardim Zoológico!, respondeu-lhe a vizinha.

No dia seguinte, ao ver a loira sair de casa com o pinguim numa trela, a vizinha perguntou à loira se não tinha levado o pinguim ao Jardim Zoológico, como lhe tinha aconselhado.

- Levei sim - respondeu a loira - e gostou muito! Hoje vou levá-lo à Feira Popular!

Viva a memória!

O Barnabé, sempre atento, habilmente desmonta mais um argumento destes rapazinhos às direitas que por aí andam a dzer que nas eleições legislativas de há dois anos os portugueses votaram num partido, não na figura de Durão Barroso.

Felizmente há memória! Aqui e aqui.

M II

És cruel. Pensava que estava livre, que era dono do meu destino. Mas tu tinhas que voltar, não tinhas? E logo hoje. E logo daquela forma. Logo quando tinha acabado de falar de ti. E de forma tão gentil, que não podia ser real. Mas era. E mais uma vez a tua ternura me surpreendeu, pela forma não polida como me falaste, mas interessada, amiga, verdadeira. Como é que consegues? Como é que recuperas sempre e me mostras uma e outra vez que és um ser humano melhor que eu? Que consegues ultrapassar muito mais coisas, sempre com essa tua inocência tornada brilhantismo?

Por mais de uma hora, mostraste-me novamente porque és quem és para mim. E talvez porque não me liberto totalmente. Porque me é, ainda hoje, tão fácil abrir contigo. E como no fim me consegues deixar sempre um sorriso.

Não me faças o que fizeste. O reencontro futuro não pode ser uma opção, não agora. Ainda seria arriscado. Dá-me tempo, para que possa lidar contigo sem desvios, fraquezas, possíveis erros. Para podermos ser amigos. Prefiro isso à ilusão.

E só uma coisa, como soubeste que era

Dos gardenias para ti
Con ellas quiero decir:
Te quiero, te adoro, mi vida
Ponles toda tu atención
Porque son tu corazón y el mio

Dos gardenias para ti
Que tendrán todo el calor de un beso
Desos besos que te dí
Y que jamás encontrarás
En el calor de otro querer

A tu lado vivirán y se hablarán
Como cuando estás conmigo
Y hasta creerás que se dirán:
Te quiero.
Pero si un atardecer
Las gardenias de mi amor se mueren
Es porque hán adivinado
Que tu amor me ha traicionado
Porque existe otro querer.

esta?

terça-feira, julho 06, 2004

Geografia absurda - o Panamá

Mas que raio de país tem nome de chapéu?

Que mania a destes gajos!

"Já viu o que era as pessoas levarem com outra campanha eleitoral em cima, com a minha cara e a do dr. Ferro Rodrigues em cartazes na rua, quando há uma maioria?"

Eu sei que são duas garatujas nada bonitas de se ver logo pela manhã, num outdoor enorme. Mas já farta, esta mania que a direita portuguesa ganhou agora de salientar as características físicas dos candidatos! Vê lá se percebes de uma vez por todas:

ANTECIPADAS JÁ!

Ao menos...

M

M sempre me atraíu. Zig-zag contínuo, representação gráfica de uma estratégia da ruptura. M tornou-se uma constante da minha vida, após o ácido clorídrico. Mas um dia M. ganhou outro significado, veio pôr fim a anos de comiseração resignada. A pequena satisfação comezinha acabava, para dar lugar à reabilitação da alma.

O acaso (ou sucessão deles) que pôs M. na minha vida é de tão elevada improbabilidade que me tornou mais predisposto a aceitar aquilo que me vem surgindo sem questionar demasiado, apenas vivendo as coisas como elas são. Ainda hoje me vou tentando habituar a esta ideia, é como aprender algo novo, requer prática.

Com M. não foram precisas as outras letras, nem o milagre resultante da sua junção numa determinada formatação. O olhar ainda é a melhor forma de comunicação. E quando M. me olha, estremeço. M's e W's entrelaçam-se harmoniosamente, como puzzles dinâmicos.

M. faz de mim uma melhor pessoa, um ser humano mais apto a lidar com o mundo. Realça-me virtudes desconhecidas e aligeira-me defeitos. Liberta-me para ser mais atento ao que me rodeia, para não ter medo dos meus sentimentos. M. mostra-me que também eu sou capaz de mostrar aos outros o que sinto por eles, sem medo de mostrar aquilo que sou.

As discussões variadas sempre me deram gozo e quanto mais animadas, melhor. É no calor da discussão que se descobre muita coisa. Também é aí que mais facilmente nascem os mal-entendidos. Com os quais eu e M. lidávamos imediatamente, em esclarecimentos que, pelo tom de voz em que eram proferidos, denunciavam rapidamente a natureza da nossa relação.

Com M., o despertar era uma experiência diferente a cada novo dia, como se cada dia fosse um novo começo, uma nova alvorada dos tempos que ali estava para me saudar, sempre com um sorriso, sempre com uma mão que me acariciava a face, num despertar que era sempre lânguido, cálido na sua ternura. Dava-me alento para sair, encarar o mundo de braços abertos.

Há em M. uma sede de novas experiências que me cativa e completa. Podemos não nos entender sempre, mas basta um olhar para tudo se tornar claro. Todos os assuntos são possíveis, não há limites.

Apenas aqueles que o mundo, tirano, nos impôs, implacável nos seus desígnios, sem contemplações perante os desejos individuais.

Chamada de atenção

A coluna Iconoclastas recebeu uma nova adição. Trata-se de Ana Y Mia, um site espanhol dedicado aos distúrbios alimentares, sobretudo a anorexia e a bulimia. Para além dos conteúdos (que são, obviamente, o mais importante), o grafismo do site é algo de fabuloso.
Obrigado, Vermelha!

segunda-feira, julho 05, 2004

Tomem nota



How to make a Tiago
Ingredients:

1 part intelligence

1 part humour

1 part energy
Method:
Add to a cocktail shaker and mix vigorously. Add lustfulness to taste! Do not overindulge!

Não gosto de gregos...

...deram cabo do nu integral trutesco!

Também tu, Brutus?!



Isso, abandonem-nos todos de uma vez...

domingo, julho 04, 2004

Há razões para estar feliz



Porque Portugal mostrou mais uma vez uma extraordinária capacidade empreendedora. Porque Portugal organizou o melhor Euro de sempre. Porque a Selecção chegou onde nunca tinha chegado.

Querida Sophia

Este foi um fim-de-semana cheio de motivos para escrever. Mas há coisas que têm tal importância que ocupam todo o espaço, que devem ocupar o seu lugar de honra. É por isso que, nesta hora de regresso a casa, com muito que ler e recuperar, o meu primeiro pensamento vai para ti, Sophia, que nos deixaste um pouco mais orfãos, nesta pátria da poesia.

I

Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não.

Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Poque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.

II

Que nenhuma estrela queime o teu perfil
Que nenhum deus se lembre do teu nome
Que nem o vento passe onde tu passas.

Para ti criarei um dia puro
Livre como o vento e repetido
Como o florir das ondas ordenadas.

Sophia de Mello Breyner Andresen - Porque


Sophia de Mello Breyner Andresen por Arpad Szenes

sexta-feira, julho 02, 2004

Distração para o fim de semana

Para não dizerem que não penso nos vossos momentos de lazer, cá vai uma distraçãozinha para o vosso fim-de-semana! Algo que vos faça pensar no outro lado do futebol, o da festa dos adeptos! Quem é amigo, quem é?

Já não é demais pedir a taça

"Está tudo pronto? Dá-lhe gás!

Três, dois, um, vai arrancar
uma espécie de hino em versão popular
sem essas coisas de mão no peito e ar pesado
Em 2004 o campeonato vai mudar o nosso fado
do coitado, do conformado, do comido
Porque é que o país se queixa do que podia ter sido?
Mas nunca é. E a culpa nunca é nossa
é do árbitro, é do campo, é de quem nos deu uma coça.
Chega. Queremos mais, é um murro na mesa.
Um grito do Ipiranga em versão pPrtuguesa.
Porque até hoje, quase marcámos, quase ganhámos, quase fizemos...
Mas porquê quase? ...Passemos à próxima fase.


Marca mais!
Corre mais!
Menos ais, menos ais, menos ais!
Quero muito mais!

O conceito é muito simples: não desistir.
Mas será que é chato aquilo que acabamos de pedir ?
É chato agora, acreditem no que digo:
nós jogamos em casa e contamos com o Figo,
o Rui Costa, c'o Deco, o Simão e o Pauleta.
Razões para querermos muito mais que um lugar que não comprometa.
Será de mais pedir a taça ?
Nada que um adepto com o mínimo de orgulho não faça.
Bonito, bonito, é dar o litro,
É não pôr as culpas no gajo do apito.
Vá lá gritar noventa minutos, cento e vinte, o que for
do princípio ao fim, por favor.
Vamos lá people, afinem-me essa voz
No fim, só ganha um... e temos que ser nós.

Marca mais!
Corre mais!
Menos ais, menos ais, menos ais!
Quero muito mais!

Joga mais!
Sua mais!
Menos ais, menos ais, menos ais!
Quero muito mais!

Nem custa tanto assim imaginar a vitória
no fundo, é só uma soma de momentos de glória.
Era bonito... Um abraço aqui, um abraço ali...
Abraço toda a gente, abraço quem nunca vi.
Vamos lá transformar isto numa grande festa
Sem pressão, Selecção, és a esperança que nos resta
Por isso, escuta: não te esqueças que a sorte protege os filhos da luta.
Não levem a mal a exigência
Mas p'a empates e derrotas já não há grande paciência.
Queremos mais, muito mais, menos ais
Scolari, já vimos do que cê é capais.
Cê sabe que para ganhar é preciso ter fé.
E a bola no pé, yo!

...querem mais?

Então vamos lá outra vez
Quem não salta agora aqui, não é português
Sempre com o desejo de cantar na final
"levantai hoje de novo o esplendor de Portugal".
Tudo a postos,
vamos ter fé uma vez na vida
e acabar o europeu de cabeça e de taça erguida.
Se temos saudade, se temos vontade, temos saúde, temos atitude
Se temos tudo, de que é que o português se queixa ?
...Era esta a vossa deixa.

Marca mais!
Corre mais!
Menos ais, menos ais, menos ais!
Quero muito mais!

Joga mais!
Sua mais!
Menos ais, menos ais, menos ai!
Quero muito mais!"

Quero lá saber se o Figo fica piroso a fazer a barba e a cantarolar! Quero lá saber da Nelly Furtado e o seu hino incompreensível (mas aquilo tem alguma parte em português?!)! Este sempre foi, para mim, o hino mais bem conseguido deste Europeu!
E como não vou postar durante o fim-de-semana, fica já aqui o meu desejo de vitória da Selecção, no Domingo!
Ando chateado com os Da Weasel desde os anúncios do McDonald's. Mas vá...

"Roubado" à Diana





Você é "O Fabuloso Destino de Amelie Poulain" de Jean Pierre Jeunet. Você é engraçado(a), original. Uma pessoa leve e maravilhosa de se conviver.

Faça você também Que
bom filme é você?
Uma criação de O
Mundo Insano da Abyssinia


Caminho alternativo

O caminho mais curto nem sempre é o melhor e que bom que é poder variar, como eu posso, no meu regresso diário a casa.



Sigo lentamente pela estrada que serpenteia por entre os campos de milho,



nesta paisagem onde a água faz constantes milagres de fertilização,



numa lógica niilota. São terras de aluvião, inundadas todos os anos pelo Tejo, que transporta nos seus depósitos os fertilizantes que fazem destas as terras mais férteis do país.

Entrecortando os campos de milho, algumas oliveiras relembram-me que o Mediterrâneo está sempre à espreita, mais que não seja na alma de cada um de nós.



Um caminho onde vestígios de uma (então) saudável economia rural, entretanto esquecida,



coabitam com outras expressões da Natureza.



Um caminho onde tudo ainda é enquadrado pelo verde.



E onde sou obrigado, por vezes, a abandonar este mundo e entrar noutros, miríficos, encantadores na sua paz e beleza intrínsecas.



Testemunhos de monges-guerreiros, de saberes alquímicos, ponto de partida para a imaginação de imensos e secretos rituais.



Os melhores caminhos são, normalmente, os alternativos, aqueles que nos afastam das rotas seguidas no dia-a-dia. Mesmo que mais longos.

quinta-feira, julho 01, 2004

Os incompreendidos

Alguém avise o INE...

...que afinal somos 11 milhões de portugueses.

Ena, há tanto tempo que não ouvia isto!

Reach out and touch faith

Your own personal Jesus
Someone to hear your prayers
Someone who cares
Your own personal Jesus
Someone to hear your prayers
Someone who's there

Feeling unknown
And you're all alone
Flesh and bone
By the telephone
Lift up the receiver
I'll make you a believer

Take second best
Put me to the test
Things on your chest
You need to confess
I will deliver
You know I'm a forgiver

Reach out and touch faith
Reach out and touch faith

Your own personal Jesus
Someone to hear your prayers
Someone who cares
Your own personal Jesus
Someone to hear your prayers
Someone who's there

Feeling unknown
And you're all alone
Flesh and bone
By the telephone
Lift up the receiver
I'll make you a believer
I will deliver
You know I'm a forgiver

Reach out and touch faith

Your own personal Jesus

Reach out and touch faith

Depeche Mode - Personal Jesus

Brasil é que é!

No Brasil, enquanto as matrafonas portuguesas abanam a celulite na Mealhada, milhares de mulherões nus sambam para delírio da multidão presente in loco ou através da TV. No Brasil, qualquer grupo de baile com nomes que inclua no nome formas verbais dos verbos Sambar, Cantar ou Contrariar, vendem muito mais discos que uma banda portuguesa, por mais que se esforce. No Brasil, parecem ter um problema qualquer com as últimas letras das palavras, de tal modo que uma pergunta tão simples como Vamos dançar?, por artes mágicas, se transforma em Vamo Dançá?. No Brasil, enquanto o Ministro da Cultura português medita longamente no seu escritório, evitando assim fazer muito barulho, o Gilberto Gil põe o Kofi Annan a tocar djambé.

No Brasil, quando há escândalos políticos, é mesmo a sério, ora vejam:



Esta menina, Fabíola de sua graça, descontente com a sua vida entediante como secretária do Ministério da Agricultura brasileiro, decidiu um dia divertir-se nos escritórios do seu local de trabalho, como tão bem ilustra a fotografia acima. Digam lá se isto não são escândalos muito mais à maneira do que um seboso a querer ser Primeiro-Ministro?

"Ai queriam política misturada com futebol? Ora tomem lá:"